Mais fibra na dieta pode significar mais gordura no leite em determinadas condições. O caroço de algodão em excesso também pode modificar o sabor do leite. Mas é só isso?
Já sabemos que a nutrição é um dos principais pilares que determinam o sucesso no desempenho das vacas leiteiras e que além de ser um elemento fundamental nos custos de produção do leite e derivados, é o principal elemento que mexe no bolso do produtor. Nesse contexto, será que a dieta fornecida pode conter alimentos que vão influenciar nas características sensoriais e nutricionais do leite e seus derivados? Já parou para pensar sobre isso?
Pois bem, a dieta oferecida para vacas leiteiras, podem sim, conter alimentos que vão influenciar diretamente nas características nutricionais como perfil de ácidos graxos e teor de gordura, bem como as sensoriais como a cor, sabor, odor, aroma e textura. Embora a composição do leite seja difícil de ser alterada através da dieta, existem compostos que quando utilizados na dieta podem causar impactos nas características do leite.
Ingredientes que influenciam e você nem imaginava
- Pasto - capim
O leite de vacas alimentadas principalmente com pasto tende a ter um perfil sensorial distinto. Muitas vezes tem um aroma de ervas, um sabor ligeiramente doce e amanteigado. Ainda, o leite pode apresentar uma cor amarelada devido à presença de carotenóides das gramíneas. A composição de ácidos graxos do leite quando a vaca é alimentada com capim pode contribuir para uma textura mais cremosa.
- Silagem de milho
As dietas fermentadas que incluem por exemplo a silagem de milho, por passar pelo processo de fermentação, vão afetar o paladar, principalmente a textura do leite, levando a uma consistência mais suave.
Vacas alimentadas com dieta rica em milho ou grãos produzem um leite com atributos sensoriais únicos. O leite apresenta um sabor mais suave, um aroma mais neutro e um teor de gordura que é ligeiramente menor em comparação com ao leite de vacas que se alimentam de capim e isso acaba afetando potencialmente a cremosidade do leite.
- Alguns tipos de forrageiras
Pesquisas sobre diferentes tipos de forrageiras também foram conduzidas, alguns com ausência de alterações nas características do leite como o uso de palma forrageira (Opuntia fícus-indica) gigante e a colza (Brassica napus) forrageira. Outros determinaram alterações (elevação) no teor de ácidos graxos pelo uso do nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) e a acentuação de características sensoriais da manteiga produzida do leite de vacas alimentadas com azevém perene (Lolium perenne L.).
- Casca de banana e spirulina
Em substituição parcial de farelo ou silagem, a influência da casca de banana e a spirulina - bactérias conhecidas como alga azul, foi recentemente avaliada na alimentação das vacas leiteiras. Como resultado, não observou-se alterações na composição do leite. Paralelamente, a adição de plantas do gênero Cynodon também não levaram a alterações nas características do leite de vacas mantidas a pasto.
- Cana-de-açúcar, silagem de sorgo, silagem de girassol e pastagem de Panicum maximum cv. Tanzânia
Na elaboração de queijos minas frescal produzidos com o leite de vacas mestiças alimentadas com dietas contendo quatro volumosos: cana-de-açúcar, silagem de sorgo, silagem de girassol e pastagem de Panicum maximum cv. Tanzânia, uma outra pesquisa identificou que o rendimento do queijo foi idêntico para todas as dietas, entretanto, o teor de gordura foi maior no queijo produzido a partir das dietas à base de silagem de girassol e cana-de-açúcar.
- Alho
Interessantemente, uma pesquisa avaliou o uso suplementar de alho (Allium sativum L.) que recentemente foi proposto como modulador da atividade ruminal para diminuir as emissões entéricas de metano produzidas pelas vacas. Com o estudo, foi possível notar que a adição de 400g de dente de alho não modifica as propriedades da fabricação do queijo, no entanto afeta a cor, textura e o sabor do queijo maturado.
Notou-se ainda, o aumento do gosto salgado do leite, a acidez do queijo e a intensidade do sabor do leite e do queijo, concluindo que a adição de alho à ração de vacas leiteiras em lactação influencia fortemente as características sensoriais e reológicas (principalmente a viscosidade) do queijo maturado.
- Óleo de oliva
Alguns estudos também investigaram a adição de resíduos de óleo de oliva não refinado na dieta de vacas leiteiras e observaram melhorias no perfil de ácidos graxos do leite e também de queijos, inclusive, reduzindo olhaduras, no entanto, também foram percebidas alterações adversas no odor geral e na acidez.
Em comparação, os resíduos do óleo vegetal hidrogenado aumentaram o amargor do leite da vaca, o odor e a acidez dos queijos. Um estudo semelhante conduzido na Grécia, observou que a inclusão de torta de azeitonas - oliva ensilada nas dietas de vacas, por um período de quatro semanas, aprimorou de maneira benéfica a saúde humana - reduzindo o teor de ácidos graxos saturados.
Diante de tantas pesquisas e opções, é preciso entender as estreitas relações entre a base do sistema produtivo leiteiro, as repercussões de alterações estratégicas na nutrição das vacas, sobre os constituintes naturais do leite e principalmente, quais os impactos nos parâmetros de qualidade dos produtos lácteos.
Bom, agora que você já entendeu melhor sobre o assunto, que tal fazer uma cruzadinha para fixar os conhecimentos? Vamos lá?
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