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Palma forrageira na dieta: mistura completa ou ingredientes separados?

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/08/2020

6 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 02/09/2022

Marcelo de Andrade Ferreira – Prof. Titular/UFRPE
Carolina Corrêa de Figueiredo Monteiro – Profa. Assistente/UNEAL; PNPD/UFRPE
Luciano Patto Novaes – Prof. Visitante Sênior/UFRN
Diego Amorim dos Santos – PPGZ/UFRPE
Djalma Cordeiro dos Santos – IPA
Júlio César Vieira de Oliveira – IPA

A palma forrageira é um ícone para as regiões semiáridas por possuir aspectos interessantes quanto ao seu uso na alimentação animal. Cultivada em parceria com a produção de alguma cultura, a palma possui custos baixos custos e valor considerável em épocas de longas estiagens. Hoje, tem-se o conhecimento de que a palma forrageira é uma cultura de rendimento imbatível, que se adapta em condições de sequeiro na região semiárida do nordeste brasileiro.

Soma-se também aos benefícios a qualidade nutricional em valor de energia. No entanto, é uma cultura de elevado custo quanto a formação e exigência em mão de obra no manejo e colheita, como também, na disponibilização no cocho para os animais. Em função destas características, é usada em associação com outros alimentos forrageiros. Associada à ureia/sulfato de amônia, torna-se um ingrediente de importância alimentar para rebanhos, capaz de proporcionar incremento na produtividade de leite e, principalmente, reduzir a quantidade diária de concentrado em dietas de vacas de leite e com isto, reduzir o custo na produção.

A bacia leiteira do estado de Pernambuco está localizada na mesorregião do Agreste, com clima semiárido e é responsável por 80% da produção de leite do estado. Ao caracterizar os sistemas de produção de leite em Pernambuco, Oliveira et al. (2016), revelaram que 80% das propriedades são familiares, têm de 1 a 50 ha, com 15,5 vacas em lactação, produção total variando entre 100 e 500 kg de leite/dia e produtividade média de 11,86 kg, mínima de 2,49 e máxima de 24,6 kg de leite/vaca/dia (Tabelas 1 e 2). No entanto, quando comparado à média nacional de 5,0 kg de leite/vaca/dia, revela o bom desempenho produtivo no estado.

Tabela 1 - Perfil tecnológicos de sistemas de produção de leite no Agreste de Pernambuco.

Tabela 2 - Estatística descritiva de indicadores de rebanho de sistemas de produção de leite no Agreste de Pernambuco.

O mesmo estudo revelou que 89% das propriedades utilizam palma forrageira como ingrediente da dieta de vacas. Esse ingrediente é tradicionalmente utilizado em regiões semiáridas no mundo todo devido à sua baixa exigência hídrica, alto teor de umidade (900 g/kg de MN), teor de NDT (640 g/kg MS) e alta aceitabilidade, e por isso Vilela et al. (2010) recomendaram o uso de palma na forma de mistura completa. O conceito de uso da mistura completa é evitar a seletividade do animal e garantir o consumo adequado de nutrientes e saúde ruminal.

O problema do uso da palma forrageira em dieta como mistura completa é a dificuldade em processar a mistura sem o equipamento para tal. Neste sentido, o estudo de estratégias de alimentação que aumentem a eficiência da rotina da propriedade, diminuindo a sobrecarga da mão-de-obra, se faz necessário. Por isso, foi desenvolvida uma pesquisa com o objetivo de comparar diferentes estratégias de fornecimento de dietas a base de palma forrageira sobre o consumo e digestibilidade dos nutrientes, e produção de leite. Foram testadas quatro formas de fornecimento de ração com as estratégias e horários de fornecimento, descritas na tabela 3.

Tabela 3. Formas e horários de fornecimento da dieta experimental em diferentes estratégias alimentares.

A dieta era composta por 350 g/kg MS de cana-de-açúcar, 450 g/kg MS de palma forrageira, 130 g/kg MS de farelo de trigo, 42 g/kg MS de farelo de soja, 13 g/kg MS de ureia+sulfato de amônia, 10 g/kg MS de mistura mineral e 5 g/kg MS de sal comum. Não foi verificado diferença no consumo nem no desempenho desses animais (Tabela 4).

Tabela 4. Consumo e desempenho de vacas alimentadas com dieta a base de palma forrageira sob diferentes estratégias de fornecimento.

Independente da estratégia de fornecimento, mistura completa ou ingredientes separados, os animais consumiram nutrientes adequados para manter a produtividade. Segundo o NRC (2001), animais com as mesmas características necessitam ingerir diariamente 15 kg de MS; 8,16 kg de NDT e 1,88 kg de PB. O menor consumo de matéria seca deve-se à maior concentração energética de dietas contendo palma forrageira.

Manutenção da produtividade e composição de leite, principalmente gordura, retratou que não houve efeito negativo no ambiente ruminal, mesmo quando o fornecimento de concentrado foi durante a ordenha, antes da oferta dos volumosos. Quando se fornece os ingredientes de forma separada, o recomendado é fornecer o volumoso na primeira refeição e antes do concentrado, porque a alimentação com carboidratos altamente fermentáveis (concentrado) para vacas que não se alimentaram por mais de 6 horas poderá causar condições de reduções de pH ruminal, consumo, produção e principalmente, gordura do leite. Pessoa et al. (2004) e Ingvartsen et al. (2001) observaram depressão na gordura do leite quando as vacas não foram alimentadas com mistura completa. A produtividade média de 12 kg leite/dia somada ao uso de palma forrageira requer menor quantidade de concentrado (20% da MS), consequentemente reduzindo os ricos de redução de desempenho.

Outro fator que deve ser levado em consideração quanto a manutenção do teor da gordura do leite, independente da estratégia de alimentação, é a grande proporção de pectina presente nos carboidratos não fibrosos da palma. A fermentação desse carboidrato no rúmen resulta em alta produção de acetato, precursor da gordura do leite.

Nos sistemas de produção de leite no Agreste de Pernambuco ainda há vários produtores com ordenha manual e neste caso, o tempo de permanência dos aninais no curral é maior e o fornecimento de concentrado e do volumoso é feito em cochos e, geralmente, depositados antes da ordenha, portanto, não influencia o tempo de ordenha.

Nas propriedades com ordenha mecânica o tempo de permanência na sala de ordenha dos animais que receberam concentrado durante a ordenha foi de 20 minutos, já àqueles que não receberam concentrado, permaneceram por 10 minutos. Ou seja, o fornecimento de parte da ração durante a ordenha aumenta o tempo da mesma e o tempo das vacas na sala de espera além do tempo de funcionamento do equipamento de ordenha, atrasando toda a rotina da fazenda.

O fornecimento da palma forrageira na forma de mistura completa apresenta o impasse de misturar os ingredientes manualmente. Em uma situação hipotética de um sistema de produção com 15 vacas em lactação com desempenho e exigência semelhante aos da tabela 4, seria necessário misturar, por animal e por trato, 25 kg de palma, 8 kg de cana-de-açúcar e 1,5 kg de concentrado, totalizando 513 kg de alimentos para o rebanho em produção, quantidade que exige mão de obra e tempo para ser misturada.

O resultado do estudo indica o fornecimento de dietas contendo palma forrageira na forma de mistura completa ou ingredientes separados deve ser da escolha do produtor, e aquela que se adeque melhor à rotina da propriedade, uma vez que a forma de fornecimento não influenciou o consumo de nutrientes assim como o desempenho das vacas. 

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Referências bibliográficas

Ingvarsten, K.L., O. Aaes e J.B. Andersen. 2001. Effects of pattern of concentrate allocation in the dry period and early lactation on feed intake and lactational performance in dairy cows. Livestock Production Science, 71: 207-221

Oliveira, M. C., Campos, J. M. S., Oliveira, A. S., Ferreira, M. A., e Melo, A. A. S. 2016. Benchmarks for milking production systems in the Pernambuco agreste region, Northeastern Brazil. Revista Caatinga, 29:725-734.

NRC - National Research Council. 2001. Nutrient requirements of dairy cattle. 7th ed. National Academy Press, Washington, D.C.

Pessoa, R. A. S.; Ferreira, M. A.; Lima, L. E.; Lira, M. A., Véras, A. S. C.; Silva, A. E. V.; Sosa, M. Y., Azevedo, M.; Miranda, K. F.; Silva, F. M. e Melo, A. A. S. e López, A.A.S. 2004. Desempenho de vacas leiteiras submetidas a diferentes manejos alimentares. Archivos de Zootecnia. 53:309-320.

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