ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Nutrição e Sobrevivência Embrionária

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 01/10/2007

4 MIN DE LEITURA

5
0
Este texto é parte da palestra apresentada pelo Dr. Peter J. Hansen, da Universidade da Flórida, no XI Curso de Novos Enfoques na Reprodução e Produção de Bovinos, realizado em Uberlândia em março de 2007


A dieta pode afetar a sobrevivência embrionária de varias maneiras. As deficiências nutricionais podem afetar diversos aspectos da reprodução, inclusive sobrevivência embrionária. Além disso, constituintes específicos da dieta podem ter efeito direto sobre a vaca ou o embrião, promovendo ou inibindo a sobrevida embrionária.

Balanço energético

Assim como outros mamíferos, a vaca desenvolveu mecanismos para limitar a reprodução durante períodos de déficit nutricional (Lucy, 2003). Embora a dieta fornecida a vacas leiteiras de alta produção seja geralmente de alta qualidade, as demandas nutricionais da lactação podem resultar em uma situação em que a vaca não consegue ingerir alimento suficiente para satisfazer plenamente as necessidades de energia da lactação. Como resultado, acaba mobilizando reservas e perde condição corporal. Sabe-se que vacas em má condição corporal ou em balanço energético negativo não retomam a ciclicidade tão rapidamente após o parto (Lucy, 2003; Diskin et al., 2006).

A sobrevivência embrionária também pode ser comprometida quando as vacas estão em déficit de energia antes da IA. Recentemente, foi demonstrado que a probabilidade de concepção ao primeiro serviço aumenta à medida que aumenta o balanço de energia nos primeiros 28 dias depois do parto (Patton et al., 2006). Este efeito da energia sobre a sobrevivência embrionária pode refletir, em parte, alteração da função folicular levando à produção de ovócitos de baixa competência para a formação de embriões com alto potencial de desenvolvimento (Snijders et al., 2000).

Com base nestas observações, o manejo nutricional das vacas deve evitar grandes variações de peso corporal e perda de condição durante a fase inicial da lactação. Existe, entretanto, uma possível conseqüência negativa de se manter as vacas em boa condição corporal. Um estudo recente indica que a proporção de bezerros machos aumenta quando a variação no escore de condição corporal entre o parto e a concepção é mínima (Roche et al., 2006). Foi estimado que a porcentagem de bezerros machos passou de 54% para vacas que perderam uma unidade de escore de condição corporal para 68% para vacas que não apresentaram redução no ECC. A explicação pode estar no fato de que altos teores de glicose são tóxicos para embriões do sexo feminino (Kimura et al., 2005).

Nutracêuticos

O termo nutracêutico se refere a produtos químicos específicos da dieta que têm efeitos sobre a saúde e fisiologia. Por exemplo, a adição de gordura à dieta pode elevar o teor de energia, que é um efeito nutricional, mas a adição de ácidos graxos específicos pode regular a fisiologia de maneira a beneficiar a saúde.

O uso da gordura como exemplo de nutracêutico é adequado, pois muitas pesquisas avaliaram o fornecimento de dietas ricas em ácidos graxos insaturados modificados para escapar à degradação ruminal e aumentar a fertilidade. Foram identificados ácidos graxos insaturados específicos que podem reduzir a síntese de prostaglandinas no útero (Mattos et al., 2000) e estas moléculas podem atuar inibindo a luteólise e promovendo a sobrevida embrionária.

Diversos estudos indicam que o fornecimento de dietas ricas em ácidos graxos insaturados pode aumentar a taxa de concepção. Usando um total de 121 vacas, Ambrose et al. (2006) observaram que o fornecimento de dieta suplementada com linhaça (rica no ácido graxo insaturado - ácido α-linolênico) tendeu (P<0,07) a resultar em taxas mais elevadas de taxa de concepção ao primeiro serviço se comparado a dieta suplementada com sementes de girassol (com baixo teor de ácido α-linolênico).

As taxas de concepção aos 32 dias depois da IA foram 48% para o grupo que recebeu linhaça e 32% para o grupo alimentado com óleo de semente de girassol. A perda de prenhez entre o dia 32 e o parto foi mais baixa (P<0,05) nas vacas alimentadas com linhaça (10% vs 27%). Não houve efeito do tratamento sobre a taxa de concepção no segundo serviço. Em outro estudo na Califórnia usando 397 vacas, Juchem et al. (2004) observaram que o grupo alimentado com uma dieta contendo 2% (em base de matéria seca) de sais de cálcio de uma mistura de gorduras rica em ácido linolênico e ácidos monoenóicos tendeu (P<0,09) a maior taxa de prenhez ao primeiro serviço (34%) que as vacas alimentadas com uma dieta contendo 2% de sais de cálcio de óleo de palma (26%).

Existe também interesse em promover elevação das taxas de concepção pela utilização de formas mais biodisponíveis de selênio (Silvestre et al., 2006) e pela administração de cobre e selênio em formas de liberação lenta por via intra-ruminal (Black e French, 2004).

Promoção da sanidade e bem estar animal

Para uma condição sanitária ideal, as vacas devem ser submetidas a condições ideais de manejo. Muitas doenças estão associadas à redução da taxa de concepção ou maior perda embrionária, inclusive a mastite (Risco et al., 1999; Chebel et al., 2004; Jousan et al., 2005), a febre do leite (Chebel et al., 2004), retenção de placenta (Chebel et al., 2004), claudicação (Melendez et al., 2003) e endometrite (McDougall et al., 2006). Existem evidências de que o medo de seres humanos também possa afetar negativamente as taxas de concepção (Hemsworth et al., 2000).

Uma questão ainda em aberto está relacionada ao uso de pesticidas e outros produtos químicos na fazenda e possíveis efeitos sobre a sobrevida embrionária. Sabe-se que muitos produtos químicos interferem com os processos reprodutivos e são tóxicos para ovócitos e embriões (MeEvoy et al., 2001; Brevini et al., 2005).

Estes dados mostram que a reprodução é um processo complexo e delicado, e que todas as ações dentro da fazenda podem afetar a eficiência reprodutiva.

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

5

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

LUIZ G. FONSECA NETO.

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 08/08/2016

Vaca de boa genética para dar uma cria por ano, alem do acompanhamento sanitário a nutrição de qualidade é de fundamental  importância>Boa cria e bom rendimento leiteiro.

Não há milagre:DEDICAÇÃO, CONHECIMENTO E ATUALIZAÇÃO/INOVAÇÃO, não faz

mal      a  ninguém.O  Gado e o BOLSO  agradecem.
NILSON VÖLZ

SANTA HELENA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/05/2016

Excelente artigo!!
GLAUBER BASTOS SOUZA

ARAGUAÍNA - TOCANTINS - ESTUDANTE

EM 08/10/2007

Essa matéria foi de gigante importância para técnicos na área de reprodução, e seria muito bom o estudo de alimentos de maior uso na nutrição de ruminates como milho, soja, cana, farelo de algodão e até mesmo tipos de capins.
EDSON LUIZ PERES

POPULINA - SÃO PAULO

EM 08/10/2007

Parabéns pelo ótimo trabalho.
MATEUS MOREIRA DA SILVA

UBERABA - MINAS GERAIS

EM 02/10/2007

Parabéns à Dra. Santos e ao Pfr. Vasconcelos. Ótima abordagem sobre este tópico da reprodução. Um assunto deveras importante, uma ferramenta de grande ajuda.

Compreender os efeitos de uma boa nutrição para com os bons índices reprodutivos sem dúvida se faz necessário e acredito que quanto mais elucidações práticas na área melhores serão os resultados.

Muito interessante o assunto que se refere às oscilações do EEC seus efeitos na determinação de nascimentos de machos. Confesso que não havia conhecimento da minha parte por este fator.

Novamente meus parabéns à dupla.
Atenciosamente.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures