ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Confinamento e Manejo do Cocho

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/12/2009

4 MIN DE LEITURA

1
0

Você produz leite? Onde? Tira leite de quantas vacas? A pasto ou confinamento? Confinamento com cochos em piquetes, barracão ou free-stall? Duas ou três ordenhas?
Quando conhecemos novos produtores ou escutamos a conversa entre dois produtores que estão se conhecendo é muito comum ouvir as perguntas acima. Quando a resposta é: produzo em confinamento, meu ouvido fica aguçado: "vamos lá, vamos nos aproximar e ver se aprendemos algo de novo".
O que significa confinar bovinos? Tratar no cocho? Misturar a comida e dar para a vaca?
Há muito tempo, diversos especialistas têm abordado a questão dos cuidados envolvendo a alimentação em sistemas de produção em regime de confinamento total. Não basta apenas encontrar uma boa formulação. É necessário ter uma instalação adequada, primeiramente, com conforto para que o animal venha a consumir a dieta fornecida. Quando analisamos a dieta fornecida (em análises bromatológicas, por exemplo), notamos que há uma grande variação de acordo com a fazenda analisada em relação à dieta proposta: nós técnicos da área costumamos dizer que existem 3 dietas -  a formulada, a fornecida, a consumida e eu completo com uma quarta: a digerida (nenhum metabolismo é idêntico a outro), pois a capacidade de resposta de cada animal também é diferente. Se por algum motivo, houver uma alteração no metabolismo de uma vaca, sua capacidade digestiva também pode sofrer alterações.
O que tenho notado, em relação a outros temas abordados em informativos técnicos, revistas e demais canais, é a escassez de informação à respeito de um tópico importantíssimo no manejo diário da atividade leiteira em confinamentos: a "leitura" ou como outros preferem tecnicamente chamar de "escore de cocho". O que é a "leitura" do cocho? Consiste simplesmente na observação diária do cocho uma hora antes do fornecimento do trato. Esta observação deve ser feita sempre pela mesma pessoa, no mesmo horário e a mesma deve ser treinada para tomar decisões quanto à quantidade de comida (dieta) que deve ser fornecida no próximo trato.

Na Fidenza (propriedade da minha rotina diária):

Em casa, divido esta tarefa com meu pai. Cada um "lê" o cocho em diferentes horários e, em alguns casos, efetuamos a rotina em conjunto.
Como trabalhamos: uma vez elaborada uma dieta, a mesma é lançada numa planilha excel. Nesta planilha a mesma é tabulada (fórmulas no excel) para diferentes consumos de matéria seca (MS). Eu costumo trabalhar com opções de dieta com 3 kg de MS acima e 3 kg de MS abaixo da dieta predicada. Como isto funciona? Se uma dieta foi formulada para consumo de 21 kg de MS/cab/dia e de manhã a sobra é zero, aguardo. Se ao meio dia (hora do 2º trato; total de 3 ao dia) a sobra é zero, aumento 1 kg de MS. Na minha planilha tenho tabulado 18/19/20/21/22/23/24 kg de MS. Três misturas acima de 21 kg de MS e três abaixo, correto? Quando aumento 1 kg de MS vou para a coluna dos 22 kg de MS e assim sucessivemante, aumentando ou diminuindo, conforme a necessidade. Tomada a decisão, atualizo as pranchetas do trato da fábrica de ração e dos funcionários do trato. Essas atualizações são feitas no computador e impressas de maneira clara como da foto postada. Os mesmos (funcionários) são instruídos a, antes de inciar cada turno, checar a planilha do trato. Toda vez que há mudanças, entretanto, entramos em contato e "formalizamos", pessoalmente, a mudança. Esta rotina se repete todo dia. A "leitura" do cocho é realizada 1x ao dia, sempre antes do trato do meio dia, por volta das 11:00hs da manhã. O fornecimento pode variar para cima ou para baixo. Costumo alterar sempre de 1 em 1, ou seja, 1 kg de MS para mais ou para menos, por vez. No entanto, se há uma grande sobra ou cocho totalmente limpo, sem resíduos posso "saltar" para escalas de 2 kg a menos ou a mais de MS, respectivamente.

O objetivo nosso é trabalhar com sobra "zero" ou "praticamente zero", apenas com alguns resíduos. Para economizar? Para ser eficiente? Sim claro, isso é válido. Mas o resultado prático, o objetivo deste manejo é a maior produção. Quanto menos sobra temos (não confundir com fome dos animais) mais leite temos. Existem alguns técnicos que recomendam até 3% de sobra. Evitam sobra "zero" pois consideram que o animal ao comer inclusive "resíduos" (o que conceitualmente é diferente de sobra) acabou "passando fome". Nós trabalhamos visando a menor sobra possível, mas evitamos que o cocho permaneça vazio por mais que 30 minutos. E isso tem funcionado muito bem. Com resposta em produção. Se os animais "enceram" o cocho e este permanece vazio por mais de 1 hora, corremos atrás. Aí sim houve algum erro (e isso não pode acontecer: possibilidade de fome).e aluma coisa está bem errada.

Na realidade temos que tomar muito cuidado com o conceito de taxa de passagem e enchimento do rúmen ("rumen fill"). Isto é muito importante.
O que ressalto, no manejo do cocho é que o mesmo está associoado ao sucesso do confinamento e está diretamente relacionado com a produção. Cocho mal manejado, decisão incorreta na quantidade de alimento fornecida, tempo de mistura, qualidade de mistura, conforto da instalação, e condições climáticas diárias são fatores que afetam diariamente a produção de leite.

Trabalhar focado em tais conceitos, teoricamente é fácil. Na prática exige, disciplina, esforço e treinamento do "olho clínico" além de sensibilidade. É estranho, mas temos que observar as vacas. Observá-las no cocho. Como estão comendo, com que voracidade/velocidade. Eu costumo dizer: "é necessário sentir a vaca". Esta expressão não tem tradução acadêmica, apenas senso prático e aqueles que conhecem vacas de leite sabem, exatamente, ao que estou me referindo.

Ainda hoje, encontro e converso com pessoas que trabalham com confinamento e não efetuam o manejo da "leitura" de cocho com critério ou sequer conhecem o conceito! A "leitura" ou "escore de cocho" é fundamental. Esta prática é absurdamente comum em países com grande tradição na produção de carne e leite em confinamento como os EUA. Precisamos difundir melhor este trabalho por aqui.

1

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

BRUNO FELIPE DE TOLEDO

EM 08/07/2019

Ótima matéria! Eu inclusive estou planejando iniciar uma produção leiteira e gostaria de ter mais informações sobre manejo alimentar, como por exemplo produção de leite x alimentação (silagem e concentrado) e se possível me envie artigos ou planilhas. Obrigado.
brunoftoledo@gmail.com

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures