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A pergunta que não se cala: Minha fazenda esta indo bem ? Parte 4

CLÍNICA DO LEITE/AGRO+LEAN

EM 25/03/2015

7 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 06/10/2023

Júlio Meirelles
Prof. Dr. Paulo Machado
Pesquisadores da Clínica do Leite - ESALQ/USP

No artigo passado reforçamos um dos conceitos do Sistema MDA de Gestão de Explorações Leiteiras que é o de solucionar problemas de maneira definitiva atuando nas suas causas raízes. Também discutimos sobre como usar o Gerencial Zootécnico para avaliar a reprodução dos animais e responder a pergunta: minha fazenda está indo bem na área reprodutiva? Nessa edição vamos continuar nossa análise de indicadores do Gerencial Zootécnico do Sistema MDA, dessa vez tendo como estudo de caso a área de criação do negócio e, dessa forma, descobrir como garantir o futuro da produção do rebanho através das novilhas.
Analisando a criação de novilhas da fazenda

Qual a melhor forma de verificar se uma novilha foi bem criada ou não? Algumas informações, como o peso, altura, idade ao parto, dentre outros, podem ajudar bastante a responder a pergunta, porém, se formos escolher apenas uma informação, um indicador, a produção de leite no pico (60-90 DEL) de lactação das vacas de primeira cria seria a mais importante. Esse indicador sumariza todas as ações feitas com os animais desde o nascimento, passando pela fase de crescimento e finalmente pelo primeiro período de transição. Deve-se lembrar que o objetivo maior na criação das novilhas é o de vê-las produzindo leite e não ganhar peso ou crescer. O ganho de peso, a condição corporal, a ocorrência de doenças como diarreias ou mastite, a reprodução, devem, também ser avaliados, porém serão indicadores de verificação que, se atendidos, garantirão que o animal produza o leite esperado.
Como ilustração, na figura 1 podemos observar dois gráficos com a produção média das novilhas de 1a cria entre 60 e 90 dias de duas propriedades que participam do Sistema MDA da Clínica do Leite. As propriedades possuem sistema de produção semelhantes e potencial de produção dos animais da ordem de 10.500 kg na lactação. A produção esperada do pico das novilhas é de 34,0 kg e a variação normal é de 1,5 kg (32,5 a 35,5kg).

Figura 1. R001 - Pico (60-90 DEL) de produção das novilhas de primeira cria de duas fazendas que participam do Sistema MDA da Clínica do Leite.

Fazenda 1.


Fazenda 2.


Na fazenda 1 a criação das novilhas está melhor. Em somente 3 meses do ano o pico esperado não foi atingido, enquanto que na fazenda 2, o pico não foi atingido em 6 meses. Além disso, a dispersão dos dados da fazenda 1 é menor, o que indica um processo mais controlado. Porém, tanto numa fazenda como na outra há áreas de oportunidade que deveriam ser trabalhadas para que se melhore a criação das novilhas. Para tanto, devemos estudar a situação respondendo algumas questões. As perguntas são:

1. Qual a porcentagem de novilhas que estão sendo criadas em relação ao total de animais no rebanho?
2. Está havendo progresso genético no rebanho?
3. As novilhas estão parindo com mastite?
4. Os animais estão com condição corporal (CC) adequada ao parto?
5. Qual a incidência de problemas no periparto?
6. Qual a idade ao primeiro parto?
7. O ganho de peso das novilhas está adequado?

1. Qual a porcentagem de novilhas que estão sendo criadas em relação ao total de animais no rebanho?

Na fazenda 1 há 43,8% de novilhas, enquanto que na 2 há 40,7%. Para que a produção de leite do rebanho melhore, há necessidade de se descartar entre 30% e 35% das matrizes anualmente. Se a fazenda não compra animais, e a idade ao primeiro parto dos animais estiver entre 22 e 25 meses, teremos entre 40% e 45% de novilhas em relação ao total de animais no rebanho. No caso destas duas fazendas o tamanho do rebanho de novilhas está adequado. Isto é importante pois não se deve gastar mais do que 10% da receita bruta com a criação dos animais e se a idade ao primeiro parto aumentar, teremos mais novilhas, com consequente maior custo.

2. Está havendo progresso genético no rebanho?

A melhor maneira de responder esta pergunta é verificando o sêmen utilizado no rebanho. No caso, ambas as fazendas utilizam sêmen melhorador. Outra maneira é verificando a evolução da produção das novilhas corrigida para a idade adulta (EQA) e comparando este valor com o dos animais adultos. Na fazenda 1 as novilhas possuem EQA de 10.500 kg e as vacas de 2a cria 10.000 kg. Está, portanto, havendo progresso na produção. Na fazenda 2 o EQA das novilhas está em 9.300 kg e o das de 2a cria em 9.800 kg, mostrando que, apesar do uso de mesmo sêmen, há problemas de manejo afetando o desempenho dos animais. Muitas vezes, se as novilhas não são bem criadas o EQA será mais baixo do que o dos animais de 2a cria. Isto é reflexo de problemas na criação dos animais.

3. As novilhas estão parindo com mastite?

Dados da literatura mostram que em certos rebanhos até 40% das novilhas parem com mastite. Considera-se que animais que possuem células somáticas acima de 200.000 na primeira coleta (10 a 40 dias pós-parto) estão infectados e que esta infecção teve início antes do parto. Na fazenda 1, 14% das novas infecções em novilhas de 1a cria ocorreram até 30 dias de parido, enquanto que na fazenda 2 este valor foi de 23%, quase o dobro. A perda estimada de produção destes animais é de cerca de 1,0 kg de leite por dia.
4. Os animais estão com condição corporal adequada ao parto?
As novilhas devem parir com condição corporal (CC) ao redor de 3,25 a 3,5. Mais importante do que analisar a média, é preciso verificar a dispersão da CC entre os animais. Não deveríamos ter mais do que 10% dos animais fora do padrão. Se houver grande variação temos indicação de problemas no manejo dos animais – grande número de animais nos lotes, fornecimento de somente 1 refeição no dia, pequeno espaço de cocho, etc. Um gráfico de dispersão da CC como o mostrado abaixo é uma boa forma de se avaliar estes fatores. No gráfico, o valor da CC real (em vermelho) mostra que os animais estão parindo mais magros do que deveriam (padrão em azul) e que a dispersão está maior do que deveria. Não possuímos estas informações das fazendas analisadas. Este é aliás, uma das falhas importantes que observamos nas fazendas brasileiras em geral – falta de anotações. Como as novilhas não produzem receita, muitas vezes não se dá a atenção devida a elas e não se anotam os dados. Lembrem-se, sem dados não há gestão.



5. Qual a incidência de problemas no periparto?

No máximo 20% das novilhas deveriam ter problemas no periparto. Estes animais serão, principalmente aqueles que possuem condição corporal acima de 3,5 e que não foram bem manejados no período de transição (não separação dos animais adultos antes e após o parto, bezerros nascendo com peso acima de 45 kg, manejo inadequado de parto, etc.). Para as fazendas estudadas não dispomos destas informações.

6. Qual a idade ao primeiro parto?

A idade ao primeiro parto tem impacto direto na produção na primeira lactação. Mais uma vez, aqui, é mais importante sabermos a dispersão dos dados do que a média, da mesma forma que foi mencionado para a CC. Na fazenda 1 os animais estão parindo mais jovens do que o esperado, porém a dispersão está pequena, indicando bom manejo.



7. O ganho de peso das novilhas está adequado?


O gráfico abaixo e sua correspondente tabela exemplifica o peso médio das novilhas da fazenda 2. Observa-se que até por volta dos 15 meses (480 dias) o peso dos animais estava dentro do padrão da raça. A partir dos 15 meses o peso passou a ser superior ao padrão e começou a haver maior dispersão entre os animais. É preciso avaliar “in loco” as causas raízes do problema. Pode ser que a sobra da dieta das vacas em lactação esteja sendo fornecida para estes animais e que não esteja havendo controle de consumo. Isto traz problemas no periparto.



Com essas informações pode-se avaliar a criação das novilhas e definir as áreas de oportunidade a serem trabalhadas. Cabe agora ao produtor e ao seu consultor fazer os levantamentos e observações de campo necessários, olhando de perto os animais, acompanhando a rotina de trabalho e o cumprimento dos procedimentos operacionais por parte dos colaboradores, para que as causas raízes do problema sejam identificadas e, a partir das mesmas, sejam feitos planos de ação corretivos. Deve-se lembrar que a criação das novilhas tem impacto de longo prazo no negócio. Ela representa 10% da receita bruta, sendo o segundo item de maior custo na produção de leite e, portanto, deve ser monitorada de perto para que se garanta a lucratividade do negócio.
 

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