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Métodos para o diagnóstico de paratuberculose

POR JULIANA M RUZANTE

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/02/2004

4 MIN DE LEITURA

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Paratuberculose ou doença de Johnes é uma enfermidade crônica causada pelo Mycobacterium avium paratuberculosis (Map), que acomete ruminantes em todo o mundo.

O período de incubação é bem longo, variando de 2 até 10 anos. Animais com sintomatologia clínica apresentam diarréia crônica intermitente e perda de peso, apesar de bom apetite. O quadro subclínico é o predominante e somente 5% dos animais infectados apresentarão sinais da doença.
 


Dados norteamericanos apontam para uma perda de 1,5 bilhão de dólares por ano devido a doença. Esta estimativa inclui perda no valor de mercado do animal, abate precoce e redução na produção de leite. Perdas na produção leite são maiores à medida que o número de lactações aumenta, possivelmente devido a evolução gradativa da doença.

A principal via de transmissão da doença é a oral, através da ingestão de colostro, leite ou fezes contaminadas, sendo esta última a mais comum. Cerca de 10 a 20% dos casos se devem a contaminação do feto durante a prenhez (transmissão transplacentária).

A infecção de animais adultos não é muito freqüente. São os animais mais jovens, especialmente neonatos, os mais suceptíveis à infecção, devendo ser o foco principal dos programas de controle.

O interesse na doença vem crescendo mundialmente já que até o momento não existem pesquisas conclusivas sobre a eficácia do processo de pasteurização na eliminação do microrganismo no leite, assim como a relação do Map com a doença de Crohn's em humanos. Esta situação gera insegurança em consumidores e orgãos de saúde pública.

Diversos países da Europa, como Holanda e França assim como Austrália, Japão, Israel, Estados Unidos e Canadá possuem programas voluntários para o controle da doença. A maioria deles baseia-se na aplicação do teste ELISA nos animais e confirmação do resultado por cultura de fezes. De modo geral todos os programas propoem realização de análise de risco na propriedade e possuem níveis de certificação que variam de acordo com o número de positivos no rebanho e período em que a fazenda se encontra no programa.

Os pontos críticos para um programa de controle para Johnes são a criação de bezerros, entrada de animais novos no rebanho e identificação de positivos. Na criação de bezerros é fundamental minimizar o contato com fezes de animais adultos e assegurar que o colostro e o leite administrados sejam provenientes de animais sabidamente negativos para a doença. Todo animal a ser introduzido no rebanho deve ser testado para paratuberculose e se possível o histórico da propriedade deve ser checado para assegurar que casos clínicos não tenham ocorrrido nos últimos 5 anos. Anualmente o rebanho deve ser testado para para identificar animais positivos.

De acordo com o programa Nacional para controle da partuberculose nos Estados Unidos, um mínimo de 30 animais por propriedade deve ser amostrado anualmente para efeito de controle da doença. Devido ao longo período de incubação é aconselhado que o teste seja realizado em animais em segunda ou mais lactações (³ 3 anos de idade).

O diagnóstico da paratuberculose é bastante complicado e os testes disponíveis no mercado apresentam uma série de desvantagens. O teste mais utilizado é o ELISA, que baseia-se na identificação de anticorpos específicos para Map no sangue. A desvantagem é que animais em estágios iniciais da infecção podem ainda não apresentar anticorpos, de forma que falsos negativos podem ocorrer. A sensitividade (veja quadro explicativo) do ELISA varia entre 15 a 87% acordo com o estágio da infecção; já a especificidade do teste é relativamente alta, chegando a 98%.

Porém o "gold stadard", apesar de imperfeito, é a cultura do microrganismo em fezes, existindo diversos métodos para o isolamento do microrganismo. Os métodos são lentos e caros, uma vez que o Map requer condições especiais para o crescimento e leva de 4 a 15 semanas para crescer. A especificidade do método é de 100%; contudo o cultivo de Map raramente ultrapassa 50% em sensitividade. Isto se deve ao fato de que a eliminação do microrganismo é intermitente bem como a problemas inerentes ao método e a própria característica do agente, que fazem com que a recuperação de microganismo em amostras com baixas contagens seja pouco eficiente, gerando falsos negativos.

Outros métodos também utilizados para o diagnóstico da paratuberculose são: o teste intradérmico, agar imunodifusão (AGID), fixação de complemento (CFT), interferon gama (IFN-γ) e reação de polimerase em cadeia ou PCR.

De modo geral o diagnóstico de casos clínicos não é problema para nenhum dos métodos apontados, uma vez que animais com sintomatologia eliminam elevados números de microrganismos em suas fezes e apresentam acentuada resposta imunológica. O problema reside na identificação de positivos em estágios iníciais da infecção.

Existe vacina para a paratuberculose e esta pode ser eficaz reduzindo o número de casos clínicos da doença, porém não a infecção em si. A maior desvantagem da vacinação é que seu uso interfere no diagnóstico da paratuberculose e também da tuberculose por provocar reações cruzadas com o teste de tuberculina, usado para diagosticar a tuberculose bovina. Em países onde a vacinação é utilizada como método de controle, a cultura de fezes ou PCR são os únicos meios para identificar positivos.

 




Literatura

1. USDA, Uniform Program Standards for the Voluntary Bovine Johne's Disease Control Program
2. Kennedy, D. Control of Paratuberculosis. Bulletin of the International Dairy Federation, nº364, p.29-45, 2001.
3. https://www.johnes.org/
4. Sweeney, R.W., Whitlock, R.H., Buckley, C.L., Spencer, P.A. Evaluation of a commercial enzyme-linked immunosorbent assay for the diagnosis of paratuberculosis in dairy cattle. J Vet Diagn Invest, 7(4), p. 488-93,1995 .

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