Ninguém iria introduzir propositalmente bactérias no intestino de bezerros recém nascidos, mas isto é exatamente o que pode ocorrer se o colostro for mal manejado.

Para fornecer colostro de alta qualidade aos seus bezerros - em termos de níveis de anticorpos e baixa carga de microorganismos patogênicos - siga os conselhos dos especialistas:

Forneça 4 litros de colostro. Esta "regra dos 4 litros" dá uma margem de segurança para a variabilidade na concentração de anticorpos no colostro. Você pode preferir fornecer 2 litros imediatamente após o parto e outros 2 litros quatro a seis horas depois. Se o bezerro não exibir reflexo para mamar tão sedo, não espere - use uma sonda esofagiana para administrar o colostro.

Forneça o colostro o mais cedo possível. O tempo é crítico. O objetivo é fornecer a primeira mamada de colostro para pelo menos 50% dos bezerros nascidos dentro de uma hora após o parto e, para 80% dos bezerros dentro de, no máximo, duas horas após o parto.

Lembre-se, para cada meia hora de atraso no fornecimento do colostro após o nascimento, a transferência de anticorpos diminui cerca de 5%. Sendo assim, passadas 24 horas, virtualmente não existem chances de transferência de anticorpos.

Selecione para alta concentração de anticorpos. Um colostrômetro é uma maneira de conferir o nível de imunoglobulinas de proteção no colostro. Só use colostro com boa leitura no colostrômetro nas duas primeiras mamadas.

Considere reservar colostro com maior concentração de anticorpos para as bezerras. Vacas que dão menos que 10 litros de colostro na primeira ordenha após o parto tendem a produzir colostro com maior concentração de anticorpos.

Mantenha a contagem bacteriana baixa. Não deixe que a primeira mamada de colostro se transforme no primeiro desafio de doenças do bezerro. A incorreta preparação da vaca para a ordenha (higiene), baldes ou mamadeiras sujos e deixar muito tempo se passar entre a ordenha e a amamentação podem permitir a contaminação do colostro fresco com bactérias antes que ele chegue ao bezerro. A quantidade de bactérias (E. coli) no colostro fresco pode tipicamente ser de cerca de 20.000 UFC/ml. Esta contagem dobra a cada 20 minutos em colostro morno. Portanto, se ele for deixado de lado por duas horas antes do fornecimento ao bezerro, a contagem pode pular para 1,2 milhão e, de repente, você se vê amamentando uma "sopa de bactérias", ao invés de aumentar a imunidade de seus bezerros.

Se você conservar colostro para uso posterior, resfrie-o imediatamente. Uma dica para acelerar o processo é mergulhar algumas garrafas de plástico (refrigerante) com água congelada dentro do colostro para acelerar o resfriamento (cuidado com a higiene das garrafas).

Selecione colostro livre de doenças. Algumas doenças são transmitidas de forma vertical dentro da fazenda, como a paratuberculose, salmonela e micoplasma, que podem passar de mãe para filhos através do colostro. Para interromper ciclo, descarte o colostro de vacas conhecidamente positivas. Use um teste de paratuberculose para identificar as vacas portadoras. Embora os testes não sejam perfeitos, um resultado negativo indica que a vaca não está transmitindo a doença naquele momento. Só utilize colostro de vacas negativas para paratuberculose.

Comentário do autor: o colostro deve ser uma fonte de proteção ao bezerro. Para que isso realmente ocorra, ele deve chegar ao intestino antes das bactérias patogênicas. O ambiente em que os bezerros nascem favorece muito pouco esta "ordem preferencial de ocorrência dos fatos". Tudo deve ser feito para garantir esta imunização logo nos primeiros momentos de vida.

Fonte: Hanson, M, 2002. Is your colostrum a health serum or bacterial soup? Dairy Herd Management. September.