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O adequado manejo do piquete ou baia maternidade tem efeito direto na saúde e desempenho de bezerros recém-nascidos

POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR

E LUCAS SILVEIRA FERREIRA

CARLA BITTAR

EM 21/05/2012

4 MIN DE LEITURA

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A alimentação e o manejo adotado na criação de bezerras leiteiras refletem diretamente não apenas na sua sobrevivência, mas, sobretudo, na sua produção de leite futura. Recentes estudos têm mostrado uma relação positiva entre consumo de nutrientes e ganho de peso durante os primeiros meses de vida e a produção de leite durante a primeira lactação.

Além disso, as pesquisas mostram que sempre há benefícios sobre a saúde das bezerras quando há adequado consumo de colostro. Assim, o consumo precoce e adequado de colostro e a nutrição após o período de colostragem, o que inclui concentrado inicial, água e dieta líquida (leite ou sucedâneos de qualidade) são importantes.

Para atingir as metas de produção recomendadas em todo o mundo, adequações na alimentação e nas práticas de gestão e manejo dos animais em aleitamento são essenciais para o sucesso do sistema de criação.

De acordo com dados de uma pesquisa realizada em 2002 pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), cerca de 40% das fazendas leiteiras do país não conseguem produzir animais de reposição para seu próprio rebanho. Embora dados de pesquisa semelhante não existam para o Brasil, estas informações certamente não são diferentes para a nossa realidade.

Dentre os diversos fatores que levam a estes resultados, o principal deles é sem dúvida a alta taxa de mortalidade das bezerras durante o período de aleitamento, sendo, portanto, este período considerado um dos mais críticos de todo o processo de criação dos animais.

Segundo pesquisa de McGuirk (2003), um dos pontos-chave para a prevenção de problemas de saúde das bezerras durante as primeiras semanas de vida é a separação imediata ou o mais rapidamente possível da cria se sua mãe logo após o nascimento. Esta recomendação baseia-se no fato de que quanto mais tempo a bezerra passar com a mãe, maior será a chance de o animal consumir patógenos antes mesmo da primeira refeição de colostro e da aquisição de um mínimo de anticorpos para enfrentar os agentes patogênicos presentes no ambiente.

Logo após o nascimento, os animais podem entrar em contato com o solo do local, restos de alimento, e principalmente as chamadas "refeições de esterco", que podem acontecem em três principais ocasiões.

A primeira ocorre logo após o nascimento da bezerra, isto porque, geralmente, os animais tentam ficar em pé imediatamente após o parto. No entanto, nesta tentativa, caem freqüentemente com o focinho na cama da maternidade. Estas baias ou piquetes podem ser cobertas com solo, pastagem ou cama de materiais diversos como palha ou serragem. Neste momento então, pode haver consumo de esterco que, mesmo em pequena quantidade, pode ser suficiente para infectar os animais com agentes patogênicos como a E-coli, Salmonella e Cryptosporidium, por exemplo.

A possível segunda refeição de esterco certamente vai ocorrer quando o animal iniciar sua tentativa alimentação, ou seja, mamar na vaca. Após cerca de 90 minutos do nascimento, os recém-nascidos iniciam, por instinto, a procura pelo úbere e por uma teta para mamar. Porém, embora este comportamento seja importante e possa indicar maior vigor e vitalidade do recém-nascido, a procura pelos tetos muitas vezes começa pela parte inferior da barriga da mãe e/ou pela lateral das pernas traseiras, em muitos casos, contaminadas com esterco. Nesta tentativa, o bezerro poderia novamente consumir esterco e, portanto, patógenos.

Finalmente, após encontrar o teto da mãe, que podem apresentar resíduos de esterco, a bezerra pode ter sua terceira "refeição de esterco" potencial, antes mesmo do consumo da primeira refeição de colostro.

Além das três principais "refeições de esterco", outras formas de contaminação também podem ocorrer. Uma forma bastante comum ocorre quando os animais são separados das mães logo após o nascimento, sendo transportados da maternidade até o bezerreiro em carrinhos contaminados e sujos, de uso comum da fazenda. Também, o fornecimento de colostro pode servir como veículo para a contaminação dos animais. Isto ocorre porque o colostro muitas vezes é ordenhado sem adequado cuidado com a higiene dos tetos, e principalmente dos equipamentos de ordenha.

O adequado manejo do piquete ou baia maternidade é também um importante fator neste processo. O local onde os partos vão ocorrer deve ser um ambiente seco, com boa ventilação e, acima de tudo, limpo. Quando se faz uso de baias, e a colocação de cama se faz necessária, é importante que as camas sejam trocadas periodicamente de forma que esteja sempre limpa e seca. Isso, além de melhorar o ambiente para a vaca gestante, reduz a possibilidade de ocorrência de "consumo de esterco" logo após o nascimento do bezerro. No caso de piquetes é importante que estejam recobertos com alguma forragem, de forma que não haja formação de lama. Neste aspecto é importante que o piquete esteja em área bem drenada ou que existam vários piquetes para alocação de vacas gestante de modo que as áreas fiquem sem animais de tempos em tempos. É importante lembrar que não só aspectos que reduzam a possibilidade de "consumo de esterco" devem ser considerados, mas também todos aqueles que tragam bem-estar e conforto para a vaca como o acesso adequado ao alimento, água, sombra e local seco para se deitar.

É compreensível que a remoção imediata dos animais pode ser operacionalmente difícil, sendo dependente de alguns fatores como o tamanho da maternidade, do número de partos diários e da disponibilidade de mão-de-obra. Porém, um adequado planejamento e a adoção de visitas freqüentes ao piquete maternidade podem facilitar a melhor distribuição das tarefas e a eficiência no processo.

Em resumo, para se evitar problemas com a transmissão de doenças e a alta taxa de mortalidade de bezerras durante as primeiras horas de vida, é essencial que produtores adotem práticas eficientes de manejo dos animais recém-nascidos: adequação de piquetes ou baias maternidade, imediata separação de bezerros recém-nascidos e adequado programa de colostro (volume, qualidade e horário de alimentação).

Referências
McGuirk, S.M. Solving calf morbidity and mortality problems. In: Preconvention Seminar: Dairy herd problem investigation strategies - 36th Annual Conference, Columbus: University of Wisconsin, 2003, 12p.

CARLA MARIS MACHADO BITTAR

Prof. Do Depto. de Zootecnia, ESALQ/USP

LUCAS SILVEIRA FERREIRA

Engenheiro agronômo formado pela UFSCar e Doutor em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ - USP na área de nutrição e avaliação de alimentos para bovinos. Atualmente exerce a função de Nutricionista de Ruminantes na Agroceres MMX Nutrição Animal

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MARIA THEREZA REZENDE

CAMPOS ALTOS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/05/2012

Muito bom o artigo,

claro e esclarecedor .

Ultimamente temos assistido palestras onde os pesquisadores indicam a permanência do bezerro com a vaca, isso tem me atormentado!!!

Ler um artigo de fonte tão segura e capacitada, me deixa mais tranquila como produtora.

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