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Qual a melhor estratégia para o sucesso do desaleitamento de bezerras em sistema de aleitamento intensivo?

POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR

E LUCAS SILVEIRA FERREIRA

CARLA BITTAR

EM 24/03/2010

4 MIN DE LEITURA

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De maneira geral, o sistema de manejo de alimentação de bezerras mais comumente empregado por produtores de leite baseia-se no fornecimento de leite integral ou substituto de leite (sucedâneo) diluído a 12,5% de MS, fornecidos a 10% do peso vivo da bezerra (normalmente 2 litros), em duas refeições.

Por outro lado, trabalhos de pesquisas recentes têm mostrado que quando o fornecimento de leite aos animais não é controlado, ou seja, o consumo é à vontade, este apresenta valores ente 8 a 12 litros diários, com altas taxas de ganho de peso durante as primeiras semanas de vida.

Estas pesquisas têm mostrado que o aumento na quantidade de leite ou sucedâneo fornecida aos animais, além de melhorar as taxas de crescimento, melhoram a eficiência alimentar e, possivelmente, a produção de leite futura, sem efeitos negativos na saúde ou no desenvolvimento da glândula mamária.

Embora os dados mostrem vantagens em relação ao melhor desempenho quando os animais consomem grandes quantidades de dieta líquida, é comum se observar um menor consumo de concentrado por estes animais durante o período de aleitamento. Já discutimos em outros radares técnicos a relação negativa entre o consumo de dieta líquida e o consumo de concentrado.

Quanto maior a quantidade de dieta líquida fornecida, menor o consumo de concentrado, de forma que o processo de desaleitamento pode ser prejudicado, resultando invariavelmente em redução no desempenho e muitas vezes perda de peso.

De maneira geral, o desaleitamento de forma abrupta, mais comum nos sistemas de produção, é problemático quando se adota a prática do fornecimento de grandes quantidades de leite durante o aleitamento. Neste momento, como a principal fonte de alimento é retirada de maneira imediata, os animais têm que prontamente alterar sua fonte de alimentação, o que muitas vezes não ocorre de maneira satisfatória, levando a um baixo desempenho durante os primeiros dias pós-desaleitamento.

Com base nestes questionamentos, um estudo, recentemente publicado por Sweeney et al. (2010), avaliou os efeitos da adoção do desaleitamento gradual de bezerros alimentados com grandes quantidades de leite sobre o consumo de concentrado no período pós-desaleitamento e, principalmente, no desempenho.

Para realizar este estudo, 40 bezerros foram alimentados diariamente com 12 kg de leite por dia e desaleitados aos 41 dias de vida, de forma abrupta ou gradual, conforme mostra a Tabela abaixo:

Tabela 1. Descrição dos métodos de desaleitamento avaliados.
 

 


Os animais foram aleitados através de aleitador automático, que registrava o consumo de leite diário de cada animal. O consumo de leite pelos animais no sistema de desaleitamento abrupto foi menor do que o planejado, como pode ser observado na Tabela 2. Esses dados mostram que esta quantidade de leite está acima da capacidade de consumo voluntário pelos animais em aleitamento.

Os resultados observados para consumo de concentrado no período de aleitamento mostraram comportamento conforme o esperado. Durante o período de aleitamento, os animais que tiveram a quantidade de leite fornecida gradualmente diminuída 10 ou 22 dias antes do desaleitamento apresentaram maior consumo de concentrado. Entretanto, animais em desaleitamento gradual já a partir de 22 dias antes da idade de desaleitamento apresentaram menor taxa de ganho de peso quando comparado aos outros tratamentos.

Tabela 2. Resultados observados para os diferentes métodos de desaleitamento adotados.

 

 



Embora os bezerros desaleitados abruptamente tenham apresentado maior ganho de peso durante o período de aleitamento, apresentaram perda de peso durante a fase pós-desaleitamento, em resposta ao baixo consumo de concentrado.

Os resultados mostraram que independentemente do método de desaleitamento gradual adotado, animais consumindo grandes quantidades de dieta líquida não apresentam adequado consumo de concentrado, essencial para garantir seu desempenho após o desaleitamento.

Na Figura 1 são apresentados os resultados de consumo de leite e de concentrado a partir dos 16 dias de idade, dias antes da redução gradual do fornecimento de leite a partir de 22 dias antes do desaleitamento. Pode-se observar que os maiores aumento no consumo de concentrado ocorrem nos tratamentos com redução gradual no fornecimento de leite a partir de 22 e 10 dias antes da data de desaleitamento.

Também se observa o menor consumo de concentrado para animais desaleitados de forma abrupta ou com redução gradual 4 dias antes do desaleitamento, mesmo após o desaleitamento aos 41 dias de idade.

Figura 1. Consumo de leite e concentrado durante o período de aleitamento observado em bezerros sob diferentes métodos de desaleitamento.

 

Clique na imagem para ampliá-la.

Os dados sugerem que a realização do desaleitamento de forma gradual garante aumento no consumo de concentrado possibilitando adequado desenvolvimento do rúmen e adaptação à nova dieta. Também, que embora os ganhos de peso no pós-desaleitamento tenham sido baixos, não foi observada perda de peso, como nos animais sob desaleitamento abrupto.

Em resumo, a adoção de um método de desaleitamento gradual para animais em sistemas de aleitamento intensivo melhora o consumo de concentrado e pode evitar prejuízos no desempenho após o desaleitamento. Portanto, com base nos resultados desta pesquisa, podemos afirmar que, iniciar a redução no fornecimento de leite aos animais cerca de 10 dias antes da data prevista para a retirada total do leite, apresentou resultados bastante satisfatórios, sem grandes perdas no período pós-desaleitamento.

Referências:

Sweeney, B.C.,Rushen,J., Weary, D.M., de Passillé, A.M. Duration of weaning, starter intake, and weight gain of dairy calves fed large amounts of milk., J. Dairy Sci., v. 93, p.148-152, 2010.

CARLA MARIS MACHADO BITTAR

Prof. Do Depto. de Zootecnia, ESALQ/USP

LUCAS SILVEIRA FERREIRA

Engenheiro agronômo formado pela UFSCar e Doutor em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ - USP na área de nutrição e avaliação de alimentos para bovinos. Atualmente exerce a função de Nutricionista de Ruminantes na Agroceres MMX Nutrição Animal

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HERMOGENES ALMEIDA DE SANTANA JÚNIOR

CORRENTE - PIAUÍ - PESQUISA/ENSINO

EM 23/09/2010

Heitor, Foi realizado um estudo de João Gonçalves Neto na Bahia sobre sua dúvida, e o mesmo pode ser acessado através do link https://www.uesb.br
Trabalho muito bom.
HEITOR ALMEIDA VALENTIM

MUTUM - MINAS GERAIS

EM 02/08/2010

Carla, meus parabéns pela informação prestada e vai aqui uma pergunta: existe alguma diferença no desenvolvimento de bezerras quando estas são arraçoadas com concentrado peletizado em relação ao farelado?

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