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O fundo do poço

POR PAULO DO CARMO MARTINS

PANORAMA DE MERCADO

EM 21/11/2005

3 MIN DE LEITURA

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Este não é um artigo sobre o fim da queda de preços do leite. Até porquê, os preços ao produtor ainda não chegaram ao fundo do poço, infelizmente. A captação pelos laticínios continua a crescer, o que significa que estamos longe do término do "overshooting" do mercado. A oferta continua suplantando a demanda, e muito. Então, de que fundo trata este artigo?

Por mais insano que alguns acreditem ser o mercado de lácteos, seu comportamento é da mais pura racionalidade. Do lado da demanda, o consumo cresce quando cresce a renda do consumidor. E esta cresce, quando a economia (PIB) cresce acima do crescimento populacional, cresce quando há queda brusca da taxa de inflação, ou quando ambas acontecem juntas. Nestes casos, o que ocorre é o crescimento da renda real, ou seja, o poder de compra das famílias aumenta e, como conseqüência, aumenta o consumo de leite.

Pelo lado da oferta, esta cresce quando cresce a demanda (com reflexo imediato na elevação dos preços ao produtor), quando cai a inflação (porque o produtor percebe o aumento de sua renda mensal derivada do pagamento do leite e isso o estimula a aumentar a produção), ou quando, em termos relativos, a rentabilidade do leite está melhor que outras culturas. Esta última é muito recente e é a prova inconteste de que o leite hoje deixou de ser o patinho feio do agronegócio brasileiro.

E o que temos de tendência para o leite no Brasil em 2010, portanto, que cenário temos para os próximos cinco anos? Penso que: a) a produção tenderá a crescer mais que o consumo; b) teremos mais dificuldades para crescer as nossas exportações; c) haverá menos apoio governamental para os lácteos.

A primeira afirmação é obvia, de acordo com o gráfico 1. A cada década, a média anual de produção é maior que a anterior. Nesta meia década, somente o crescimento da produção média anual já equivale à produção do Uruguai em quatro anos e, seguramente, fecharemos a década com um acréscimo na produção média anual acima de toda a produção da Argentina. Se a produção crescerá mais que o consumo interno, será necessário marketing institucional e pesquisa e desenvolvimento, além de ações institucionais junto ao executivo e legislativo.

Gráfico 1. Produção anual de leite do Brasil. 1970 -2004. (em bilhões de litros)
 


A segunda é derivada do fato de que, ao crescermos, incomodaremos os concorrentes, que reagirão. Ademais, para crescer em novos mercados. Será necessário conhecer as peculiaridades dos consumidores, seus costumes e as legislações vigentes. Isso exigirá pesquisa (de mercado e de produto), marketing institucional e melhoria da qualidade do produto e, conseqüentemente, da matéria-prima, o que envolve pesquisa e defesa sanitária.

A terceira afirmação é obvia. Alguém acredita no contrário?

Enfim, tudo caminha para o Brasil ultrapassar a França no ranking mundial de maiores produtores de leite já em 2006, assumindo a quinta colocação. Mas isso poderá ser um grave problema. Ou uma grande oportunidade. Sem nenhuma ação preventiva do setor, teremos crise brutal e longa. Mas é possível evitá-la. Como isso é possível?

Para encontrar alternativas, sempre é bom verificar como outros países importantes encontraram desenhos institucionais para o leite. Além disso, sempre é bom verificar como outras cadeias melhor estruturadas no Brasil se organizaram para assegurar sólida participação no mercado interno e ganhos contínuos no mercado externo. Em ambos os casos, para se atingir os fins, o meio foi a criação de fundos específicos, com a participação voluntária ou não de recursos privados.

Voltaremos a esse assunto na próxima quinzena, depois da realização do V Congresso Internacional do Leite, que se realizará em Goiânia, entre 28 e 30 de novembro, um evento que tem o saudável apoio deste MilkPoint. Conheça a programação no site: www.cnpgl.embrapa.br/congresso/.

Até lá!

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JOSE RONALDO BORGES

CUIABÁ - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/12/2005

A pecuaria leiteira não tem espaço para crescer. A produção bate recorde e o preço despenca. A solução para os produtores é reduzir a produção. Não adianta os técnicos proporem melhoria no manejo e ter vacas mais produtivas, pois isso levará os produtores realmente ao fundo do poço.
WAGNER OLIVEIRA SOUZA

SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/12/2005

O consumo poderá ser amplamente expandido, se o governo determinar a distribuição do leite em pó na merenda escolar. Temos mais de trinta e seis milhões de crianças nas escolas e todos sairão ganhando; saúde para as crianças, empregos nas indústrias e no campo.
HELTON PERILLO FERREIRA LEITE

LORENA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/12/2005

Caro Dr. Paulo,



Concordo com quase tudo em seu artigo. Entendo que os preços estão baixos porque a oferta é maior que a demanda. Simples assim. E porque a oferta é maior que a demanda? Um dos motivos é a importação de leite. Em qualquer decisão de investimento econômico a primeira pergunta que se faz é sobre a sua necessidade. Ou como dizia meu avô Jovino, antigo fazendeiro, "precisa"?



Se não precisa, então para que importar leite? Temos leite suficiente para atender o mercado e estamos aumentando esta produção. O público não está pedindo mais. Para que importar? Não seria isto falta de política rural?



A conseqüência desta falta de política federal é o desmantelamento da cadeia produtiva começando no produtor rural, o elo mais frágil. Existe uma tendência de saída do negócio do leite. Vamos esperar acabar com um dos setores maiores geradores de emprego do país? Ou deveríamos (quem?) tentar alguma coisa? Talvez devêssemos lutar para dificultar a importação de leite. Estou fazendo minha parte ao escrever isto.



Helton P. F. Leite

Eng. Agr. - Produtor de leite em Lorena (SP)



<b>Resposta do autor:</b>



Senhor Helton,



Obrigado pela atenção.



As importações não explicam o excedente, por serem restritas, neste momento. O ideal é que não importassemos nada. Mas, não podemos impedir importações, pois estamos bravamente lutando para abrir mercados mundiais. Como fazer o discurso para a queda de barreiras e, ao mesmo tempo, criarmos barreiras internas?

AFONSO ANTÔNIO DA SILVA

UBERABA - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 06/12/2005

Concordo plenamente com o teor deste artigo. Não há dúvida que iremos crescer. A produção de leite está em torno de setenta por cento produzida a pasto. Se por um lado, nossa produtividade é baixa por outro lado nosso custo de produção também é baixo. Exemplo disso é que a partir de maio, mesmo havendo decréscimo de remuneração, a produção continou e continua crescendo.











RICARDO DE ANDRADE

OUTRO - MINAS GERAIS

EM 25/11/2005

Gostaria de saber, se possível, porque o leite e produtos oriundos do mesmo não baixaram para o consumidor final, sendo que as indústrias de leite e ou derivados só vêm baixando o preço do leite para o produtor Rural.



<b>Resposta do autor:</b>



Prezado Senhor Ricardo,



Como consumidores, todos nós temos sensibilidade acurada para perceber quando um produto sobe de preços. O mesmo não ocorre quando o preço do produto cai ou fica durante muito tempo com preço estável. Somente percebemos que o preço caiu quando a queda é brutalmente vertiginosa. Talvez por vício de profissão, tenho acompanhado o comportamento de preços na minha região, a Zona da Mata de Minas Gerais, e posso lhe afirmar que os preços dos derivados estão caindo.



Mas, é sempre possível imaginar que este fenômeno é localizado. Então, vamos para dois indicadores nacionais. O primeiro é o SimLeite, um sistema de monitoramento de preços de leite e derivados, que acompanha preços quinzenalmente no atacado em onze estados brasileiros. Este levantamento é feito por Embrapa Gado de Leite, Cepea/USP, OCB e CBCL. Posso lhe afirmar que o preço de leite fluido, leite em pó, manteiga e queijos mussarela e prato estão caindo no atacado. O segundo é o levantamento de preços do IBGE para a elaboração do INPC. Há quatro meses que o IBGE vem demonstrando queda de preços no varejo.
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/11/2005

Sempre tenho a tendência de concordar com os pensamentos lançados pelo Paulo em sua coluna. De novo concordo com os fatos e as necessidades descritos, mas desta vez me manifesto porque tenho uma visão diferente do futuro.



Não creio, no futuro próximo, que os preços vão continuar caindo. Superamos o déficit na balança comercial readequando nossos preços ao câmbio, mas hoje existe superávit e assim devemos fechar o ano.



Hoje há desestímulo, mas a indústria e o setor têm maturidade suficiente para sustentar uma relação contratual equilibrada. Não há interesse em deteriorar as parcerias, hoje muito mais profissionais, conquistadas nos dois anos passados.



A conquista de novos mercados é nossa única saída. Como a soja, carnes, laranja e café, o leite brasileiro só será destaque como commodity exportável.



Difícil ou fácil é o único caminho e nosso esforço nesta matéria é que vai ditar a evolução da produção na década de 00 a 10. Vamos lembrar que, apesar do crescimento demonstrado no gráfico, sempre fomos importadores líquidos e a novidade dos anos 2000 é a autosuficiência. Não haverá mais crescimento sem exportação.



Quanto ao item 3, considero uma incógnita. Mas hoje precisamos reconhecer que poucos produtos agrícolas têm os recursos disponíveis que o leite tem, principalmente para investimento.

LUCIANO FERES JACOB

SÃO SIMÃO - GOIÁS - EMPRESÁRIO

EM 21/11/2005

Infelizmente Dr Paulo tenho que concordar com o senhor, estamos próximos ao fundo do poço, mas poderia ser bem pior. Lembro-me há dois anos um colega, numa conversa entre produtores da minha cidade, que disse num tom de arrogância:"Eu sou produtor de soja tenho dó de vocês pecuaristas", hoje eu posso dizer: "Sou produtor de leite e tenho dó de vocês agricultores". São coisas que acontecem no Brasil .



Abraços ,



Luciano Jacob

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