A recuperação na captação formal de leite no 2º trimestre de 2023, antes anunciada pela prévia da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE, foi confirmada através dos resultados definitivos da pesquisa, divulgados hoje (06/09).
Com 5,72 bilhões de litros de leite captados, o segundo trimestre do ano encerrou com uma alta de 4,0% em relação ao mesmo período de 2022, como mostra o gráfico 1, quando haviam sido captados 5,50 bilhões de litros.
Tabela 1. Captação mensal de leite no Brasil
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IBGE, 2023.
Gráfico 1. Captação formal: Variação em relação ao mesmo trimestre do ano anterior
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IBGE, 2023.
Sobre os principais estados produtores de leite, Minas Gerais segue sendo o maior produtor do país, com 1,31 bilhão de litros captados no segundo trimestre deste ano. Entretanto, apesar do volume ainda muito significativo, representando 23% de todo o leite captado no Brasil no último trimestre, o estado continuou apresentando queda quando comparado com o mesmo período de 2022, ficando 3,1% abaixo do total de leite captado no estado no 2º trimestre do ano passado.
Assim como Minas Gerais, São Paulo também enfrentou novas quedas na captação em 2023, com uma variação anual de -5,1% no último trimestre.
Já os estados da região Sul continuaram a passar por crescimento em seus volumes de captação, com destaque para Santa Catarina, que obteve uma expressiva variação de +11,8%, com os crescimentos observados para Rio Grande do Sul e Paraná ficando em +4,7% e +2,9%, respectivamente, como mostra o gráfico a seguir.
Gráfico 2. Variação na captação formal dos principais estados produtores entre o segundo trimestre de 2023 e o mesmo período de 2022
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IBGE, 2023.
Dessa forma, ao analisar as regiões brasileiras, a região Sul continuou passando por variações positivas na captação do 2º trimestre (+6,3%), enquanto a região Sudeste seguiu enfrentando recuos quando comparado com o resultado de 2022 (-2,2%), mantendo o Sul como a principal região produtora do Brasil.
Porém, o maior destaque de crescimento percentual foi obtido pela região do Nordeste, que enfrentou mais uma variação positiva em 2023, com o volume captado no 2º trimestre ficando 16,2% superior ao captado no mesmo período de 2022, como pode ser observado no gráfico 3.
Gráfico 3. Variação na captação formal de leite das regiões brasileiras entre o segundo trimestre de 2023 e o mesmo período de 2022
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IBGE, 2023.
O forte aumento na captação de leite no Nordeste foi puxado principalmente pelos resultados dos estados de Alagoas, Sergipe e Ceará, que obtiveram variações anuais de 47,6%, 27,3% e 17,9%, respectivamente, no último trimestre. Apesar da região Nordeste ainda ser a segunda menor na captação de leite formal no Brasil, representando apenas 9,1% do total captado no 2º trimestre de 2023 – muito abaixo da representatividade que somente o estado de Minas Gerais possui - este é um importante aumento, mostrando que existe um grande potencial para expandir ainda mais a produção de leite na região.
O que influenciou no aumento da captação?
Um dos fatores que colaboraram para este aumento na captação de leite no Brasil no último trimestre é resultado de uma melhora na Receita Menos o Custo de Alimentação (RMCA) do produtor, observada desde o 2º semestre de 2022 até meados de maio deste ano, como mostra o gráfico 4. Essa melhora no RMCA foi impulsionada principalmente pela redução dos preços dos concentrados, como milho e soja. No entanto, é importante notar que, mais recentemente, a queda nos preços pagos aos produtores começou a afetar negativamente o RMCA.
Gráfico 4. Receita Menos Custo da Alimentação (RMCA)
Fonte: CEPEA; SEAB – PR; MilkPoint Mercado.
Expectativas para o restante de 2023
Dessa forma, com o fechamento dos dados do 2º trimestre, o primeiro semestre de 2023 encerra com uma alta de 1,3% em relação ao volume captado no primeiro semestre do ano passado, reforçando expectativas mais positivas para o restante do ano.
O principal desafio que se contrapõe a esse aumento da produção em 2023 é a continuidade da saída de produtores e vacas da atividade. Isso se deve aos recentes cortes nos preços pagos aos produtores, que estão criando um cenário mais desafiador para a viabilidade da produção de leite em algumas fazendas, mesmo diante de um patamar de preços ainda baixo para os grãos brasileiros, que compõem uma importante parcela do custo da produção.
Apesar do atual cenário desafiador para o produtor de leite, a expectativa é que a tendência de aumento da produção no Brasil perdure ao longo do segundo semestre, e que 2023 apresente crescimento anual.