Enquanto o setor agrícola cresce a todo vapor, constituindo-se no principal setor exportador do Uruguai, a produção animal passa por maiores incertezas e enfrenta mercados que voltam a impor restrições.
Recentemente, as exportações de leite do Uruguai ao Brasil perderam sua licença automática de entrada pela resolução da Câmara de Comércio Exterior do Brasil (Camex), sob o argumento de que as compras de produtos uruguaios têm aumentado muito este ano. Efetivamente, aumentaram a partir de níveis muito baixos e devido ao fato de o Uruguai ter produtos e o Brasil ter demanda.
Dizer que a resolução transgride o espírito do Mercosul já é lugar comum. O certo é que a produção de lácteos do Uruguai volta a enfrentar problemas nos mercados externos. Primeiro, foi a re-implantação de subsídios por parte da Europa e dos Estados Unidos, após as dificuldades para concretização de negócios com a Venezuela. Agora, as limitações impostas pelo Brasil.
Apesar de tudo isso, a produção de leite do Uruguai está se recuperando depois dos efeitos da terrível seca. Embora as sequelas da seca ainda persistam, a produção está se recompondo à base de maiores custos de alimentação, de forma que hoje supera em mais de 10% a registrada no mesmo período do ano passado.
Similarmente, as exportações do setor - embora estejam claramente abaixo das do ano passado - se sustentam acima das de 2007. Os números indicam que, nos primeiros cinco meses do ano, o setor acumulou exportações de US$ 133 milhões, valor quase 20% inferior ao mesmo período do ano anterior, mas 33% maior do que em 2007.
É esperado que as exportações desse ano fiquem, no entanto, em um nível similar ao de 2007, dado que no meio daquele ano, começou o vertiginoso aumento de preços, hoje coisa do passado. No mercado internacional, hoje se vê uma estabilização de preços que marcam um piso nas cotações e a possibilidade de certa recuperação.
No entanto, a mesma não seria drástica. Embora se veja um ajuste para baixo nas projeções de produção, tanto dos Estados Unidos como da União Europeia (UE), a Europa ainda tem uma produção importante que se acumula nos estoques de intervenção, principalmente de leite em pó desnatado. À medida que a quantidade de produto destinado a esses estoques se reduz, o mercado responde com alta.
Por outro lado, a demanda tem se sustentado, apesar da crise global, o que é um dado animador. No entanto, essa demanda é sensível a preços e qualquer aumento abrupto afeta as compras. A Europa, em particular, assiste ao fortalecimento de sua moeda, o que complica sua competitividade com relação aos lácteos dos EUA.
Com esse panorama, para o produtor de leite uruguaio continua sendo crítico o perfil de custos. Com uma base forrageira ruim e baseada em pastagens caras, o custo de produção continua acima do preço do produto, na maioria dos casos. De todas as formas, o aumento da bonificação de inverno, definido pela Cooperativa Nacional de Produtores de Leite do Uruguai (Conaprole), é animador para o produtor, permitindo que cubra seus custos diretos, melhore suas finanças e sustente-se melhor para quando se normalizarem as chuvas e aumentar a produção de alimento barato (pasto).
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
Uruguai: produção retoma crescimento
Enquanto o setor agrícola cresce a todo vapor, constituindo-se no principal setor exportador do Uruguai, a produção animal passa por maiores incertezas e enfrenta mercados que voltam a impor restrições. Apesar disso, a produção de leite do Uruguai está se recuperando depois dos efeitos da terrível seca. Embora as sequelas da seca ainda persistam, a produção está se recompondo à base de maiores custos de alimentação.
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