Na ampla lista de produtos a serem submetidos à nova alíquota, que será de 10%, estão produtos agrícolas, como soja, milho, algodão, peixes e tabaco; minérios, petróleo e gás natural; todo tipo de papel (para bíblias, jornais, cadernos e até papel higiênico); plásticos e componentes químicos; bolsas e malas de viagem, artigos de vime, tecidos e até antiguidades.
Até agora, as tarifas americanas contra os chineses englobavam primariamente produtos de tecnologia, e atingiam US$ 50 bilhões em importações ao país. Com a nova medida, a exposição de Pequim às alíquotas quintuplica.
“É uma resposta apropriada”, afirmou o embaixador Robert Lighthizer, representante da autoridade de comércio norte-americana, nesta terça. “Há mais de um ano, nós temos sido muito claros sobre as mudanças que a China deveria tomar. Infelizmente, a China não mudou seu comportamento.”
O governo dos EUA acusa o país asiático de roubo de propriedade intelectual, e argumenta que está respondendo à retaliação chinesa contra as tarifas americanas de 25%, que começaram a valer na semana passada.
Os americanos impuseram as sobretaxas primeiro. Foram atingidos itens como telas do tipo touchscreen, baterias, aeronaves, navios, motores de carros, radares, equipamentos de diagnóstico médico e máquinas agrícolas, entre outros.
Uma investigação do governo dos EUA acusou a China de forçar acordos com empresas de tecnologia americanas que exigiam a transferência de conhecimento para estatais do país, no que seria uma manobra desleal.
Na prática, a iniciativa também faz parte de uma investida dos EUA contra o poderio econômico chinês, que o governo Trump já qualificou como “uma ameaça à influência e aos interesses americanos”. Já os chineses, que afirmaram não terem outra opção a não ser responderem na mesma toada, afirmam que a administração Trump adota um “comportamento míope”.
Na época, Pequim anunciou, poucas horas depois, tarifas retaliatórias a 659 produtos americanos. A lista chinesa centrou fogo em produtos agrícolas dos EUA, como carne de boi, frango, peru, algodão, soja e outros grãos, além de carros, uísque e tabaco. “A China não quer uma guerra comercial, mas não temos outra opção a não ser nos opormos fortemente a isso”, informou o ministério do Comércio chinês, no mês passado.
Agora, a expectativa é que a escalada entre os dois países volte a se intensificar – e que uma nova retaliação seja anunciada nas próximas horas pelo governo de Xi Jinping. As alíquotas propostas pelos americanos nesta terça ainda serão submetidas à consulta pública até o final de agosto, e só passarão a valer depois disso, ou seja, dentro de dois meses, no mínimo.
Washington tenta forçar Pequim a negociar para reduzir o déficit comercial com os EUA – uma obsessão de Trump, que afirma que os chineses têm tirado vantagem do país. No ano passado, esse déficit, no caso de mercadorias, foi de US$ 505 bilhões (pouco menos de R$ 2 trilhões). O comércio com a China, portanto, representa 60% de todo o déficit comercial dos EUA.
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As informações são do jornal Folha de São Paulo.