“A agropecuária brasileira vai continuar crescendo sem desmatar uma única árvore sequer”, respondeu a ministra. “Nós temos capacidade de incluir quase 30% a mais de produção sem destruir sequer uma árvore, um pé de árvore em todo o nosso território”.
Tereza Cristina observou ainda que o Brasil “tem um Código Florestal dos melhores do mundo”. Segundo a ministra, a legislação estabelece que o produtor brasileiro tem de preservar boa parte de sua propriedade pagando impostos por toda a área. No cerrado, bioma característico da Região Centro-Oeste, 20% de cada propriedade têm ser preservados, além de matas nativas, margens de rios, etc. Na Amazônia, a ministra lembrou que são 80% de área preservada. “E, assim mesmo, o mundo ainda nos ataca, dizendo que somos transgressores da lei. O produtor brasileiro produz de forma sustentável, com todas as dificuldades de infraestrutura que ele enfrenta em nosso país”, afirmou ao lado dos ministros Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) e Bento Costa Lima Leite (Minas e Energia).
"Caminho certo"
A ministra disse aos investidores que o Brasil precisa continuar buscando novos mercados pelo mundo, porque a produção brasileira “continua a crescer de maneira sustentável”. E afirmou: “Temos uma missão de colocar, até 2050, 40% a mais de alimentos na mesa do mundo”. Ela ainda explicou que o Brasil hoje tem acesso a vários mercados mundiais e quer reforçar seus laços de parceria com os Estados Unidos. “Estamos vindo discutir os nossos mercados, que são muito parecidos na agropecuária”.
Em seu discurso no evento, o presidente Jair Bolsonaro elogiou os ministros e afirmou que Tereza Cristina “está muito preocupada com questões comerciais que, por vezes, nos assombram”. E completou: “Ela com toda certeza tem buscado o caminho certo”. Além disso, o presidente afirmou ainda que um dos problemas que ele vai tentar resolver nos Estados Unidos envolve a produção de soja, mas não deu detalhes.
Depois, na entrevista coletiva, o porta-voz da Presidência, Otávio Rego Barros, foi perguntado sobre a fala da ministra, segundo a qual Brasil e Estados Unidos devem caminhar para assinatura de acordos comerciais bilaterais. Rego Barros confirmou e disse que, futuramente, “o presidente terá de se debruçar sobre o assunto” para estudar sua viabilidade.
A ministra também falou do novo momento vivido pelo país, a partir da eleição de Bolsonaro, em outubro do ano passado: “Existe um otimismo do brasileiro de que o país vai para um novo mundo. O setor produtivo brasileiro está apostando todas as suas fichas neste governo, as reformas econômicas devem acontecer em breve para que o Brasil entre nos eixos, e sob o comando do presidente Bolsonaro, acho que o país entra numa nova era, num novo tempo, em que as relações serão melhores entre a política, o Judiciário e o Executivo. Queremos um Brasil globalizado, aberto de lá para cá e daqui para lá. É isso que queremos no novo momento que vivemos no nosso país”.
Em seu discurso inicial, a ministra fez uma firme defesa de um comércio mundial “equilibrado e justo”. Ela lembrou que o Brasil é o terceiro maior exportador agrícola do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da União Europeia, com 7% do total do comércio agropecuário internacional, mas continua “trabalhando incansavelmente” pela abertura de mercados e por condições iguais nos mercados que já estão abertos.
“Para ganhar acesso a novos mercados, temos ciência de que teremos também de dar acesso (de outros países) a nosso grande mercado doméstico. Essa liberação de nossos mercados será benéfica e será feita de forma estratégica e responsável, assegurando que nossas cadeias produtivas possam se adequar aos padrões de competitividade global. Sem descuidar de nossos parceiros tradicionais, buscaremos diversificar nossos mercados de destino, tendo em vista que o setor agropecuário brasileiro tem um cesta de produtos das mais abrangentes. É natural que nossa pauta exportadora seja também mais transversal”, disse Tereza Cristina.
Ela disse que o ministério tenta identificar novos mercados consumidores sem descuidar da sustentabilidade e da preservação ambiental. “Essa agenda ambiciosa não exclui de nossa política agrícola a sustentabilidade”, disse.
Além disso, Tereza Cristina comentou sobre a reaproximação entre os governos brasileiro e norte-americano que inclui a atividade do agronegócio. A ministra lembrou que nesta terça-feira terá encontro com o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue, no Departamento de Agricultura. “É uma reaproximação com a Secretaria de Agricultura e vamos tratar de temas importantes para os dois países. Isso depois evoluirá de maneira normal”, declarou. Sobre possível diálogo envolvendo a retomada das exportações de carne bovina in natura, a ministra observou: "Estamos retomando, colocando à mesa, novamente esse tema que é importante para o mercado. Mas também não é um assunto que esperamos levar uma solução pronta”, afirmou.
Ainda na terça-feira, Tereza Cristina acompanhará o presidente Bolsonaro em visita à Casa Branca. O presidente terá encontro privado com o presidente Donald Trump e, depois, haverá almoço de trabalho com a participação de toda a comitiva.
Banco Interamericano
Na manhã de ontem, a ministra se reuniu com o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno. "Conversamos sobre como o banco pode ajudar em projetos de apoio aos pequenos produtores, com assistência técnica efetiva que promova aumento da produtividade no campo. Na pauta, conectividade, micro-bacias e fortalecimento da defesa agropecuária", destacou.
De Washington, a ministra seguirá a Nova Iorque, onde será a convidada de honra em evento do Council of The Americas, no Hotel Plaza Athénée, com investidores e executivos internacionais. De início, haverá uma reunião com a CEO do Council of The Americas, Susan Segal, e depois um café da manhã privado com cerca de 20 pessoas.
A ministra fará um pronunciamento e responderá perguntas dos participantes. No fim, haverá espaço para a concessão de entrevistas à imprensa. Depois, Tereza Cristina participará de evento do Banco do Brasil em parceria com a Câmara de Comércio Brasil Estados Unidos.
Na quinta-feira (21), terá um café da amanhã com executivos e empresários no The National Hotel, em evento promovido pela XP Investimentos. À tarde, viajará de volta ao Brasil.
As informações são do Mapa, resumidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.