A tensão entre Estados Unidos e Irã ligou o sinal de alerta do setor agropecuário brasileiro, que vendeu mais de US$ 2,2 bilhões em produtos ao país do Oriente Médio em 2019. A relação comercial envolve a exportação, pelo Brasil, principalmente de grãos, carnes e açúcar, e a importação de ureia, utilizada para a fabricação de fertilizantes. Autoridades de Brasília e entidades privadas acompanham a situação para medir possíveis impactos na agenda internacional.
Ao lado do Japão, o Irã é o principal comprador de milho do Brasil. Em 2019, segundo dados da Secretaria de comércio Exterior (Secex), absorveu 14% dos embarques do cereal, que foi o principal produto da pauta exportadora brasileira para aquele país — cerca de 44% das vendas totais aos iranianos no ano passado. De janeiro a novembro, foram 5,4 milhões de toneladas, ou quase US$ 1 bilhão.
Segundo o diretor-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, a “situação preocupa”. O principal temor é que, diante da provável ampliação dos embargos dos EUA ao Irã, os embarques do Brasil sejam afetados. Por enquanto, as negociações continuam normais, mas o monitoramento é constante.
“O acirramento das tensões também pode levar a uma piora na situação econômica do Irã e à diminuição das compras. Além do aprofundamento das sanções econômicas e das dificuldades logísticas de enviar as cargas até lá”, diz Matheus Andrade, consultor em Comércio Exterior da MBJ Consultores Associados. Ele diz que a turbulência gerada e o posicionamento tomado pelo Brasil frente ao conflito podem atrapalhar de alguma forma a relação comercial também com países vizinhos, como o Iraque. “Mas as dificuldades só devem ocorrer em caso de um conflito de maiores proporções”. A preocupação, segundo o especialista, é pela importância do Oriente Médio para as carnes do Brasil.
As informações são do Valor Econômico.