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Especial agricultura 4.0: startups e tecnologia facilitam a vida do produtor

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 27/09/2018

8 MIN DE LEITURA

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Não é errado dizer que o Brasil já colhe resultados da agricultura 4.0. O uso da inteligência artificial para aprimoramento de sistemas e processos produtivos e redução de perdas na produção; a adoção de novas tecnologias para agregar valor aos alimentos e a integração lavoura-pecuária e florestas não é mais futuro. É presente.

"A utilização das tecnologias disponíveis para a agropecuária pode duplicar a produção de alimentos no Brasil e nos trópicos", afirma Cleber Oliveira Soares, diretor de inovação e tecnologia da Embrapa. "Cerca de 70% do incremento da produtividade agropecuária se deve ao uso de novas tecnologias", diz ele.

Foi por enxergar a necessidade de acompanhamento mais assertivo do comportamento alimentar de bezerras leiteiras entre 0 e 90 dias que os sócios Nelson Nunes e Gustavo Salvati criaram, há dois anos, a Systech Feeder. A startup é responsável pelo desenvolvimento de um alimentador de bezerras que, além de oferecer o alimento, mede com precisão a quantidade ingerida de concentrado à base de milho, soja e sais minerais. Os sensores do comedor também captam informações sobre peso e crescimento dos animais. "Como a tecnologia é conectada à nuvem, envia informações em tempo real para o smartphone do produtor de leite", diz Salvati. "Hoje, 80% dos criadores de gado de leite não usam nenhum tipo de controle em relação à alimentação de bezerras de até 90 dias, o que pode impactar na quantidade de leite produzida no futuro por cada animal." 

O comedor com a tecnologia embarcada custa cerca de R$ 2 mil, valor que pode diminuir com a produção em escala. Três protótipos estão sendo testados no campo, um deles na França, como parte do projeto Farm of the Futere, na área de nutrição animal. Saiba mais sobre a Systech Feeder aqui.

Também focado na agropecuária, um setor que soma mais de 230 milhões de cabeças de gado, com um PIB de R$ 523 bilhões, o empresário João Guilherme Soares desenvolveu em parceria com Maurílio Campos a Gado e Cia, primeiro marketplace de compra e venda de gado por aplicativo. "A ideia surgiu quando um corretor de gado revelou ter dificuldade em organizar mais de 200 grupos interessados em compra e venda de gado via rede social, cada um com mais de 3 mil pessoas", diz Soares. "Analisei o mercado e confirmei que tinha uma boa oportunidade de negócio." O primeiro passo da startup, com sede em Goiânia, foi criar um catálogo virtual dos animais, com informações básicas como raça, idade, peso e preço. "Em três meses registramos mais de 10 mil downloads e mais de 100 lotes de animais expostos", afirma. "Ficou inviável processar a venda de forma manual, com mensagens pelo WhatsApp."

Selecionada pela Ace Aceleradora, a startup desenvolveu uma tecnologia mobile, por meio da qual o vendedor anuncia diretamente na plataforma e o interessado marca virtualmente a visita para conferir os animais in loco. "Se o negócio for fechado, a Gado e Cia recebe 1% de cada uma das partes sobre o valor da venda no caso de gado de corte e R$ 100 de cada um, se for gado de leite", diz Soares. A versão final do app foi para o ar em agosto desse ano e já soma mais de 40 mil pecuaristas em sua base. A meta é saltar de 15 para 100 transações ao mês em 2019.

startups no agronegócio

Agritechs auxiliam os gestores na tomada de decisão

Que tal medir o crescimento da floresta plantada não apenas uma vez ao ano, mas todos os dias? É essa a pergunta que Esthevan Gasparoto, CEO da Treevia, startup fundada em 2016, em São José dos Campos (SP), faz aos donos das fazendas que visita Brasil afora. Antes, a tarefa exigia a mão de obra de mais de uma centena de pessoas, era realizada uma vez ao ano e ainda produzia dados imprecisos. Agora, é feita em tempo real com a ajuda da tecnologia.

O sistema, batizado de SmartForest pela Treevia, é o primeiro no mundo na área de processamento florestal preparado para a era da internet das coisas. Utiliza sensores eletrônicos capazes de monitorar o crescimento, a qualidade e a saúde das árvores de forma remota, contemplando todos os dados necessários para compor o inventário florestal. "O Brasil tem hoje 8 milhões de hectares de florestas plantadas. Medir a floresta é essencial, pois garante uma tomada de decisão mais assertiva, um manejo florestal baseado em dados", diz Gasparoto, que tem na carteira de clientes nomes como Suzano, Gerdau e Klabin.

O processo é simples. Um equipamento sem fio, em forma de cinto, abraça a árvore. À medida que a planta vai crescendo, o dispositivo vai captando as mudanças de diâmetro e transmitindo as informações para uma plataforma web. Os dados obtidos das árvores somam-se às informações extraídas das imagens de satélite ou captadas por drones, o que permite o recobrimento da floresta de ponta a ponta. O cruzamento dos dados via machine learning e big data resulta em relatórios, que ajudam os gestores na tomada de decisão. A tecnologia passou a ser embarcada em um tablet da Samsung, com foco no mercado florestal.

A parceria da Treevia com a Samsung é uma realidade que começa a se repetir com mais frequência no segmento e tende a crescer nos próximos anos. "As gigantes do agro mundial enxergam nas startups inovadoras um caminho mais ágil para solucionar seus problemas de processos e produtos", afirma José Tomé, cofundador do AgTech Garage, hub de inovação com sede em Piracicaba, SP. "A inovação hoje é distribuída, não é mais feita apenas dentro de casa. Por isso, as grandes empresas precisam se posicionar para ser o parceiro escolhido pelas startups, e não para escolhê-las."

As oportunidades se multiplicam para dentro e fora da porteira, a ponto de pela primeira vez a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) adotar um tema setorial para permear todas as discussões da conferência nacional anual, que aconteceu entre os dias 17 e 20 deste mês, em Goiânia. "A chegada de uma verdadeira revolução tecnológica ao campo, com adoção de internet das coisas, sensores, big data e drones, tem provocado mudanças muito positivas não só dentro da porteira, mas em muitos elos da cadeia do agronegócio", diz José Alberto Sampaio Aranha, presidente da Anprotec. "O universo das incubadoras, parques tecnológicos e universidades tem de estar atento a esse movimento, conhecer melhor as agritechs."

Dentre as 7 mil startups brasileiras em operação, 135 estão voltadas ao agronegócio, segundo estudo da KPMG. A maioria desenvolve tecnologias inovadoras que ajudam o produtor na tomada de decisões mais precisas no campo. É o caso da Sensix, criada em 2015, em Uberlândia, MG, por Carlos Ribeiro e Thomaz Lemos. A agritech oferece uma solução na nuvem de processamento de imagens captadas por drones e gera indicadores agronômicos que facilitam a vida dos agricultores. A tecnologia, que está implantada em lavouras de grãos, cana-de-açúcar, algodão e hortifrúti em cinco Estados, auxilia na solução de problemas de falhas de plantio, anomalias associadas à incidência de doenças e pragas; zoneamento de variabilidade nutricional das plantas, entre outros pontos.

"Somos a primeira plataforma na América Latina a oferecer esse tipo de informação de forma precisa e ágil", afirma Ribeiro. "No caso da safra de soja, por exemplo, fazemos uma média de quatro sobrevoos, o que permite corrigir de forma rápida possíveis problemas e não esperar todo o ciclo para saber se o resultado foi bom ou ruim". Segundo ele, o grande desafio ainda é provar ao mercado e, principalmente ao agricultor, a real necessidade de adotar a agricultura de precisão o quanto antes. "Quem não entender essa necessidade com agilidade, perderá produtividade e ganhos", afirma. Investida pela Algar Ventures, a startup espera monitorar 250 mil hectares na safra de 2018, o equivalente a cinco vezes o volume de 2017, a um custo que varia de R$ 6 a R$ 8 por hectare processado.

Avanço da digitalização exige estratégia de longo prazo

A transformação digital no agronegócio tem de ser encarada como uma jornada. "É preciso mapear os problemas, definir as prioridades e traçar uma estratégia que faça sentido para o negócio", aconselha Raul Guaragna, diretor de operações industriais da Tereos. Na empresa, a avaliação dos processos leva em conta a estrutura das unidades produtivas, a tecnologia disponível e os investimentos necessários para avançar na agricultura 4.0. Traçar um plano ajuda a identificar os pontos mais críticos e as possibilidades de ganhos. Entre os exemplos, ele cita o da conectividade. "Não é viável, nem necessário, captar informações em tempo real para tudo."

Como ativos tecnológicos a Tereos mantém drones, tratores conectados, colhedoras inteligentes, estações meteorológicas, entre outros. Para comunicação utiliza desde conexão direta entre as máquinas por proximidade - com tecnologias como a de bluetooth presente nos celulares - até satélites. A combinação tem permitido à empresa testar hipóteses de negócios e processos, comprovando a possibilidade de reduzir custos e ampliar a produtividade. "Os ganhos são relativos, dependem do processo e do nível tecnológico utilizado em cada unidade. Em alguns há um aumento de produtividade de 10%, em outros de mais de 100%", exemplifica Guaragna, sem fechar um número global para a operação.

Segundo ele, a lavoura de cana responde por 60% dos custos de produção e a agricultura digital é primordial para a empresa manter as margens das commodities que comercializa. A lavoura também está integrada ao processo industrial, o que aumenta a previsibilidade - e melhora a operação - em processos como o de logística e transformação industrial.

Pedro Rocha, gerente de produtos da Climate - divisão de agricultura digital da Bayer - lembra que muitos dados já estão disponíveis, em sensores embarcados nos equipamentos. Só precisam ser captados e transformados em informação útil para os negócios. Os planos da Climate incluem a criação de uma plataforma tecnológica para integrar dados e oferecer soluções que atendam a demanda dos produtores. A meta é garantir acesso à tecnologia, de forma simples. "O agricultor precisa ter na tela as informações necessárias para tomar suas decisões", comenta.

Para Rocha, há uma transformação em curso em toda a cadeia do agronegócio, com informações que serão utilizadas para criar serviços, reduzir riscos e beneficiar o produtor rural. "O maior desafio é gerar valor a partir dos dados colhidos no campo", conclui.

As informações são do jornal Valor Econômico.

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