RS: Dia Estadual do Leite tem cenário negativo

O sabor dos produtos lácteos servidos na manhã de ontem (16) na Fetag, em Porto Alegre, contrastou com os debates pesados protagonizados no Seminário Estadual do Leite. O evento, promovido pela entidade e pelo Sindicato das Indústrias de Laticínios (Sindilat), teve como um dos focos as perspectivas negativas de preço pago aos produtores, uma vez que a entrada da safra deverá aumentar a oferta às indústrias.

Publicado por: MilkPoint

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O sabor dos produtos lácteos servidos na manhã de ontem (16) na Fetag, em Porto Alegre, contrastou com os debates pesados protagonizados no Seminário Estadual do Leite. O evento, promovido pela entidade e pelo Sindicato das Indústrias de Laticínios (Sindilat), teve como um dos focos as perspectivas negativas de preço pago aos produtores, uma vez que a entrada da safra deverá aumentar a oferta às indústrias.

A preocupação em relação à baixa cotação do litro do leite na porteira e o descontentamento com a divisão favorável ao varejo de margens ganharam voz na palavra do presidente da Fetag, Elton Weber. "O aumento de preços cobrados do consumidor não se reverte na proporção adequada ao produtor. No meio dessa cadeia, as indústrias não respeitam o preço mínimo recomendado pelo Conseleite e os mercados ficam com uma fatia ainda maior do lucro." Weber reforçou a contrariedade do setor em relação à perspectiva de novas importações de leite, em um momento de ampla oferta do produto. "Não podemos repetir 2008, quando recebemos menos de R$ 0,40 pelo litro em outubro", advertiu. Levantamento da Fetag indica que o produtor recebe, em média, R$ 0,62 pelo litro. As indústrias obtêm R$ 1,96 pelo leite beneficiado, que chega às gôndolas a preços de até R$ 2,48.

Esforço fez o secretário executivo do Sindilat, Darlan Palharini, para justificar a diferença de valores entre o que recebe o produtor e o que ganham as empresas. Segundo ele, embora a produção seja crescente, o Rio Grande do Sul absorve apenas 40% do volume. "O restante tem de ser exportado ou colocado em outros estados, mas aí enfrentamos o aumento dos custos e a tributação imposta por outros governos. Temos de trabalhar juntos para reduzir custos e aumentar a competitividade", argumentou Palharini.

O contraponto veio do deputado Heitor Schuch. "O Sindilat justifica os baixos preços pagos com os custos de transporte para outros estados. Mas grandes empresas vêm para cá. Crescem a produção e a capacidade de processamento. Aqui é o melhor lugar para as indústrias, ou não viriam para cá. Só não é bom para o produtor", criticou. Consultor de Política Setorial do Leite do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Gustavo Valone explicou as ações desenvolvidas para recuperar a rentabilidade dos produtores. A principal delas é a negociação com países vizinhos sobre as importações. "Recentemente o MDA cancelou as licenças automáticas de importação da Argentina e do Uruguai. Fizemos um novo acerto com eles para o fracionamento das cotas ao longo do ano, em volumes menores."

Para Valone, o Rio Grande do Sul é o que menos paga aos produtores entre os três estados do Sul. Como sugestão, apresentou caso verificado no Centro-Oeste. "Cooperativas de produtores se uniram em Centrais no estado de Goiás, Minas Gerais e Paraná, fortalecendo as negociações de leite de cada estado frente às indústrias. Assim, ganharam mais força na hora de discutir preço".

Ao final do encontro, as entidades participantes elaboraram carta com reivindicações que deverá ser encaminhada aos governos federal e estadual. A Fetag advertiu: caso o cenário de baixa de preços se confirme e as reivindicações não surtam efeito, não está descartada a realização de mobilizações.

Reivindicações

Governo federal
- Revisão da importação de lácteos e da Tarifa Externa Comum para produtos oriundos de países do Mercosul, atualmente em 27%, para 55%;
- Aumento da tarifa antidumping para produtos lácteos provenientes de países de fora do Mercosul;
- Ampliação de políticas públicas de apoio à comercialização e à sustentação de preços aos produtores, como forma de proteger os agricultores das oscilações de mercado;
- Combate à guerra fiscal entre estados, que tem prejudicado a competitividade do produto gaúcho.

Governo do Estado
- Agilizar a tramitação do projeto de lei apresentado pela Fetag e que se encontra na Assembleia Legislativa prevendo que todo incentivo fiscal concedido às indústrias de laticínios leve em consideração o cumprimento dos parâmetros de preços estabelecidos pelo Conseleite;
- Implementação conjunta entre Executivo e setor produtivo de campanhas de incentivo ao consumo de produtos lácteos;
- Inclusão da Associação Gaúcha de Supermercados no Conseleite, para ampliar o debate da cadeia.

As informações são da Fetag, publicadas no jornal Correio do Povo/RS, adaptadas e resumidas pela Equipe MilkPoint.
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