Mary Ledman, estrategista global de laticínios no Rabobank, disse que as tarifas dos EUA sobre produtos lácteos da UE terão um grande impacto. No total, cerca de 107.000 toneladas de laticínios da UE se enquadram nos 65 códigos HTS, sujeitos a tarifas ad valorem adicionais de 25%, a partir de 18 de outubro.
“As importações totais de queijo dos EUA registraram quase 176.000 toneladas em 2018, com os queijos da UE representando 134.000 toneladas”, disse Ledman. Os 58 códigos HTS para queijo sujeitos à tarifa adicional representam cerca de 55% (73.000 toneladas) das importações americanas em 2018. Ledman disse ainda que os queijos italianos são os mais vulneráveis, com quase 20.000 toneladas (cerca de 60%) de suas exportações para os EUA em 2018 cobertas pelos códigos HTS e sujeitas a tarifa adicional.
“A Irlanda também sentirá o peso das tarifas adicionais nas exportações de manteiga e queijo para os EUA”, disse Ledman. As exportações combinadas de queijo irlandês (20%) e manteiga (80%) para em 2018 totalizaram mais de 35.000 toneladas, e agora estarão sujeitas à tarifa adicional. Até julho de 2019, as exportações irlandesas de manteiga e queijo estão mais de 30% maiores quando comparadas ao ano anterior, provavelmente em antecipação às possíveis tarifas mais altas.
"Quanto mais tempo as tarifas são impostas, maior a erosão do mercado", afirmou Ledman. “No curto prazo, menos de três meses, é esperado um impacto limitado no mercado. As importações de longo prazo e com preços mais altos enfrentarão maior concorrência dos fabricantes nacionais e globais de manteiga e queijo especiais”.
Ledman acrescentou que uma sobretaxa de 25% sobre um produto já caro pode fazer com que os clientes escolham um queijo doméstico mais barato ou uma importação não pertencente à UE. Muitos queijos europeus importados são comercializados e distribuídos por empresas de alimentos especiais, que também têm queijos nacionais especializados em suas linhas de produtos.
“Como resultado, é provável que uma tarifa adicional de 25% sobre os queijos europeus reduza sua competitividade no mercado dos EUA, diminua a atividade promocional, incentive os consumidores dos EUA a explorar queijos especiais domésticos mais baratos e forneça uma vantagem competitiva para queijos especiais importados de fora da UE”, disse Ledman.
“Coletivamente, os 28 países da UE não podem perder os EUA como um mercado para mais de 73.000 toneladas de queijo, especialmente com a incerteza de um Brexit forte, que colocaria em risco o mercado de queijo de 400.000 toneladas do Reino Unido”, finalizou Ledman.
As informações são do Dairy Reporter, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.
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