A chamada Mesa de Enlace, da Argentina, pediu uma "saída urgente" para a produção de lácteos, que passa por um aumento de custos, com os preços se mantendo os mesmos. O grupo alertou que os produtores de leite locais recebem os preços mais baixos do mundo e apontou contra o cuidadoso esquema de preços do governo porque afeta a rede em geral.
Segundo o grupo que compõe a Sociedad Rural Argentina (SRA), Coninagro, Federación Agraria e Confederaciones Rurales Argentinas (CRA), "desde meados de 2020 o produtor está recebendo um preço insuficiente pelo seu leite". Para a Mesa de Enlace, o setor leiteiro é uma atividade em "perigo de extinção".
“Atualmente, com 21,36 pesos (US$ 0,24) por litro, não estão cobertos os custos de produção, que são 80% dolarizados, não recebemos nenhum incentivo e nossa carga tributária é muito maior do que no resto do mundo”, acrescentou a Mesa de Enlace.
Segundo relatório do Observatório da Cadeia do Leite Argentina (OCLA), a título de exemplo, em dezembro passado a cadeia perdeu valor. De acordo com o trabalho, em dezembro passado o resultado setorial da rede foi negativo em 3,054 bilhões de pesos (US$ 34,78 milhões). Por setores, ficou negativo em 2,112 bilhões de pesos (US$ 24,05 milhões) para o setor primário e no vermelho em 942 milhões de pesos (US$ 10,73 milhões) para o setor industrial.
“Após 16 meses consecutivos de resultados positivos, dezembro é o sexto mês que apresenta resultado negativo na cadeia de valor. O balanço do setor mostra resultado negativo de 3,054 bilhões de pesos (US$ 34,78 milhões), aproximadamente 3 pesos (US$ 0,034) por litro de leite equivalente.
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o resultado caiu em 3,123 bilhões de pesos (US$ 35,57 milhões), já que no mês analisado o valor do ano passado foi positivo em 69 milhões de pesos (US$ 785,83 mil). Faltam à cadeia 4 centavos (0,046 centavos de dólar) por litro de leite em relação ao ano passado em seus resultados", especificou a OCLA.
Para a Mesa de Enlace, os produtores estão recebendo os preços mais baixos do mundo. “Os produtores argentinos são os que recebem o menor preço, US $ 0,24 por litro, longe dos históricos US $ 0,33 por litro, necessários para cobrir os custos médios de produção. Nossos concorrentes mundiais, assim como nosso vizinho Brasil, recebem hoje cerca de US $ 0,44 o litro, com custos equivalentes e/ou menores que os nossos”, disse.
Segundo a entidade, esta situação do setor é “influenciada pelo programa de Precios Cuidados”, além do impacto dos impostos.
Com preços controlados, as indústrias também não podem melhorar o valor interno. Em uma indústria, por exemplo, fizeram um trabalho que destaca que enquanto seus custos subiram quase 50% no ano passado, os preços autorizados pelo governo subiram em média 7,4%.
“Não podemos permitir que uma atividade tão importante como os lácteos estagne ou desapareça. Nós, argentinos, precisamos continuar consumindo laticínios de qualidade, que os produtores geram mobilizando a atividade econômica, proporcionando emprego especializado e dinamismo no interior do país”, afirmou a Mesa de Enlace.
O grupo ruralista rejeitou, neste contexto, a intervenção no mercado e sublinhou que o leite é "parte da solução".
“Queremos crescer e nos desenvolver, para o que devemos substituir propostas que distorcem o mercado, que já fracassaram e não são aplicadas no mundo, por medidas que viabilizem a atividade econômica do setor, o acesso aos lácteos essenciais para os mais vulneráveis setores da sociedade, com medidas que focalizem a demanda, e que ao mesmo tempo possibilitem a entrada das divisas de que o país tanto precisa”, afirmou.
As informações são do La Nación, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.