O lobby dos setores afetados é o principal desafio enfrentado na hora de se discutir a tributação de produtos que fazem mal à saúde, como bebidas adoçadas, disse nesta quarta-feira (23) a diretora geral da ACT Promoção da Saúde, Paula Johns.
“A resistência da indústria é grande, mas acho que é nosso papel também tirá-la da zona de conforto, fazer com que se reinvente. Porque não é ético, não é socialmente aceitável que os lucros estejam vindo de produtos que comprovadamente têm um impacto na saúde muito grande”, disse Paula, no evento “Tributo saudável”, com realização da Editora Globo e transmissão do Valor.
No evento, foi apresentado estudo realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido da ACT Promoção da Saúde — e antecipado pelo Valor —, que mostrou que uma tributação de 20% sobre bebidas não alcoólicas adoçadas, categoria que inclui refrigerantes, sucos de caixinha, isotônicos e bebidas à base de leite e chocolate, geraria R$ 4,7 bilhões de arrecadação tributária adicional por ano e um acréscimo de R$ 2,4 bilhões ao PIB.
A proposta da organização, que converge com o “sugar tax” já mencionado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, foi levada ao Congresso para discussão no âmbito da reforma tributária.
Paula negou que a medida teria um impacto maior sobre a população mais pobre. De acordo com ela, todos os estudos internacionais apontam que a tributação de produtos nocivos à saúde tem um impacto não regressivo no longo prazo. Isso porque o aumento do preço desestimula o consumo na população mais vulnerável, que acaba redirecionando seus recursos para outros itens. “Fora os efeitos sobre a saúde”, destacou.
Ela frisou ainda que a proposta ajudaria a reduzir a pressão sobre o sistema de saúde e a maior arrecadação poderia ajudar a reforçar o orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS).
As informações são do Valor Econômico.