Essa alta de preços nos últimos dois meses - que deixou em alerta muitos analistas, que acreditavam em uma recuperação de preços apenas no 2º semestre de 2010 - se deve à retomada da demanda, aliada ao início lento da safra na Nova Zelândia e desvalorização do dólar americano. Resta saber se essa tendência se manterá, ou se é uma situação momentânea.
Segundo informações do Dairy Industry Newsletter (DIN), os estoques mundiais estão baixando e os preços estão subindo, reforçados pela desvalorização do dólar americano (US$). A Nova Zelândia teve um início lento de sua safra, com pouca oferta de leite spot, apesar de relatórios recentes já reportarem um aumento. Seca na Índia elevou os preços do óleo de manteiga, que estão puxando para cima os preços da manteiga. Com oferta restrita na NZ ou UE, os compradores estão pagando preços maiores pela manteiga dos EUA. Os preços de exportação dos queijos da NZ subiram acentuadamente, devido a um maior desvio de leite para produção de manteiga e leite em pó. O relatório de setembro da Australian Bureau of Agricultural and Resource Economics (ABARE), avalia que a produção de leite na Nova Zelândia não terá nenhum aumento na estação 2009-10 e que a oferta na Austrália será 2% inferior em relação à estação anterior. Os preços nos próximos meses dependerão da oferta na Austrália, Nova Zelândia e Ásia.
Na União Europeia, segundo informações do DIN, os preços estão subindo, e há uma expectativa de que a Comissão Europeia não irá liberar as 83.000 toneladas dos estoques de intervenção até que os preços subam significativamente, apesar da indústria alimentícia estar apreensiva para realizar compras e se abastecer. A greve do leite também agravou a situação da oferta, sendo que na última semana de setembro a captação na França ficou 11% abaixo em relação ao ano passado.
Segundo o boletim, a produção de leite em pó desnatado está maior em relação ao ano anteior, ficando o balanço do mercado dependente das exportações. Os preços do leite em pó desnatado estão mais estáveis. O aumento de preços no mercado mundial e a alta crescente no preço da gordura na UE têm elevado os preços do leite em pó integral, sendo que de agosto até agora houve aumento de 25%. Os preços dos queijos também estão subindo.
No Oeste da Europa, o leite em pó integral ficou com preço médio de US$ 3.200/t, com valores variando entre US$ 3.050/t e US$ 3.350/t, alta de 6,2% em relação à quinzena anterior. O preço médio do leite em pó desnatado (US$ 2.662,5/t) teve alta de 1,9% em relação à quinzena anterior, com valores entre US$ 2.550/t e US$ 2.775/t. O valor médio do soro de leite mostrou alta de 5,3%, oscilando entre US$ 875/t e US$ 1.100/t, média de US$ 987,5/t.
Na Oceania, o preço médio do leite em pó integral ficou em US$ 2.850/t, com valores entre US$ 2.600/t e US$ 3.100/t, alta de 1,8% comparado à quinzena anterior. Os valores do leite em pó desnatado mostraram uma maior recuperação, ficando entre US$ 2.250/t e US$ 2.800/t, média de US$ 2.525/t, alta de 4,7% em relação à quinzena anterior.
O valor médio da manteiga foi de US$ 2.650/t na Oceania, 12,8% superior em relação à quinzena anterior, e US$ 3.800/t no Oeste da Europa, alta de 5,9%. Os preços da manteiga na União Europeia têm subido rapidamente, devido a escassez do produto no mercado, segundo informações do DIN.
Na Oceania, o preço médio do queijo cheddar apresentou alta de 2,4% em relação à quinzena anterior, fechando a US$ 3.175/t, com valores entre US$ 2.950/t e US$ 3.400/t.
Gráfico 1. Evolução dos preços de exportação de lácteos do Oeste da Europa, em dólares por tonelada.

Gráfico 2. Evolução dos preços de exportação de lácteos da Oceania, em dólares por tonelada.

Equipe MilkPoint, com informações do USDA e do Dairy Industry Newsletter.