Saiba mais sobre o futuro do mercado de grãos e seu impacto para os próximos dias.
O milho – Praça Campinas/SP – aparece com alta em março. Até o momento a valorização é de 10% em relação a fevereiro, sendo cotado em R$94,1/Sc. A alta nos preços do milho se dá pela dúvida gerada quanto a oferta de milho no segundo semestre que, por sua vez, está relacionada ao atraso no plantio da safrinha e, consequentemente, de como será o desempenho dessa.
Já o Farelo de soja aparece em queda no mês de março, com -6% em relação a fevereiro, sendo cotada a R$ 2723/ton atualmente. A desvalorização do farelo, e de todo o complexo soja, é, em boa parte, pelo resultado do aumento da oferta do produto com o andamento da colheita no país.
No cenário futuro de preços dos grãos, temos que:
A soja – prêmio Paranaguá – aparece em queda a partir de abril, com leve alta em junho/julho. O foco atual é nos preços a partir de agosto, que até então, devem ser menores – devido à queda do dólar e da cotação do produto no mercado internacional (Bolsa de Chicago – CBOT) na última semana.
Isto atrai o olhar dos compradores, que aproveitam a brecha de mercado para garantir os estoques do produto no próximo semestre.
A soja fechou o início do ano – janeiro e fevereiro – com valores 48,9% maiores do que o mesmo período em 2020. A expectativa de março é de aumento de 42,2% em relação a março de 2020 e, no somatório do ano de 2021, o valor deve ser 15,4% maior do que 2020.
O milho – cotação ESALQ/BMF – apresenta expectativa de alta nos próximos meses, podendo atingir 93 R$/Sc em abril e maio. Por enquanto, no segundo semestre a expectativa também é de queda/estabilidade, mas ainda em patamares maiores do que em 2020.
Janeiro e fevereiro de 2021 fecharam com 27,1% a mais do que em 2020. Em março, os valores estão 22,9% maiores do que no mês em 2020. Já para o ano todo, espera-se um aumento também, de 27,3% em relação ao ano anterior.
Para a ração, janeiro e fevereiro tiveram aumento de 36,3% no preço. Já março apresenta alta de 30,9% em relação a mar/20 e a projeção de 2021 vs. 2020 é de +21,7% no preço da ração.
A colheita da safra de grãos no Brasil segue ocorrendo, mesmo que atrasada em relação a anos anteriores. Até o meio de março, foram colhidos 45,7% da área de soja no Brasil, vs. 58,9% da colheita de 2020, para a mesma época.
Ainda assim, a reposição dos estoques de soja alivia o mercado, garantindo oferta do produto – que antes estava escassa.
Para o milho, a colheita decorre um pouco melhor, com 55% já colhido, vs. 52,9% de 2020 na região centro sul do país.
Apesar disso, o atraso da colheita de soja preocupa o plantio da safrinha, que está com 86,2% da área plantada vs. 90,3% do mesmo período em 2020. Tal atraso poderá influenciar o desempenho da safrinha, preocupando o mercado sobre a oferta de milho mais adiante, o que acaba impactando nos preços do produto.
Para o mercado de suínos e aves, temos:
As exportações de carne de frango tiveram aumento de 20% em fevereiro em relação a janeiro e com -1% em relação a fevereiro de 2020.
Já para suínos, também houve aumento das exportações em fevereiro, de 28,4% em relação a janeiro e 19,4% em relação ao mês em 2020.
O aumento das exportações desses produtos demonstra a reação do mercado, que impacta no mercado de rações – uma vez que a produção destes detém boa parte da ração consumida.
Com tudo isto visto anteriormente, o cenário de grãos aparece:
Com a preocupação da performance da safrinha de milho, os preços do grão continuam a subir neste mês. Diferente disso, a soja aparece com queda de preços em março, devido ao aumento da oferta, que alivia o mercado.
Do lado da demanda, temos:
- O milho com baixa procura, devido aos preços historicamente altos, aliado ao produtor estar segurando o produto.
- A soja, sendo reposta aos poucos no mercado, acelera a demanda. Além disso, a queda nos preços futuros também atrai uma demanda de contratos para garantir estoque do produto mais para frente.
- E o mercado de suínos e aves se reaquecendo, conforme o mercado de grãos também muda.
Para a cadeia leiteira, temos:
O produtor conseguiu certo alívio nos preços da soja, podendo investir na compra do produto.
Por outro lado, os preços do milho não cooperam, travando a compra deste pelo produtor.
Com a recente virada do leite spot espera-se um aumento no preço pago ao produtor, o que pode interferir na rentabilidade da produção leiteira, medida pelo índice RMCR.
Portanto, com o mercado aquecido e possíveis mudanças para o produtor de leite, siga acompanhando o mercado de grãos e suas possíveis mudanças futuras.