Funcionário de carreira, João Rabelo está há 36 anos no Banco do Brasil e preside a área de agronegócios da instituição desde janeiro. Assim, viveu o desafio de elaborar e colocar para rodar o “Plano Safra” de R$ 103 bilhões da instituição nesta temporada 2020/21, em meio à pandemia. E, com o isolamento social imposto pelo novo coronavírus, ampliou os investimentos na digitalização das operações para não perder o passo - nem clientes.
Um quarto da clientela conseguiu acessar empréstimos sem apresentar nova documentação nesta safra, de forma online. Na agricultura empresarial, o percentual chegou a 60%. “Começamos o processo de reutilizar a documentação do produtor que contrata financiamentos com o banco todo ano. O próximo passo será colocar a regra para o Pronaf [agricultura familiar] para alcançar mais gente ”, afirmou Rabelo.
A contratação digital também começou a pegar tração. Já foram R$ 3,2 bilhões liberados pelos canais digitais em crédito rural em 2020 em mais de 13 mil operações. Do total, 38% foi registrado já na safra 2020/21, que começou em julho. Das operações com CPR, por exemplo, 80% das liberações já acontecem sem nenhum contato humano.
O excesso de burocracia ainda atrapalha a ampliação dos canais digitais no agronegócio. “Se for fazer um CDC, gasta-se de três a quatro telas. Uma operação de custeio rural digital tem de 15 a 16 telas. Isso é custo. São muitas informações e fica muito complexo. Está todo mundo tentando reduzir esse custo de observância sem perder qualidade”, pontuou o vice-presidente.
Em um “cenário desafiador”, o agronegócio manteve níveis baixos de inadimplência e participação “proporcionalmente pequena” nas prorrogações de operações. Dos R$ 109,2 bilhões prorrogados pelo BB até o fim de setembro, 7% foram do setor. Produtores de áreas como hortifrútis, pescados, leite e cana-de-açúcar precisaram adiar pagamentos por causa da pandemia.
As informações são do Valor Econômico.