Pesquisa: 'mapa das bebidas' revela que leite é coisa de nórdico e refrigerante, de latino-americano

O brasileiro toma 127 mililitros de leite por dia. Muito menos do que o finlandês, com uma média de 374,4, ou mesmo o esloveno, com 220,4 mililitros por dia. Mas muito mais do que o chinês, com apenas 17,3 mililitros diários.

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O brasileiro toma 127 mililitros de leite por dia. Muito menos do que o finlandês, com uma média de 374,4, ou mesmo o esloveno, com 220,4 mililitros por dia. Mas muito mais do que o chinês, com apenas 17,3 mililitros diários.

No Brasil, o consumo per capita de sucos é de 70,9 mililitros por dia. Quase 13 vezes mais do que consume um vietnamita, bem mais do que a média francesa, de 50,4 mililitros, e pouco mais do que a argentina, de 67 mililitros. Mas ainda bem abaixo do consumo de um alemão (149 mililitros) e de um australiano (124,5).

Em média, o brasileiro toma 116,8 mililitros de bebidas com adição de açúcar por dia, como sucos artificiais e refrigerantes. Cuba, Venezuela, Haiti e México têm índices impressionantemente altos - respectivamente 592,7 mililitros, 461,8 mililitros, 385,2 e 368,2. Nos Estados Unidos, são 273,8 mililitros por dia. Mas há países com muito menos do que o Brasil, como a França, com média de 74,3 mililitros e o Irã, com 44,8 mililitros.

Esses são alguns dados de um estudo apresentado neste mês no congresso Nutrition 2019, promovido pela Sociedade Americana para Nutrição e realizado em Baltimore, nos Estados Unidos. Os dados foram reunidos pela pesquisadora Laura Lara-Castor, da Universidade Tufts, a partir de um estudo realizado com diferentes grupos demográficos em 185 países - parte do projeto Global Dietary Database (GDD) financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates. "Esses dados podem ajudar a informar as transições de nutrição ao longo do tempo, os impactos dessas bebidas na saúde global e mesmo formular políticas dietéticas para melhorar a dieta e a saúde", afirma a pesquisadora.

Os dados são de pesquisa realizada pelo projeto GDD com informações coletadas ao redor do mundo em 2010.

Em entrevista à BBC News Brasil, Lara-Castor enfatizou que "o consumo de bebidas é componente chave da dieta em todas as populações do mundo". "As diferenças de consumo entre os países podem ser devidas a vários fatores geográficos e sociodemográficos, incluindo crenças culturais, tradições, residência, educação, status socioeconômico, sexo e disponibilidade das bebidas", esclarece.

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Esse contexto explica boa parte das disparidades entre os países. Em geral, países subdesenvolvidos tendem a ter maior consumo de refrigerantes e alimentos com adição de açúcar. Já países mais desenvolvidos acabam tendo destaque no consumo de leite.

Especificidades culturais também precisam ser ressaltadas. Saltam aos olhos os dados da China, por exemplo, onde tanto o consumo de leite, quanto de refrigerante e de sucos são extremamente baixos. No caso, a explicação está na predileção pelo chá - que não foi contemplado pelo levantamento.

Figura 1
* Consumo médio diário per capita em mililitros
** Dados do projeto GDD, 2010

Especificidades e recordistas

De modo geral, a pesquisa demonstrou que a ingestão de bebidas açucaradas e suco de frutas é mais alta na América Latina. "Trata-se de região onde tanto bebidas comerciais quanto bebidas caseiras adoçadas são amplamente consumidas", afirma.

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Por outro lado, o consumo de leite foi maior em países de alta renda, como os nórdicos Suécia, Islândia e Finlândia. "São também locais onde a pecuária leiteira é muito difundida, e o consumo de lácteos tem sido tradicionalmente parte importante da dieta", diz a pesquisadora.

Lara-Castor integra um grupo de cientistas que estão trabalhando na compilação dos dados de 2015 da pesquisa - que ainda não foram divulgados publicamente e, conforme ela ressalta, dependem de revisões antes de serem tomados como completamente verossímeis. A pedido da reportagem, entretanto, a equipe repassou algumas informações do levantamento ainda inédito.

Na nova edição do levantamento, o México é o líder mundial no consumo de bebidas com adição de açúcar, com uma média de 561,8 mililitros ingeridos por dia per capita. Na sequência, aparecem Suriname e Jamaica, com 443,5 mililitros diários. Os países com menor consumo desse tipo de bebida são China, Indonésia e Burkina Faso, conforme antecipou a pesquisadora, ainda sem condições de repassar os dados - em processo de finalização.

A Colômbia destaca-se no consumo de sucos de frutas (325,2 mililitros por pessoa por dia), seguido pela República Dominicana (295,7 mililitros). Também ainda sem disponibilizar os dados, a equipe afirmou que os países com consumo mais baixo de sucos são China, Portugal e Japão. "Consideramos apenas o suco de fruta 100%, ou seja, excluindo suco de frutas adoçado, por exemplo", ressalta a pesquisadora.

A Suécia lidera no consumo de leite (295,7 mililitros diários por pessoa), seguidos por Islândia e Finlândia (266,1 mililitros). China, Togo e Sudão estão entre os países com menor consumo de leite do mundo. "Esta definição exclui iogurte, leite fermentado e soja ou bebidas vegetais (por exemplo, de coco, de amêndoa ou de aveia)", explica a pesquisadora.

Os dados são de pesquisa realizada em 2015 a partir de um cruzamento de mais de 1.100 levantamentos do tipo em todo o mundo. Lara-Castor ressalta que se tratam de dados preliminares, já que o modelo ainda vai ser validado e as estimativas podem sofrer variações. "Esses dados destacam variações substanciais na ingestão de bebidas em todo o mundo, ressaltando as lacunas na vigilância da dieta global", afirma Lara-Castor. "Podemos compreender os impactos dessas bebidas na saúde global e aprimorar políticas nutricionais direcionadas para melhorar a dieta e a saúde".

As informações são da BBC.

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