O conselho de administração da Embrapa decidiu demitir o presidente da estatal, Sebastião Barbosa, após o presidente Jair Bolsonaro ter declarado que era preciso mudar a gestão da empresa, em reunião recente com a bancada ruralista.
A destituição de Barbosa do comando da Embrapa foi deliberada ontem pelo conselho da Embrapa e publicada na edição desta última quarta-feira do "Diário Oficial da União". Para o cargo de presidente interino, foi designado o atual diretor de Pesquisa da estatal, Celso Moreti, que é servidor de carreira da empresa há 25 anos.
Fontes do setor vinham manifestando insatisfação com a gestão de Barbosa, que estava à frente da Embrapa desde o fim do ano passado, após vencer um disputado processo de seleção que contou com 16 candidatos.
A queixa teria chegado a Bolsonaro após conversas com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Barbosa chegou à presidência da estatal bancado pelo então ministro Blairo Maggi e o presidente do conselho de administração da da Embrapa à epoca, Eumar Novacki. "Ainda não tem nome. Vamos entrar num processo de seleção. Já tem um presidente [interino] que é da diretoria da Embrapa. Vamos fazer tudo com muita calma", afirmou hoje a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, após recepcionar os ministros de Agricultura dos BRICS, que estão em Brasília para reunião preparatória para a reunião da cúpula do bloco que acontecerá em novembro no Brasil.
Ao Valor, o presidente do conselho da Embrapa, Fernando Amargo, que também é secretário de Inovação e Tecnologia do Ministério da Agricultura, explicou que a ministra solicitou a troca no comando da estatal ao colegiado, alegando que a gestão de Barbosa não estava alinhada com as diretrizes do atual governo. "Decidimos com base na manifestação da ministra", disse.
O conselho de administração da estatal é formado por membros dos ministérios da Agricultura, Economia e da Ciência e Tecnologia.
Camargo também revelou que, ao contrário do último processo de seleção que escolheu Barbosa para presidir a Embrapa, o novo comandante da estatal pode ser indicado diretamente pela ministra Tereza Cristina, como prevê a Lei das Estatais.
As informações são do jornal Valor Econômico.