IFCN: 10% do leite é produzido a menos de US$ 0,20/Kg

Na 10ª Conferência Internacional do Mercado Lácteo, realizada pelo IFCN (<i>International Farm Comparison Network</i>) durante os dias 14 a 17 de junho, em Tumba, Suécia, foram discutidos os principais pontos da cadeia láctea, assim como os efeito da crise financeira no setor. A análise de custos feita pelo IFCN indica que somente 10% da produção mundial de leite pode ser produzida a um custo de US$ 0,20/Kg.

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Na 10ª Conferência Internacional do Mercado Lácteo, realizada pelo IFCN (International Farm Comparison Network) durante os dias 14 a 17 de junho, em Tumba, Suécia, foram discutidos os principais pontos da cadeia láctea, assim como os efeito da crise financeira no setor.

Durante o evento, foram citados alguns pontos considerados fundamentais e estratégicos para entendimento do mercado e possíveis previsões. Uma das afirmações foi de que o setor lácteo certamente foi afetado pela crise financeira global, sendo que 150 milhões de famílias que atuam na produção de leite foram afetadas no mundo todo.

De acordo com os dados apresentados, o preço do leite no mercado mundial atingiu o nível de US$ 0,20 ou 0,15 euro por quilo. A análise de custos feita pelo IFCN indica que somente 10% da produção mundial de leite pode ser produzida a um custo de US$ 0,20/Kg, mostrando que esse baixo preço do leite não é sustentável, a menos que o mercado seja distorcido por políticas intervencionistas. Com isso, a política leiteira será o principal direcionador dos níveis futuros de preços mundialmente.

Entre os países que conseguem produzir leite a menos de US$ 0,20/Kg estão a Argentina, Paraguai, Ucrânia e Polônia. O Brasil encontra-se no grupo de países com custo entre US$ 0,21 e US$ 0,30/Kg, junto com Chile, Austrália, Nova Zelândia, Rússia e Índia (dados de 2007). Os Estados Unidos possuem custo de produção entre US$ 0,31 e US$ 0,40/Kg, igualmente à China, África do Sul e Espanha. Os custos nos países da Europa e no Canadá são os mais altos, entre US$ 0,41 e US$ 1,20/Kg.

Gráfico 1. Custo de produção dos maiores produtores mundiais, em 2007 (US$/100Kg).

Figura 1
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O IFCN tem acompanhado 600 laticínios, em mais de 70 países. Os 21 maiores laticínios representam apenas 21% da produção mundial de leite. Em primeiro lugar está a Fonterra, que processa 2,7% do leite mundial e está situada na Nova Zelândia. Ocupando da 2ª a 5ª posição, estão: DFA (Dairy Farmers of America), Nestlé, Dean Foods, FrieslandCampina.

Tabela 1. Principais laticínios do mundo, de acordo o volume processado.

Figura 2
Clique na imagem para ampliá-la.

As análises dos laticínios, feita em 69 países, mostrou que a indústria processadora de leite, no mundo todo, é muito fragmentada. Existem 6 países nos quais o maior processador tem uma participação de mercado acima de 70%. Em outros 15 países, 3 dos principais processadores têm participação de mercado superior a 70%.

As informações são da IFCN (Press Release), adaptadas e traduzidas pela Equipe MilkPoint.
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Richard James Walter Robertson
RICHARD JAMES WALTER ROBERTSON

RIO VERDE DE MATO GROSSO - MATO GROSSO DO SUL

EM 13/07/2009

Respondendo sua carta, Sr. Walter Jark, digo que:
Na minha opinião, sempre se consegue diminuir os custos, aumentando a eficiência de alguma forma, tanto no ponto de vista zootécnico quanto no econômico/administrativo. Completando, existe um ditado por aqui que diz que "Fazenda é fazendo".

Além do mais, muitas fazendas trabalham com custos baixos e lucros consideráveis.

Mesmo que fosse impossível diminuir ainda mais os custos temos que aprender a nos organizar e pressionar estes preços para cima pois os aumentos nos supermercados não acompanham os reajustes nas propriedades. Falta muito ainda para sermos respeitados dignamente pelos laticínios e consumidores.

Penso que ainda temos muito que aprender com os neozelandeses em termos de associativismo e organização. Quando chegarmos lá, certamente seremos tratados com dignidade.
Enquanto não conseguirmos isso, só nos resta concentrar nossos esforços porteira adentro, uma vez que não manipulamos o mercado e ele vive nos pregando surpresas.
Walter Jark Flho
WALTER JARK FLHO

SANTO ANTÔNIO DA PLATINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/07/2009

Prezado Richard! A Nova Zelandia sempre é citada como exemplo de eficiência na produção de leite. Mesmo assim tem custo que no mapa aparece na cor verde claro. Até a Ìndia está na mesma situação. Na maioria das análises sobre preço de leite, fala-se que é necessário diminuir os custos. Mas, até quanto isto é possivel. No Brasil vários estudos feitos pela CONAB, CONSELEITE-Pr, mostram que os custos variáveis estão acima de R$ 0,60. Será que todos os produtores são incompetentes? Eu acho que estamos no limite. As regras do mercado não estão funcionando. Por um lado o mercado varejista vendendo leite a preços superiores a R$ 2,50, por conta da falta do produto, e por outro lado o produtor recebendo preços em torno de R$0.60. (estou me referindo ao mes de maio, pago em junho). Portanto, há algo errado na cadeia, que precisa ser explicada. Não sei se é possível baixar ainda mais os custos.
PAULO LUIS HEINZMANN
PAULO LUIS HEINZMANN

SALVADOR DAS MISSÕES - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/07/2009

Os baixos custos de produção somente serão alcançados com uma correta nutrição por nível de produção e por categorias, buscando produtividade, eficiência e diminuição dos desperdícios, em todas as fases de produção.

Somente assim seremos competitivos, diluiremos custos fixos e conseguiremos alcançar ganhos de escala.
Richard James Walter Robertson
RICHARD JAMES WALTER ROBERTSON

RIO VERDE DE MATO GROSSO - MATO GROSSO DO SUL

EM 08/07/2009

Essa é a grande batalha, nosso grande desafio: Produzir leite a baixo custo para escapar das oscilações de preço do mercado. Não é impossível, mas exige muita dedicação e disciplina (com acompanhamento técnico, de preferência).
Muitos produtores já trabalham com uma mentalidade empresarial avançada mas ainda falta a conscientização de alguns. O mercado é dinâmico e exigente e não perdoa erros.

É do desejo de todos nós que no futuro nosso Brasil apareça neste mapa com a cor verde escura.
Qual a sua dúvida hoje?