Fórmulas infantis produzidas na China estão focadas em rigorosa segurança

De acordo com o consenso da indústria, as fórmulas infantis produzidas na China podem estar mais seguras e com melhor qualidade como consequência de medidas mais rigorosas implementadas pelas autoridades nos últimos tempos. Embora os pais chineses tenham se fixado em fórmulas importadas, especialmente da Austrália e da Nova Zelândia, o governo introduziu regras mais rigorosas para os fabricantes nacionais e estrangeiros, forçando as empresas locais a se focarem nesse quesito.

O escândalo de melamina de 2008, que levou a morte de seis bebês e deixou mais de 300.000 doentes, feriu a confiança dos pais chineses na fórmula infantil doméstica, o que os levou a buscar mais leite em pó importado. Desde então, a Nova Zelândia se tornou o maior exportador de fórmulas infantis para a China, com os EUA, a Austrália e a União Europeia (UE) logo atrás.

Empresas como Nestlé, Bubs Austrália, a2MC, Nuchev e Ausnutria se apressaram para atender a demanda, e em 2017, as exportações de fórmulas infantis da Nova Zelândia para a China estavam previstas para ultrapassar US$ 685 milhões.

Alta demanda, baixa oferta

Essa tendência elevou os preços das latas de fórmula importada na China para entre US$ 30 a US$ 60, facilmente o dobro, do que em outros países. Agora, no entanto, as coisas podem estar mudando lentamente para as firmas domésticas de fórmulas - especialmente devido às rigorosas leis de fórmulas infantis do país, introduzidas há pouco mais de um ano. Dados da China sugerem que essas regras resultaram em uma fórmula fabricada localmente atingindo sua mais alta classificação de segurança de todos os tempos - atualmente de 99,5%.

As fórmulas exigem um registro adequado antes de serem autorizadas para produção ou venda no país - isso implica em 10 certificados diferentes a serem apresentados para obter o registro. Todas as amostras de fórmulas inspecionadas em janeiro, junho, julho, agosto e setembro do ano passado foram relatadas como tendo cumprido os padrões exigidos. Uma empresa do setor, a fabricante de fórmula australiana Nuchev, acredita que o mercado doméstico está voltando a crescer.

O fundador e CEO Ben Dingle disse: "mais importante, é garantir que as marcas que operam na China - domésticas ou não - são credíveis e confiáveis. A demanda por fórmulas infantis, junto com o mercado, continuará a crescer, embora haja menos marcas".

Pesquisa de recursos

Embora as marcas de fórmula doméstica da China possam ter atingido seu nível mais alto de segurança, ainda faltam melhorias no departamento de abastecimento, principalmente porque ainda não consegue competir com os principais países exportadores de leite em termos de recursos naturais.

Para contornar isso, algumas empresas compraram ou estabeleceram fábricas de leite em pó e centros de pesquisa na Austrália e na Nova Zelândia, permitindo-lhes vender leite em pó importado nas embalagens originais de suas marcas. Algumas empresas foram além disso para montar suas próprias pastagens, algo que o governo as incentiva desde o escândalo de 2008.

Além disso, muitos deles aumentaram seu investimento em pesquisa e desenvolvimento, com várias empresas até mesmo produzindo fórmulas destinadas a atender especificamente às necessidades de bebês chineses. A Beingmate, a Feihe e a Yili estão entre as empresas que fizeram isso e, como resultado, experimentaram um aumento no volume de vendas.

Confiança provisória

Dingle acredita que as classificações de segurança mais altas ajudarão lentamente as empresas domésticas a reconquistar a confiança dos consumidores chineses, embora espere que isso seja um processo lento. "As mães chinesas são muito espertas e dão muita importância à qualidade das fórmulas infantis. Elas fazem o dever de casa, por isso reconquistar a confiança demorará um pouco, mas vai melhorar gradualmente".

No entanto, ele acrescentou: "eu não acho que isso teria um grande impacto nas marcas importadas. Elas ainda são vistas como produtos premium, e os consumidores chineses já estão acostumados com elas. A capacidade específica e o desempenho de cada marca no mercado da China dependerão de como os consumidores reagem a elas e de como interagem com os respectivos canais de vendas, o que é mais importante do que as atualizações de regulamentação que vimos”.

Sobre se ele acredita ou não que as marcas de fórmulas chinesas prefeririam estabelecer ou comprar instalações de fabricação e/ou centros de pesquisa no exterior, em vez de montar suas próprias pastagens na China, Dingle disse que isso poderia ocorrer de qualquer forma.

"Não vejo isso como uma preferência específica para chineses. Assim como vimos marcas australianas, neozelandesas, europeias e norte-americanas operarem em diferentes jurisdições, acho que veremos marcas chinesas fazendo a mesma coisa. Notamos que algumas empresas chinesas, como Mengniu e Yili, operam em diferentes jurisdições, e as empresas empregarão a estratégia que melhor se adequará aos seus negócios”.

As informações são do Dairy Reporter, traduzidas pela Equipe MilkPoint.