O mercado estava dividido entre a aposta de um corte de 0,25 ponto percentual ou de 0,50. Estacionada nos 6,5% há mais de um ano, a Selic passa agora aos 6% ao ano — uma nova mínima histórica no Brasil.
No comunicado, o Copom destaca o avanço do processo de reformas e sinaliza um corte de mesma magnitude na próxima reunião. “O Comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo”.
O Copom, que se reúne a cada 45 dias para discutir a Selic, não mexia na taxa desde março de 2018. A reunião desta semana foi a terceira sob o comando de Roberto Campos Neto, presidente do BC desde fevereiro.
O caminho para a redução dos juros foi pavimentado por uma mistura de fatores: fraqueza persistente nos dados de atividade econômica, inflação controlada e reforma da Previdência aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados.
Juros mais baixos tendem a estimular a atividade econômica por meio de crédito mais barato e estímulo ao consumo.
A decisão da instituição foi acertada, segundo Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. “De fato, as expectativas eram de uma inflação sob controle, sem se desviar da meta mesmo no cenário de corte de taxa, como se viu no relatório de inflação de junho”.
Para o economista, o comitê abre espaço para um novo corte de 0,5 p.p. na próxima reunião e talvez um possível 5% sendo alcançados esse ano. “A reforma da previdência ajuda nessa possibilidade, mas o central segue sendo um IPCA muito sob controle e um nível de atividade em recuperação muito frágil ainda”, diz.
A queda dos juros por si só não deve incentivar a economia, segundo André Perfeito, economista chefe da Necton, “mas trará efeitos benignos para a inflação de ativos, notadamente bolsa se valores e títulos públicos”, diz.
Na leitura de Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, com a decisão, o BC mostra que vê uma melhora importante no balanço de risco de inflação e mostra confiança na sua estratégia. “É como se ele dissesse que não precisa ir devagar, pois confia na sua estratégia”.
O impacto do corte na economia, no entanto, deve ser marginal, segundo a economista. “Impacta de alguma forma o mercado de crédito, a confiança do empresário, mas nossa fraqueza é muito mais estrutural do que por demanda”.
As informações são do portal Exame.