O consumidor médio está longe da agricultura e desconectado das atividades que ocorrem em um laticínio. Essa desconexão cria uma necessidade maior de transparência, a fim de estabelecer confiança em como o alimento é produzido.
Essa demanda por mais transparência e um senso de conexão com o local onde seus alimentos são cultivados ou produzidos continua tendo um impacto significativo nas cadeias de fornecimento de alimentos. Um novo relatório da Knowledge Exchange Division do CoBank sugere que, para a indústria de laticínios, esses fatores de demanda em evolução afetarão as cadeias de fornecimento de diferentes maneiras.
Atender a essas demandas de consumo cada vez mais importantes oferece oportunidade para alguns produtores, cooperativas e processadores de laticínios, mas o relatório sugere que atender a essa oportunidade exigirá a reformulação das cadeias de fornecimento para uma segmentação maior e contratos diretos com fazendas.
"As cadeias de fornecimento de leite estão se adaptando para atender às demandas dos consumidores por maior transparência sobre as práticas de produção agrícola", disse Ben Laine, economista sênior do setor de lácteos do CoBank. “No entanto, toda a indústria será forçada a caminhar para atender a essas demandas em um ambiente no qual a redução de custos e a eficiência são um foco constante”.
De acordo com o CoBank, a nível de varejo, os clientes estão procurando rótulos que indiquem práticas de gestão agrícola. Quase um terço de todos os alimentos agora é vendido com pelo menos uma alegação de transparência no rótulo. Em muitas categorias em que as vendas de produtos convencionais estão em declínio, os produtos com maior transparência estão crescendo.
Os produtores lácteos que estão aproveitando a oportunidade para atender a este mercado diversificado enfrentam desafios. Com a expansão das ofertas de produtos, aumenta o risco de os varejistas exigirem práticas de gestão agrícola diferentes e potencialmente conflitantes de seus fornecedores. Os produtores que empregam práticas que aumentam a transparência, como as diretrizes estabelecidas na Farmers Assuring Responsible Management (FARM) desenvolvida pela National Milk Producers Federation, devem ser menos suscetíveis a exigências exclusivas impostas pelos varejistas.
"Este desejo de transparência também levou a uma reestruturação da maneira como os processadores de laticínios desenvolvem contratos de fornecimento de leite", disse Laine. “Um exemplo notável é o movimento da Danone para fornecer iogurte feito a partir do leite de vacas que foram alimentadas com rações sem organismos geneticamente modificados (OGM). Este é um nicho único, entrando em um consumidor que não está procurando por orgânicos, mas quer sua comida livre de OGM”. Fornecer leite sem OGMs sem ir ao mercado orgânico exigiu um novo contrato, o qual, provavelmente, contempla uma margem fixa sobre o custo.
Um outro tipo de leite que vem demonstrando rápido crescimento nos Estados Unidos é o A2. De acordo com o relatório do CoBank, no segundo semestre de 2018, a distribuição do leite A2 nos EUA aumentou mais de 50% e está disponível em cerca de 9.000 lojas. “Com qualquer um desses novos produtos específicos, o desafio para a cadeia de fornecimento é que não há mais um pool comoditizado de leite para ser distribuído eficientemente em diferentes produtos e marcas”, disse Laine. "Em vez disso, há várias marcas e fabricantes que agora precisam trabalhar na fazenda para contratar diretamente um fornecimento de leite segregado".
Como resultado, o CoBank disse que as cooperativas podem ver membros buscando esses contratos diretos por um prêmio em outro lugar. Muitas fazendas, no entanto, ainda preferirão a estabilidade da associação cooperativa, mas, algumas cooperativas podem procurar oportunidades para segmentar porções do fornecimento de leite de seus membros, que podem atender a alguns desses novos critérios e administrar os prêmios internamente, adicionando um benefício logístico aos clientes.
Muitos consumidores estão buscando oportunidades para se sentir mais ligados aos agricultores que produzem os seus alimentos, o que contribuiu para o aumento do desejo por alimentos produzidos localmente. Isso impulsionou uma gama crescente de oportunidades de marketing direto para produtores de leite.
“Embora o marketing direto para os consumidores possa agregar valor aos produtos lácteos, essa ocasião ainda é facilitada se a propriedade estiver localizada próxima a uma área metropolitana. Também, o produtor precisa ter vontade de alterar o modelo de negócios, se envolvendo ativamente no marketing. Isso acarreta riscos adicionais e há espaço limitado para a concorrência de múltiplos produtores em qualquer mercado. Está longe de ser uma solução para todo o setor, mas pode oferecer oportunidades para fazendas dispostas a dedicar tempo e esforço ao desenvolvimento de um plano de marketing”, acrescentou Laine.
As informações são do Milkbusiness.com, traduzidas pela Equipe MilkPoint.