Com restrições do Brasil, Conaprole adia planos no país

A reação brasileira ao aumento das importações de leite em pó do Uruguai nos últimos meses levou a Conaprole, maior produtora de lácteos do país vizinho, a congelar, por tempo indeterminado, os planos para construir uma unidade industrial com capacidade de processamento estimada em cerca de 1 milhão de litros por dia no Brasil. O investimento de US$ 50 milhões já havia atrasado com o estouro da crise no fim de 2008, mas agora as novas restrições comerciais travaram de vez o projeto, informa o gerente-geral da Conaprole no Brasil, Agenor Magalhães.

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A reação brasileira ao aumento das importações de leite em pó do Uruguai nos últimos meses levou a Conaprole, maior produtora de lácteos do país vizinho, a congelar, por tempo indeterminado, os planos para construir uma unidade industrial com capacidade de processamento estimada em cerca de 1 milhão de litros por dia no Brasil. O investimento de US$ 50 milhões já havia atrasado com o estouro da crise no fim de 2008, mas agora as novas restrições comerciais travaram de vez o projeto, informa o gerente-geral da Conaprole no Brasil, Agenor Magalhães.

A Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou a limitação das importações uruguaias a 10 mil toneladas até outubro a preços mínimos iguais ou superiores aos praticados na Oceania, hoje em torno de US$ 2,3 mil por tonelada. No primeiro semestre deste ano, o Brasil importou 13,9 mil toneladas de leite em pó uruguaio - em 2008, foram apenas 1,7 mil toneladas em igual período.

Os uruguaios queriam a liberação imediata das licenças para vender ao Brasil. A Camex optou, porém, por uma "solução política". Atendeu a pressão de produtores e cooperativas nacionais e agradou o governo uruguaio, que dependia dessa boa vontade para ajudar o candidato oficial do presidente Tabaré Vázquez e ex-ministro da Agricultura, o senador tupamaro José Mujica. As eleições ocorrem em outubro.

O embaixador do Uruguai no Brasil, Carlos Amorin, afirma que desde maio o prazo de liberação das licenças de importação do leite pelo Brasil passou de dez para 60 dias ou mais. Amorin explica que os dois governos mantêm "alguns diálogos" sobre o tema, mas que o limite de 10 mil toneladas equivale à quase totalidade dos pedidos de licença já encaminhados.

A decisão da Camex, que deu condições mais favoráveis aos uruguaios do que o acordo privado fechado com exportadores argentinos, está condicionada à resolução das travas do Uruguai ao frango brasileiro, discriminado por alegadas questões sanitárias. O secretário-geral do Itamaraty, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, deve conversar sobre leite e frango com autoridades uruguaias no dia 10 de setembro, em Montevidéu. O embaixador Carlos Amorin diz que a questão deve ser tratada à parte para evitar maiores atritos, mas afirma esperar "reciprocidade positiva" do Brasil. Amorin também avisa que o Uruguai está disposto a dar garantias de que não pratica "triangulação" de lácteos subsidiados produzidos em outros países ao Brasil.

Mais incisivo, o executivo Agenor Magalhães, da Conaprole, diz que as medidas brasileiras afrontam o Mercosul e contrariam o tratamento exigido de outros parceiros comerciais. Sua empresa, que responde por 80% das vendas uruguaias, pretende montar uma base de captação de matéria-prima no Brasil. Mas quer garantias para a importação de alguns produtos do Uruguai para reprocessamento. "Queremos a operação brasileira como uma base de exportações, e não para disputar o mercado interno". As exportações de leite uruguaio cresceram, segundo ele, devido à valorização do real. A Conaprole tem um centro em Ivoti, na região metropolitana de Porto Alegre, e atende basicamente indústrias de alimentos. A nova fábrica poderia ser instalada no Rio Grande do Sul, Paraná ou Goiás.

A matéria é de Sérgio Bueno e Mauro Zanatta, publicada no jornal Valor Econômico, adaptada e resumida pela Equipe MilkPoint.

Nota: O MilkPoint apurou que, na reunião da Camex, ficou definida a liberação do volume de 10 mil toneladas de leite em pó do Uruguai para o segundo semestre.
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fernando dariano ferreira da costa
FERNANDO DARIANO FERREIRA DA COSTA

ALEGRETE - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/08/2009

Meu colega de Livramento está certíssimo. Os uruguaios que busquem outros mercados de fora do Mercosul e parem de colocar leite abaixo do custo de produção aqui. Eles tem todo tipo de ajuda governamental para os produtores que não temos aqui, como exemplo de matéria divulgada neste informe anteriormente. Ainda acho que este leite deles é de outra origem pois eles estão passando por uma seca terrível a mais de um ano!!!!
Fernando Bueno Simões Pires
FERNANDO BUENO SIMÕES PIRES

SANT'ANA DO LIVRAMENTO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/08/2009

Até que enfim. Deveriam fazer o mesmo com a Argentina e outros países que fazem triangulação com leites subsidiados. O governo incentiva as indústrias a se modernizarem, a investir as vezes o que não tem, para depois permitir concorrência desleal com atravessadores, por simples comércio. Somos um país que deveria, antes de tudo, priorizar o que aqui é produzido, para depois permitir o ingresso de produtos do exterior, quase sempre subsidiados. Estamos produzindo leite a custos cada vez mais altos, e não é justo que se busque solução para os outros. A prioridade deveria ser, sempre, do produto primário brasileiro, e não o que estamos acostumados a ver. É preciso salvar o produtor verde amarelo. O Mercosul é outra conversa, é comércio entre países. Se eles produzem mais do que consomem, que se ajustem, ou então que se ponham regras que normatizem a entrada de produtos, tantos deles quantos nossos nos países deles.

Fernando Bueno Simões Pires
Produtor de Leite - Santana do Livramento - RS
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