O colostro, leite rico em anticorpos que as vacas produzem nos primeiros dias de lactação, é um trunfo para o aumento de produtividade nas fazendas de pecuária leiteira, segundo um estudo da Alta Genetics.
A empresa registrou informações sobre o manejo do material em 138 fazendas de ponta - o levantamento incluiu dados como o volume de colostro fornecido às bezerras, a quantidade de doses que cada animal recebeu e o tempo entre o parto e a primeira mamada - e atribuiu notas a esse trabalho.
Nas fazendas com pontuação excelente, a produção média de leite por vaca foi de 9,5 mil litros no intervalo de um ano, cerca de 600 litros a mais do que nas propriedades que tiveram nota baixa no estudo. Todas elas têm média bem superior à nacional, de 2,2 mil litros por vaca no ano.
O coordenador do programa Alta Cria, Rafael Azevedo, diz que um dos diferenciais das fazendas mais bem-avaliadas no estudo foi a administração de uma segunda mamada de colostro às bezerras. A prática, que não existia cinco anos atrás, está presente em 66% das propriedades que integraram o levantamento.
O colostro também é importante para reduzir perdas no rebanho. Segundo a empresa, bezerras com índices de colostragem ruins têm duas vezes mais chance de morrer na fase de cria. "O pecuarista que não cuida desse aspecto corre o risco de ficar sem animais para fazer reposição”, afirma Azevedo.
O índice de mortalidade médio nessas fazendas é de 6%, sendo que há fazendas com apenas 1% e outras acima de 20%. “Então, mesmo nessas fazendas de ponta, tem gente perdendo 20% de sua melhora genética”, alerta o coordenador.
Anestesia e anti-inflamatórios
O estudo também identificou um crescimento no uso de anestesia e anti-inflamatórios na mochação — processo que remove os chifres dos animais que estão em formação. Atualmente, apenas 12% das fazendas não utilizam esses paliativos para reduzir o sofrimento do rebanho. No passado recente, o índice era de 40%.
“Parte dos produtores ainda tem uma cultura de que não é necessário, então a gente insiste muito nisso. E também colocamos esses 88% que utilizam anestesia para conversar com os demais, para mostrar que esse trabalho não é à toa”, diz.
Avanços
Cleocy de Mendonça Júnior, gerente de leite da empresa, destaca que o relatório abrange animais de 13 Estados, de diversas raças e composições genéticas, criados em vários sistemas. “Antigamente, havia uma diferença enorme entre as fazendas de ponta daqui e dos Estados Unidos. Hoje, na média, ainda estamos atrás, mas as nossas melhores fazendas são tão boas quanto as melhores dos americanos”, afirma.
Segundo ele, o segmento leiteiro deve entrar em processo de consolidação, com produtores eficientes aumentando seu rebanho. “Antes, você podia errar, mas ganhava alguma coisa. As margens brasileiras têm caído muito, e não há mais espaço para erros”, avalia.
As informações são do Valor Econômico, adaptadas pela equipe MilkPoint.