"O acordo foi muito bom para o Brasil, pelas informações que recebi", afirmou o presidente. Ele contou que, na reta final das negociações em Bruxelas, tinha o problema dos vinhos. Os europeus queriam maior acesso para seus vinhos no Mercosul. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, entrou no debate, fez várias reuniões em Brasília com os produtores do Rio Grande do Sul e superou o problema. Segundo o presidente, laticínios também tinham problemas nas barganhas, afinal superadas.
Bolsonaro ressaltou o desempenho dos ministros de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Agricultura, Teresa Cristina, na costura do acordo, iniciado há 20 anos, interrompidas em 2004 e relançado em 2010. "Os ministros Ernesto Araújo e Teresa Cristina foram essenciais no acordo", disse ele.
O tratado abrange bens, serviços, investimentos e compras governamentais e pode aumentar as exportações brasileiras à região em quase US$ 100 bilhões até 2035, segundo avaliação do Ministério da Economia.
Indagado sobre possibilidade de o Mercosul abrir negociações agora com os EUA, diante da proximidade com o governo Trump, Bolsonaro não excluiu isso. Mencionou também o Japão, onde a indústria quer um acordo com o bloco do Cone Sul.
Ele disse que Trump “está muito confiante no governo brasileiro”. Observou que o governo americano tem preocupação com a Venezuela e quer resolver a crise. E que também há preocupação com a Argentina. Para Bolsonaro, um retorno de Cristina Kirchner ao poder, mesmo como vice-presidente, significa o risco de uma Venezuela no Cone Sul.
Segundo o presidente, Trump mencionou a possibilidade de visitar a Argentina talvez no mês que vem. Bolsonaro propôs que seria bom então uma reunião também com Brasil, Chile, Paraguai, Colômbia e Peru. “Estamos afinados com Trump”, afirmou. Bolsonaro acha que pode ser que a reunião ocorra. “A América do Sul está deixando um pouco a esquerda e indo para o centro, em alguns casos para a centro-direita”, comentou.
Agricultores franceses atacam acordo UE-Mercosul
Para o presidente da França, Emmanuel Macron, o acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia estabelecido atendeu às expectativas do país. Os agricultores franceses, no entanto, anunciaram que o acerto foi inaceitável.
Eles temem a chegada de carne proveniente do sistema intensivo de criação de gado, diferente do de fazendas familiares do país. Para eles, as quase 99 mil toneladas de carne bovina que o Mercosul poderá exportar sem tarifa concorrerão com os 85 mil pastores de gado da França.
"Semanas depois das eleições europeias, é inaceitável a assinatura de um acordo UE-Mercosul que estabelece concorrência desleal aos agricultores europeus e uma farsa total aos consumidores", disse Christiane Lambert, chefe do sindicato dos agricultores da França, em rede social.
O sindicato francês de jovens agricultores também questionou a decisão. "Por que eles pedem para melhorar os termos de qualidade e respeito ao meio ambiente na França e na Europa se vão importar produtos contrários a esses esforços?"
A Federação Nacional dos Bovinos na França alertou que o ritmo de desaparecimento das fazendas de gado dobrou desde 2017. Foram, segundo a entidade, 1.500 desaparecidos nos últimos anos.
Para Macron, a França expressou preocupações com o risco de um surto nas exportações agrícolas sul-americanas para a Europa e acolheu disposições que limitam as exportações de açúcar e carne bovina do Mercosul.
"Eu considero que este acordo é bom, dado que as demandas que fizemos foram levadas em conta pelos negociadores", disse o presidente ao final de uma das cúpulas do G20, em Osaka. Ele havia ameaçado não assinar o acerto de livre-comércio com o Mercosul caso o Brasil desistisse do acordo climático de Paris.
Confira o documento divulgado pelo Mapa na íntegra:
As informações são do jornal Valor Econômico.