Como a SanCor é uma cooperativa, não pode ser vendida, mas pode transferir ativos e passivos a uma S.A. A expectativa é que isso possa se concretizar após as eleições de outubro, e algumas das companhias já manifestaram interesse pela empresa, como a Lala (México), Lactalis (França), Gloria (Peru) e Fonterra (Nova Zelândia). Também chegou a ser citado o interesse da Conaprole, do Uruguai.
Em algumas declarações, diretores da cooperativa não tinham descartado inclusive a possibilidade de explorar outro acordo com a companhia agroindustrial Vicentín, que no ano passado, passou a controlar 90% do negócio de iogurtes da Sancor, sobremesas e flãs em troca de US$ 100 milhões.
Até o momento, com algumas empresas estrangeiras, a SanCor combinou de enviar informações e, segundo algumas fontes, espera-se para o próximo mês a visita de executivos das empresas interessadas.
Em meio à crise das últimas semanas, pela demora do Governo em efetivar a ajuda, uma possibilidade era que a nova sociedade anônima poderia ter 30% de participação para a cooperativa de lácteos e 70% para um grupo investidor. Dessa maneira, perderia o controle do negócio, ainda que a expectativa é de que se a empresa chegar melhor posicionada a esse processo, poderá aspirar uma porcentagem maior.
No entanto, no dia 30 desse mês, em Sunchales, será realizada uma assembleia extraordinária com produtores para conseguirem a aprovação em dois temas. Por um lado, a aprovação formal do fideicomisso que canalizará a ajuda de 450 milhões de pesos (US$ 28,08 milhões) que o Governo da Argentina se dispôs. Menos da metade desse dinheiro já começou a entrar, de acordo com fontes da produção vinculadas com a companhia, mas esse processo será aprovado em papel. A figura do fideicomisso tinha sido escolhida para que o mesmo governo tenha controle dos gastos e possa ficar à margem de qualquer queixa judicial contra a empresa.
O outro aspecto é que o conselho de administração colocará em consideração o plano de reestruturação da companhia. A SanCor tem quatro plantas fechadas e, no momento, seguirão assim pela baixa captação de leite. Em meio à crise, a cooperativa perdeu 300 produtores de leite e hoje faz uma coleta abaixo de 800.000 litros diários. Vale ressaltar que essa quantia já chegou a 3 milhões de litros.
Além disso, a empresa tem que pagar dívidas com produtores, funcionários, fornecedores e para a Administração Federal de Receitas Públicas (AFIP), que hoje somam 2 bilhões de pesos (US$ 124,83 milhões). Tudo isso sem contar a parte financeira, que seria de mais de 3 bilhões de pesos (US$ 187,25 milhões).
Por isso, dentro do plano de reestruturação, há um capítulo que fala da possibilidade de uma aliança que poderá ser sob a figura de uma sociedade anônima. Sobre esse assunto, os produtores realizarão uma votação em assembleia também no dia 30.
No caso dos produtores de leite, a Sancor está devendo 15% da produção de janeiro, 90% da de fevereiro, 50% da de março e 100% da de abril. “Há três semanas que estamos escutando promessas de pagamento, mas não pagaram o que disseram que iam pagar”, disse um produtor de leite. Os produtores de leite continuam entregando o produto.
Com relação aos funcionários, os salários estão atrasados desde fevereiro. “Vão depositando um pouco, mas nunca o total”, disse um funcionário.
Fontes próximas à cooperativa acreditam que, com o dinheiro oficial e com a recuperação do leite, poderia haver um respiro, e a situação poderia estar “normalizada” dentro de um mês e meio, para que, depois, se comece o processo com um grupo investidor.
As informações são do La Nación, traduzidas pela Equipe MilkPoint.