Antes do acordo com a China, os queijos da Austrália e dos Estados Unidos estavam ambos sujeitos a uma tarifa de importação de 12%. A Austrália tinha 18% do mercado de queijo importado pela China em valor em 2015 e os Estados Unidos, cujos produtos tendem a ser mais caros, tinham 16% do mercado, que totalizou US$ 348 milhões no ano passado. A Nova Zelândia, que tinha um acordo de livre comércio com a China desde 2008 e pode exportar os mesmos queijos ao país sem taxas, controla cerca de metade do mercado de queijos e sua participação está crescendo.
O acordo de livre comércio da Austrália com a China reduziu as tarifas cobradas sobre variados produtos australianos, como cevada e minério de ferro. No caso dos queijos, a tarifa de importação caiu para 9,6%, reduzindo o preço para os consumidores chineses.
Nos 10 meses desde a introdução da nova tarifa, a participação da Austrália nas importações de queijos da China aumentou em valor em quase 1%, de acordo com dados da alfândega chinesa, enquanto a dos Estados Unidos caiu em mais de 6%. Comparado com o ano anterior, a quantidade de queijos que a China importou dos Estados Unidos caiu 28% nos 10 meses até 31 de outubro em termos de volume e valor, mesmo com as importações totais de queijos da China aumentando 29%, para 78.369 toneladas.
Em uma carta aberta no começo de dezembro, o Conselho de Exportações de Lácteos dos Estados Unidos (USDEC) e a Federação Nacional de Produtores de Leite (NMPF) pediram que o presidente eleito, Donald Trump, ajudasse a nivelar o mercado internacional para os produtores de leite.
Os acordos comerciais da Austrália e da Nova Zelândia deram a esses países uma vantagem com relação aos Estados Unidos na China quando se fala de queijos, disse o vice-presidente sênior de políticas comerciais da NMPF, Jaime Castaneda. Se os Estados Unidos não conseguirem acompanhar a expansão comercial da Oceania e da Europa, poderão cair mais ainda, disse ele.
Como a segunda maior economia do mundo, a China é um enorme consumidor de tudo, desde soja a carne suína, e o maior importador mundial de lácteos. A China assinou 13 acordos de livre comércio com países da Ásia, bem como da Europa, da América do Sul e do Pacífico. O mais recente com a Austrália foi creditado com aumento das vendas à China de itens que incluem cerejas e cevada. As exportações de uvas australianas para a China duplicaram este ano.
Na Nova Zelândia, os benefícios do fácil acesso ao mercado chinês são evidentes na pequena cidade de Clandeboye, na Ilha do Sul. Lá, a gigante Fonterra Co-operative Group Ltd., acaba de abrir uma fábrica de US$ 165 milhões, dobrando a capacidade da companhia de produzir mussarela e adicionando 100 empregos. A companhia está trabalhando na expansão da fábrica para acompanhar a demanda.
A demanda chinesa por produtos ocidentais deverá crescer junto com a classe média. Apesar das importações de queijos do país serem relativamente pequenas para seu tamanho, esse volume pode crescer 7% anualmente até 2025, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Em áreas onde a Nova Zelândia e a Austrália não são grandes participantes, o setor de lácteos dos Estados Unidos está se beneficiando dessa demanda. As importações chinesas de soro do leite dos Estados Unidos, um subproduto da produção de queijos, aumentaram 24% nos 10 meses até 31 de outubro.
A cooperativa de lácteos, Agri-Mark Inc., vende proteínas do soro do leite e outros produtos de soro do leite em pó para a China, mas não tem planos de vender queijos, uma vez que esses teriam menores preços para competir com países cujos produtos não têm tarifas tão pesadas.
“As margens são baixas nas vendas externas devido a tarifas e outras barreiras comerciais”, disse o porta-voz da processadora, localizada em Massachusetts, Doug DiMento. “Nos Estados Unidos, os consumidores conhecem nossos queijos e estão dispostos a pagar mais pela maior qualidade, mas esse nem sempre é o caso em mercados novos e emergentes”.
As informações são do The Wall Street Journal, traduzidas pela Equipe MilkPoint.