O programa estimulará o melhoramento genético por meio de uma parceria com a LIC, uma cooperativa neozelandesa que controla todos os índices genéticos de seus cooperados. É interessante ressaltar que os fatores que mais influenciam na composição do leite são a genética e a alimentação dos rebanhos.
“Vamos disponibilizar aos produtores de leite, por meio dessa parceria, sêmen de animais melhoradores em sólidos de várias raças e cruzamentos. Em um segundo momento, serão disponibilizados embriões em parceria com a Universidade Federal de Lavras. O trabalho consiste em fornecer o material genético em condições diferenciadas (preços especiais) além de disponibilizar veterinários para protocolar, inseminar e acompanhar o desenvolvimento das fêmeas oriundas do programa até a segunda lactação. Os animais serão catalogados e terão seu leite analisado nas duas primeiras lactações. Serão avaliados também os resultados do leite total das fazendas participantes e o leite total da Verde Campo”, pontuou Sávio Santiago, Gerente de Captação da Verde Campo, em entrevista ao MilkPoint. Os médicos veterinários que acompanharão o programa serão custeados pela Verde Campo.
As fêmeas oriundas do programa serão constantemente comparadas com outras fêmeas do mesmo rebanho. Também será mensurada a evolução da proteína e gordura do leite total dos produtores envolvidos.
Segundo Sávio, a Verde Campo sempre desenvolveu um intenso trabalho de qualidade do leite junto com os produtores – atingindo padrões microbiológicos no leite recebido entre os melhores do Brasil. “Também estimulamos os processos de Boas Práticas de Produção certificando os nossos fornecedores”.
Na primeira etapa do programa, a meta é ter mais de 1.500 fêmeas catalogadas e monitoradas. Nos primeiros cinco anos, é ter de 2 mil a 4 mil fêmeas registradas. Em alguns países do mundo, o leite já é pago por quilo de sólidos e de acordo com a Verde Campo, essa tendência de mercado parece estar cada vez mais próxima da realidade brasileira.
“A nossa maior inspiração vem dos teores de sólidos obtidos na Nova Zelândia. Por isso a parceria foi firmada com a LIC. Acreditamos que o programa será um divisor de águas para a pecuária leiteira da nossa região e um exemplo para o resto do Brasil. Somos um país continental e temos a capacidade de abastecer o mundo com leite. Ter mais sólidos é um primeiro passo para sermos competitivos”, completou Sávio. A mensuração de gordura e proteína no leite será feita pela equipe da Verde Campo diretamente com a Clínica do Leite (ESALQ/USP).
O leite com mais sólidos, principalmente proteína, apresenta um grande diferencial em rendimento industrial, aumentando por exemplo, o ganho de eficiência na produção de queijos, iogurtes e leite em pó na indústria láctea. Há vantagens também para os produtores, já que aumenta o bônus no Sistema de Valorização do Leite (SVL). Considerando que o percentual de água no leite gira em torno de 87%, o aumento de sólidos propicia uma redução no custo logístico de captação da matéria-prima no campo. Quanto mais sólidos, menos água é transportada e como consequência, o produto tem maior valorização.
No Brasil, a média geral de proteína no leite varia entre 3,10% a 3,30% enquanto que na Nova Zelândia fica entre 3,70% a 4,00%. Lá, eles chegam a produzir em torno de 20% mais leite em pó com um litro de leite do que as indústrias brasileiras. Após três etapas do programa (geração de animais), a meta do Programa + Leite + Sólidos é elevar esse índice médio para patamares entre 3,40 e 3,50.
“Acreditamos que junto com o aumento das proteínas, que é o nosso foco principal, teremos um incremento na gordura total, que também tem a sua importância. A Verde Campo é referência no desenvolvimento de produtos saudáveis, portanto em sua maioria reduzidos em gorduras. Mas temos trabalhado com produtos específicos como a nata lacfree, o creme de leite pasteurizado com lactose e lacfree – que dependem da gordura”, acrescentou Santiago.
Para participar, o produtor da Verde Campo deve atender às regras básicas do programa e se adequar com relação às boas práticas nutricionais do rebanho, ter uma boa criação de bezerras e também bons índices de qualidade do leite.
Pensando na fidelização dos produtores participantes, a Verde Campo trabalhará com mecanismos de contrato que garantam ao produtor o monitoramento pelo programa por pelo menos duas lactações. “A Verde Campo tem um histórico de ‘perda’ de fornecedores para outras indústrias muito baixo. Produtores que atingem nosso padrão de qualidade ideal e que tem regularidade são naturalmente mais valorizados do que o mercado geral em função da nossa política de valorização. Enxergamos que o programa, além de ser uma ação para a Verde Campo, é também um ganho para a região. Os benefícios de ter uma bacia leiteira com condições diferenciadas em sólidos do leite serão vistos e obtidos por todos da cadeia produtiva. Para o Brasil passar a ter um status de exportador de leite, o incremento dos sólidos e a melhoria da qualidade do leite obtido a campo são essenciais”, concluiu Sávio.