A partir do plantel assim iniciado, outras correntes sanguíneas com genética dos EUA, Canadá, Inglaterra e Nova Zelândia foram incorporadas ao rebanho, sempre buscando preservar as características raciais originais e, ao mesmo tempo, desenvolver uma vaca com grande aptidão produtiva e excelente tipo funcional.
Hoje a Fazenda Limoeiro, onde também está instalada a sede da Goldy Alimentos Premium, tem uma produção de 750 litros/leite/dia com 50 vacas em lactação em um plantel com aproximadamente 120 cabeças. A própria denominação da empresa – Goldy Alimentos Premium – deve-se à uma curiosidade. Ela se refere e homenageia o nome de uma das melhores matrizes importadas, em 1978, chamada “Natasha Galinthia Goldy” e que originou três famílias de descendentes, os quais, até os dias de hoje, estão presentes no plantel.
Segundo William, a Goldy Alimentos Premium comercializa os lácteos frescais (queijo minas e ricota) da marca “Jersey de Itu” desde 2001 e a opção pela verticalização veio para agregar valor para o negócio, já que nesse mesmo ano o setor lácteo passava por sérias dificuldades. Desde a fundação, as embalagens dos produtos contêm a figura de uma menina ao lado de um exemplar de Jersey, o que faz parte da identidade da companhia. Também consta na estampa os dizeres em latim Omnis Pecuniae Pecus Fundamentum (que significa “o rebanho é a base de toda a prosperidade”).
A princípio, a distribuição era feita pelo próprio produtor no supermercado Casa Santa Luzia (São Paulo/SP). O negócio expandiu e, hoje, os produtos são comercializados em algumas “lojas AA” do Pão de Açúcar, Casa Santa Luzia, Rede St.Marche, Empório Santa Maria, Eataly SP, Emporium São Paulo, Hortisabor, Varanda Cidade Jardim, além de hotéis, clubes e restaurantes da Grande São Paulo.
“A fabricação é terceirizada e utiliza todo o leite produzido na fazenda. Artesanalmente, elaboramos também receitas exclusivas do doce de leite e fondant com a mesma marca - que são muitos demandados por restaurantes e sorveterias. A receita veio diretamente do Uruguai e da Argentina. Neste primeiro trimestre de 2017 iniciaremos a construção de uma planta industrial no antigo terreiro de café para a produção destes dois produtos em escala compatível com a demanda de mercado e, quem sabe, de outros produtos no médio prazo”, comentou William em entrevista exclusiva ao MilkPoint.
Segundo ele, o leite oriundo da raça é reconhecido pelo alto teor de sólidos (gordura, proteínas e minerais), o que confere aos seus derivados sabor e cremosidade inigualáveis, além de proporcionar altos rendimentos na indústria. Atualmente, para a fabricação de 1 kg de queijo minas frescal Jersey de Itu são utilizados 4 litros de leite.
Qualidade da matéria-prima
A saúde dos aparelhos mamários das vacas em lactação da Fazenda Limoeiro e seu acompanhamento (teste CMT [California Mastitis Test] a cada 15 dias), assim como a higiene nas instalações de ordenha e armazenamento são preocupações constantes, sendo monitorados mensalmente por meio dos índices de CCS (Contagem de Células Somáticas) e CBT (Contagem Bacteriana Total).
“Temos utilizado leite Jersey captado de terceiros para complementar nossa fabricação de queijo e ricota, mas, em 2017, pretendemos aumentar nossa produção para 1.200 litros/dia, o que possibilitará atender a demanda de mercado. Entretanto, se houver necessidade de continuar captando leite Jersey, a ideia é oferecer ao produtor um preço incentivado, cerca de 10% acima da média praticada na região”, destacou William.
De acordo com ele, o processo de fabricação, tanto dos lácteos frescais, quanto do doce e fondant "Jersey de Itu", procura tirar partido da vantagem comparativa que a matéria-prima oferece. Ao final, essa característica se traduz em uma percepção sensorial deste fator de diferenciação, hoje valorizado e fidelizado pelo consumidor.
“Nós procuramos incorporar constantemente novas tecnologias, tanto na produção leiteira quanto na fabricação de derivados, preservando sempre o padrão de qualidade da matéria-prima e dos produtos ofertados ao consumidor. Para mantermos os rígidos padrões de sanidade e qualidade, trabalhamos com muita dedicação e constante monitoramento para detectar eventuais problemas, antecipando as soluções”, destacou.
Questionado sobre a interferência da crise econômica no consumo dos produtos, William apontou 2016 como o pior ano já experimentado pela Goldy em 15 anos de atividade, principalmente por trabalharem com produtos de alto valor agregado. O balanço apontou retração de 40% nas vendas. “Para 2017, prefiro projetar uma retomada dos níveis de produção anteriores à crise, quando chegamos a fornecer cerca de 4.000 peças de queijo e ricota/ semana”.
Além dos laticínios, desde 2006 a Goldy entrou no mercado de carne bovina após a aquisição da Fazenda Sanhaço Azul, em Avaré/SP.