ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Qual a permanência do selante de tetos aplicado na secagem?

POR TIAGO TOMAZI

E MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 27/08/2018

6 MIN DE LEITURA

0
6

O período seco (PS) é uma fase de alto risco de novas infecções intramamárias (IIM) em vacas leiteiras, as quais frequentemente são detectadas apenas nas primeiras ordenhas após o parto. A alta frequência de IIM adquiridas no período seco está associada a fatores como: o ingurgitamento da glândula mamária nos primeiros dias após a secagem, a interrupção da desinfeção dos tetos e o atraso ou ausência de formação do tampão de queratina no canal do teto. De fato, até 50% dos tetos não têm o tampão de queratina inteiramente formado durante os primeiros 10 dias após a secagem. Além disso, em 3 a 5% dos tetos, a formação completa do tampão de queratina não é observada durante todo o PS. Infecções de origem do PS, juntamente com casos de mastite crônica da lactação anterior, são fatores determinantes da prevalência de mastite na lactação subsequente.

Atualmente, a principal ferramenta para a prevenção de novas IIM durante o PS é o uso de selantes internos de tetos (SIT). Estes produtos são formulações inertes, sem propriedades antimicrobianas, os quais são injetados nos tetos no momento da secagem para formar uma barreira física contra a invasão de microrganismos causadores de mastite. Um estudo recente demonstrou que o SIT aplicado em associação com antibióticos de secagem reduziu em 48% o risco de mastite clínica na lactação subsequente em comparação a vacas que receberam apenas o antibiótico. Selantes internos de tetos não são absorvidos pelo tecido da glândula mamária e podem persistir nos tetos durante todo o PS, até serem manualmente removidos durante a primeira ordenha pós-parto ou pela mamada do bezerro.  

Apesar da eficácia dos SIT já ter sido avaliada, ainda não está claro qual é a proporção de tetos que permanecem com o selante formando um plugue (tampão) na base da cisterna do teto até o parto (Figura 1). Além disso, poucos dados estão disponíveis sobre o tempo que as vacas levam para eliminar completamente os resíduos de SIT após o parto. Também não está totalmente elucidado se vacas que não possuem o selante na cisterna do teto antes da primeira ordenha estão em maior risco de adquirirem novas IIM.

Figura 1 – Presença de selante formando uma barreira física na cisterna dos tetos de vacas leiteiras (adaptado de Carneiro Filha et al., 2006).

selantes internos de tetos - mastite vacas

Um estudo recente avaliou 557 quartos mamários de 156 vacas distribuídas em 6 rebanhos que receberam SIT (associado ou não a antibióticos) na secagem. As vacas selecionadas tinham PS previsto de 35 a 75 dias e não receberam antibióticos nos últimos 14 dias pré-secagem. Este estudo avaliou a prevalência de quartos com SIT na primeira ordenha após o parto e a persistência de resíduos de selante no leite durante o início da lactação. Além disso, o estudo investigou se quartos que não tinham SIT presente na primeira ordenha após o parto tiveram a mesma proteção contra novas IIM durante o PS em comparação com quartos que possuíam o SIT na primeira ordenha.

A presença do selante na primeira ordenha e a avaliação de resíduos de SIT presentes no leite em cada ordenha foram realizados por ordenhadores treinados em cada rebanho. A presença do selante na cisterna do teto foi considerada se a pressão exigida para remover o produto foi maior do que a força necessária para a extração normal do leite. Associado a isso, uma quantidade significativa de SIT teria que ser observada após a retirada dos primeiros jatos de leite. Os resíduos de SIT foram observados a cada ordenha pela retirada dos primeiros jatos de leite diretamente no chão da sala de ordenha ou pelo uso de uma caneca telada. O último dia em que os resíduos do SIT foram observados no leite foi usado para calcular o tempo que cada quarto mamário liberou resíduos. O término da eliminação de resíduos de selante no leite foi constatado pela ausência do produto em pelo menos quatro ordenhas sucessivas.

Informações das vacas (número de lactações, produção de leite na secagem e produção de leite no início da lactação) foram registradas e avaliadas como potenciais fatores que afetariam a eliminação do SIT. Amostras de leite dos quartos mamários de todas as vacas selecionadas foram coletadas para detecção de IIM no dia anterior à secagem, e em dois momentos após o parto (dia 4 e antes de 18 dias em lactação).

Dentre os quartos mamários avaliados no estudo, 321 (57,6%) receberam uma combinação de antibiótico e SIT, enquanto 236 (42,4%) receberam apenas SIT. A média de produção de leite das vacas foi de 24,7 Kg/dia no momento da secagem e de 45,2 Kg/dia após o parto. A média de duração do PS foi de 52 dias, variando de 35 a 73 dias.

A presença do SIT foi observada em 83% dos quartos mamários avaliados na primeira ordenha após o parto. De forma geral, a duração de liberação de resíduos de selante no leite variou de 0 a 12 dias, com uma média de 4 dias (Figura 2). Para quartos com SIT presente na primeira ordenha após o parto, a eliminação de resíduos variou de 1 a 12 dias (média de 4,5). Por outro lado, para quartos sem o plugue, a eliminação de resíduos variou de 0 a 8 dias (média de 1,2 dias).

Figura 2 – Distribuição do número de dias de eliminação de resíduos de SIT após o parto, de acordo com a presença ou não de selante na primeira ordenha.

selantes internos de tetos - mastite vacas

Novas IIM foram observadas em 16,4% (87/530) dos quartos mamários. Patógenos ambientais foram a principal causa de novas IIM (69% dos casos). Dentre os patógenos ambientais, Aerococcus spp. e espécies de Staphylococcus coagulase negativa foram os mais prevalentes nos casos de novas IIM. Por outro lado, Staphylococcus aureus e Corynebacterium spp. foram os patógenos contagiosos mais frequentes. Não houve diferença no risco de novas IIM entre os quartos que apresentaram o SIT (16,2%) e os que não apresentaram o SIT (16,7%) na primeira ordenha após o parto. Estes resultados sugerem que as vacas permaneceram protegidas mesmo com a eliminação precoce do SIT.

Quartos mamários que receberam apenas SIT na secagem tiveram 2,6 vezes mais chance de ter a presença de selante após o parto que quartos secados com a combinação de antibiótico e SIT. Um estudo publicado anteriormente sugeriu que antibióticos formulados a base de óleo podem solubilizar o selante e afetar a formação do plugue de selante. Além disso, quartos mamários posteriores tiveram 2,1 vezes mais chance de ter o plugue de selante na primeira ordenha pós-parto que quartos anteriores.

Quando o SIT estava presente na primeira ordenha após o parto, foi necessário um período mais longo para a completa eliminação do SIT em vacas mais velhas. Vacas com ≥4 lactações eliminaram o selante por aproximadamente 5 dias, enquanto que a eliminação foi de aproximadamente 4 dias para vacas de 2ª e 3ª lactação. Quando o selante não estava presente na primeira ordenha após o parto, a duração de eliminação de resíduos também foi maior para vacas mais velhas, porém, também observou-se maior duração de excreção de selantes em quartos posteriores e em vacas que passaram por PS mais longos. Apesar destes fatores de risco terem sido associados com a permanência do tampão de selante na cisterna dos tetos, as diferenças entre as vacas que apresentaram ou não o SIT após o parto foram relativamente pequenas, e, portanto podem não ter relevância clínica.

Por fim, este estudo tinha como hipótese o fato de que vacas com maior produção de leite estariam em maior risco de não ter o SIT no parto devido ao aumento da pressão interna no úbere após a secagem. Consequentemente, vacas mais produtivas poderiam estar em maior risco de eliminação do selante antes do parto. No entanto, a permanência do tampão de selante após o parto não foi afetada pela produção de leite das vacas na secagem. Contudo, o uso de SIT é uma estratégia importante para a prevenção de novas IIM durante o período seco, a qual deve ser estimulada no manejo de rebanhos leiteiros.


Fonte: Crispie et al., 2004. Dry cow therapy with a non-antibiotic intramammary teat seal - a review. Irish Veterinary Journal

Fonte:

Kabera et al. (2018). Journal of Dairy Science. 101(7):6399–6412. (https://doi.org/10.3168/jds.2017-13986).

TIAGO TOMAZI

Médico Veterinário e Doutor em Nutrição e Produção Animal
Pesquisador do Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

0

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures