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Prejuízos da mastite clínica variam de acordo com o agente causador

POR MARCOS VEIGA SANTOS

E TIAGO TOMAZI

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 07/04/2014

6 MIN DE LEITURA

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Tiago Tomazi*
Marcos Veiga dos Santos

A mastite clínica é uma inflamação da glândula mamária que acomete vacas leiteiras causando grandes prejuízos à bovinocultura de leite. Episódios de mastite clínica prejudicam o bem-estar de vacas e estão associados com reduções significativas de produção de leite. Além disso, a mastite clínica é a forma de infecção intramamária (IIM) que mais demanda gastos com antimicrobianos e serviços médico veterinários, além de causar prejuízos na fertilidade e aumento do risco de descarte e morte de vacas acometidas.

Várias espécies de micro-organismos são responsáveis por causar mastite clínica, os quais podem invadir o canal do teto e infectar a glândula mamária inúmeras vezes durante uma lactação. Diferenças epidemiológicas e de patogenia são observadas entre os patógenos causadores de IIM, desta forma, perdas de produção de leite variam com o agente causador. O conhecimento preciso das perdas de produção relacionadas aos principais patógenos causadores de mastite é importante, pois pode auxiliar na tomada de decisão quanto ao tratamento a ser utilizado, além de fornecer uma estimativa de perda de produção de leite para casos específicos de mastite clínica.

O principal prejuízo econômico associado com a mastite clínica é atribuído à redução do potencial de produção das vacas acometidas e ao descarte de leite devido à terapia antimicrobiana. Estudos relataram que um caso de mastite clínica podem gerar perdas de produção acima de 500 kg de leite em uma lactação. Um estudo realizado no estado de Michigan, EUA, relatou perda total de produção de leite (redução da produção + descarte devido ao uso de antimicrobianos), de cerca de 300 kg durante os primeiros 60 dias após o diagnóstico da mastite clínica.

Pesquisadores do Laboratório Quality Milk Production Services da Universidade de Cornell (Ithaca, EUA) avaliaram o efeito de casos de mastite clínica causada por diferentes patógenos sobre a produção de leite durante toda a lactação de vacas da raça holandesa. Dados de 38.276 lactações de vacas de cinco rebanhos leiteiros do estado de Nova York foram coletados durante o período de 2003 a 2011. Os primeiros três casos de mastite clínica diagnosticados durante uma lactação foram considerados e oito categorias de patógenos foram avaliadas: (1) Streptococcus spp.; (2) Staphylococcus aureus; (3) Staphylococcus coagulase negativa (SCN); (4) Escherichia coli; (5) Klebsiella spp.; (6) casos de mastite com sinais clínicos, porém, sem isolamento na cultura microbiológica; (7) demais patógenos que respondem ao tratamento com antimicrobianos (“outros patógenos tratáveis”; Citrobacter, Corynebacterium bovis, Enterobacter, Enterococcus, Pasteurella, Pseudomonas); e, (8) demais patógenos que não apresentam boa resposta ao tratamento com antimicrobianos (“outros patógenos não tratáveis”; Trueperella pyogenes, Micoplasma spp., Prothoteca spp., leveduras).

Vacas primíparas (primeira lactação) e multíparas (≥ 2 lactações) foram avaliadas separadamente, conforme o perfil das respectivas curvas de lactação. As vacas primíparas foram avaliadas até 48 semanas de lactação e as vacas multíparas até as 44 semanas de lactação.

Os resultados deste estudo indicaram que o risco de novos casos de mastite clínica aumentou após cada caso diagnosticado, em especial no primeiro e segundo casos. Em vacas primíparas, as perdas de produção de leite tiveram início de 1 a 3 semanas antes do diagnóstico da mastite clínica causada por Streptococcus spp., S. aureus ou pelo grupo de “outros patógenos não tratáveis”. Já para os casos de mastite clínica causada por E. coli, Klebsiella spp., “outros patógenos tratáveis”, e para o grupo de vacas que não tiveram isolamento na cultura microbiológica, as perdas de produção de leite iniciaram durante a semana do diagnóstico de mastite clínica. As perdas de produção de leite associadas com a mastite clínica em vacas primíparas permaneceram por várias semanas após o diagnóstico exceto para as vacas infectadas com SCN, o qual não afetou a produção de leite.

Em vacas multíparas, as perdas de produção iniciaram uma semana antes do diagnóstico da mastite clínica causada pelo grupo com isolamento de “outros patógenos não tratáveis”. Para demais patógenos, exceto SCN, as perdas de produção de leite iniciaram na semana do diagnóstico do primeiro caso de mastite clínica diagnosticado. Da mesma forma que em vacas primíparas, as perdas de produção de leite continuaram por várias semanas após o diagnóstico. A produção de leite também sofreu redução após a ocorrência do segundo e terceiro caso de mastite clínica em vacas primíparas e multíparas, apesar de os perfis das curvas de produção terem variado com o patógeno causador.

Quando o mesmo patógeno foi isolado no primeiro e segundo caso de mastite clínica diagnosticado, vacas primíparas apresentaram perdas médias de produção de leite de 3,1 Kg/dia, enquanto as vacas multíparas tiveram redução de produção de leite de 1,5 kg/dia. Por outro lado, quando os patógenos isolados foram de diferentes espécies, as perdas médias de produção foram de 2,7 Kg/dia para as vacas primíparas e de 1,7 kg/dia para vacas multíparas. Quando o terceiro caso de mastite clínica apresentou o mesmo patógeno do segundo caso, as vacas primíparas e multíparas apresentaram aumento de 2,0 e 1,1 Kg/dia na produção de leite, respectivamente. Por fim, quando os patógenos isolados foram de diferentes espécies na segunda e terceira cultura microbiológica, as médias de aumento de produção de leite das vacas primíparas foi de 0,7 Kg/dia, enquanto a média de produção de leite aumentou 0,6 Kg/dia nas vacas multíparas. Tal aumento na produção de leite no terceiro caso de mastite clínica em relação ao segundo caso diagnosticado pode estar associado a uma resposta mais efetiva do sistema imune das vacas.

Ao comparar as vacas com base no número de lactações, as perdas associadas com Streptococcus spp. e “outros patógenos tratáveis” foram similares tanto em vacas multíparas, quanto primíparas. As perdas de produção associadas com a mastite clínica causada por “outros patógenos não tratáveis” foram maiores em primíparas que em multíparas. Por outro lado, as perdas de produção de leite tenderam a serem maiores em multíparas que em primíparas nos casos de mastite clínica causada por E. coli, Klebsiella spp., e no grupo de isolados em que não houve crescimento na cultura microbiológica. Quando o primeiro caso de mastite clínica foi causado por S. aureus, as perdas foram maiores em vacas primíparas que em multíparas.
As maiores perdas de produção de leite foram observadas em vacas com mastite clínica causada por E. coli, no entanto com menor efeito sobre as perdas de produção nas semanas subsequentes ao diagnóstico da IIM em comparação com as vacas infectadas com S. aureus. Nos casos de mastite causada por S. aureus ocorrem lesões no tecido secretório da glândula mamária, o qual é posteriormente substituído por tecido conjuntivo não secretório, ocasionando redução do potencial de produção das vacas. Infecções intramamárias causadas por E. coli têm um mecanismo diferente de ação, o qual causa inflamação aguda que acomete os alvéolos da glândula mamária, resultando em lesões menos permanentes e agravantes ao tecido mamário.

Os resultados deste estudo sugerem que perdas de produção de leite variam conforme o agente causador de mastite clínica. O conhecimento de fatores epidemiológicos e de patogenia dos micro-organismos causadores de mastite pode auxiliar no esclarecimento do efeito da mastite clínica sobre a produção de leite. Os dados podem também ser úteis para a tomada de decisão quanto ao tratamento e práticas de manejo a serem adotadas em casos específicos de mastite clínica, tais como descarte e reposição de vacas. Por exemplo, um produtor de leite deve tomar diferentes decicoes quando uma vaca for diagnosticada com mastite clínica causada por E. coli em comparação a um caso em que o agente etiológico é SCN. Além disso, resultados relativos às perdas de produção de leite podem ser incluídos em modelos de avaliação econômica a fim de estimar perdas financeiras decorrentes da mastite clínica.

Fonte: Herti et al. (2014). Pathogen-specific effects on milk yield in repeated clinical mastitis episodes in Holstein dairy cows. Journal of Dairy Science, 97:1465-1480, 2014.

*Doutorando do Programa de Pós-graduação em Nutrição e Produção Animal, FMVZUSP.

 

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

TIAGO TOMAZI

Médico Veterinário e Doutor em Nutrição e Produção Animal
Pesquisador do Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP

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JOÃO WELLINGTON DE CARVALHO

SILVIANÓPOLIS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/09/2014

Olá senhor Marcos
Muito bom o seu trabalho, prescisamos de pessoas como o senhor, com o seu grau de conhecimento, vou usar seu trabalho como referencia para meu TCC sitando trechos sobre mastite. Obrigado.
PAULO ALMEIDA

EM 17/04/2014

Agradeço o seu e-mail,como anteriormente disse eu sou dos Açores-Portugal mais expecificamente da ilha das Flores uma das mais pequenas do Arquipélago ( são 9 ilhas) .
A produção de leite é muito pequena ,só agora (junho de 2013 ) é que foi implementada a classificação de leite aos produtores ( eu é que sou o técnico de colheitas ) . Os lavradores agora é que estão preocupados com as mastites e as
descargas célulares . Há resultados de 1500 e mais de células somáticas nos produtores maiores. A nível do tratamento os lavradores utilizam os antíbióticas
de maior abranjencia por não terem facelidade nas análises de deteção dos germes
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 16/04/2014

Prezado Evandro, obrigado pelo seu contato. Este é um tema muito interessante e fico a disposição para conhecer melhor estes resultados.

atenciosamente, Marcos Veiga
EVANDRO LOS

CARAMBEÍ - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/04/2014

Boa noite!

Meu nome é Evandro Los, sou agropecuarista em Carambeí - PR, Gostaria de saber um e-mail seu para contato, pois realizei uma experiência no tratamento de serragem para free stall e deu excelente resultado, foi realizado teste em laboratório de contagem bacteriana no dia em que foi misturada e foi acompanhado até o 12º dia sem alteração de eficiência.Estamos produzindo hoje 6 mil litros de leite com 220 de células somáticas,resultado bem menor antes de nossa experiência. Hoje aqui na região vários produtores estão aderindo a nossa invenção.

Aguardamos seu e-mail para contato.
Evandro Los
e-mail: nraizel@hotmail.com
PAULO ALMEIDA

EM 15/04/2014

O trabalho é extremamente cuídado e exastivo .

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