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Perdas de produção de vacas com mastite clínica recorrente

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 26/11/2014

6 MIN DE LEITURA

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Por Renata de Freitas Leite* e Marcos Veiga dos Santos

A mastite, processo inflamatório da glândula mamária, é uma das doenças infecciosas que mais afeta os rebanhos leiteiros. Geralmente, a mastite é causada por bactérias e, quando os sinais inflamatórios (como alterações no leite, no teto e até mesmo sistêmicas - febre, desidratação, perda de peso) aparecem, é denominada mastite clínica. Dentre as consequências desta doença, podemos citar o comprometimento do bem estar das vacas, aumento dos gastos com assistência veterinária e medicamentos, redução de produção de leite, infertilidade, aumento de descarte e, nos casos mais graves, morte da vaca.



Uma ampla variedade de microrganismos pode causar a mastite clínica, a qual pode ocorrer diversas vezes na mesma lactação ou entre as lactações. Staphylococcus aureus, Streptococcus uberis, Streptococcus agalactiae e coliformes são exemplos de bactérias frequentemente isoladas de casos clínicos. Como os agentes causadores promovem sintomatologias de diferentes gravidades, pode-se esperar que a diminuição da produção de leite também varie de acordo com o agente. Assim, o conhecimento sobre das perdas de produção de leite de um agente específico é importante para determinar o prognóstico das vacas e avaliar as possibilidades de tratamento.

Recentemente, foi realizado um estudo por pesquisadores dos Estados Unidos para estimar os efeitos da mastite clínica causada por diferentes agentes sobre a produção de leite em vacas da raça Holandesa. Para tanto, foram selecionadas vacas de alta produção, de cinco rebanhos no Estado de Nova York, cujas CCS (contagens de células somáticas) mensais médias do tanque variavam de 137.000 a 262.000 células/mL.

Os casos de mastite clínica foram diagnosticados por alterações no leite e no úbere (temperatura e edema). Alguns casos foram detectados pelo exame de vacas que apresentaram leite com alta condutividade elétrica e repentina queda da produção de leite. Para realização da cultura bacteriana, foram coletadas amostras de leite dos quartos acometidos pela mastite antes do tratamento. Quando até duas diferentes bactérias foram isoladas de um mesmo ou de diferentes quartos em um mesmo dia, elas eram aproveitadas para as análises; três ou mais em uma amostra era indicativo de contaminação. Foram utilizados para o estudo vacas com mastite causada por Staphylococcus aureus, Staphylococcus coagulase-negativo (SCN), Escherichia coli, Klebsiella spp e Streptococcus spp (Strep. dysgalactiae, Strep. uberis, Strep. aerococcus, Strep. enterecoccus, Strep. lactococcus). O tratamento foi realizado de acordo com o protocolo de cada fazenda.

Se um segundo episódio de mastite clínica ocorresse no mesmo quarto em cinco dias após o primeiro (com uma mesma ou outra bactéria causadora) ou ocorresse em até 14 dias com o isolamento da mesma bactéria, foi considerado o mesmo caso clínico. Os casos que ocorressem após 14 dias, independentemente do agente isolado, foram considerados novos episódios. Neste estudo, foram utilizadas 17265 vacas primíparas e 21011 multíparas (de 2ª lactação -12984 vacas - ou 3ª lactação - 8027 vacas), as quais foram analisadas separadamente por 48 e 44 semanas de lactação, respectivamente, e conforme a curva de lactação.

Foi observado que os episódios de mastite clínica foram mais comuns em multíparas do que em primíparas. Nos primeiros casos de mastite, as bactérias do gênero Streptococcus spp foram as mais isoladas de primíparas, já Escherichia coli foi a mais isolada de vacas multíparas. Entretanto, nos casos seguintes, em ambos os grupos foram comuns casos sem crescimento específico ou contaminação e aumento da gravidade da doença. Além disso, as vacas acometidas por mastite apresentavam as maiores produções de leite do rebanho, antes da infecção. Portanto, se não tivessem apresentado a infecção, poderiam ter produzido ainda mais.

Quanto à produção de leite, houve redução de acordo com o agente causador e a frequência do episódio. No grupo das primíparas, esta redução foi perceptível na semana precedente ao diagnóstico de Streptococcus spp., S. aureus e de outros patógenos “não tratáveis” (T. pyogenes, Mycoplasma, Prototheca); nos casos de E. coli, Klebsiella spp., e outros patógenos tratáveis (Citrobacter, Corynebacterium bovis, Enterobacter, Enterococcus, Pasteurella, Pseudomonas), a redução foi observada na semana do diagnóstico. A queda de produção de leite permaneceu por algumas semanas após a identificação do agente causador, entretanto, apresentava diminuição ao longo do tempo.

Já nas multíparas, vacas com agentes “não tratáveis” tiveram a produção de leite reduzida na semana anterior ao diagnóstico; já os demais agentes levaram à queda da produção na mesma semana. Em ambos os grupos, casos subsequentes ao primeiro também levavam à redução da produção de leite, conforme o agente causador. Além disso, os primeiros episódios de mastite associados a SCN não apresentaram redução na produção de leite. Mas, no grupo das multíparas, quando este grupo de bactérias foi identificado no segundo episódio de mastite, foi observada queda inferior a 2 kg/d na produção. Nos terceiros episódios causados por patógenos tratáveis a produção também foi reduzida.

Se o primeiro e o segundo episódios fossem causados pelo mesmo agente, as primíparas perderam 3,1 kg leite/d e as multíparas 1,5 kg/d, em média; se fossem causados por bactérias diferentes, as primíparas perdiam 2,7kg/d e as multíparas 1,7 kg/d. Em relação ao segundo e terceiro episódios, se fosse identificado o mesmo agente, as primíparas ganhavam 2 kg/d e as multíparas 1,1 kg/d; se fossem identificados agentes diferentes, primíparas ganhavam 0,7 kg/d e multíparas 0,6 kg/d.
Na Figura 1, são ilustradas curvas de lactação de vacas de segunda lactação, comparando-se uma vaca sadia e outra com três episódios de mastite clínica (A: E. coli; B) Streptococcus spp, seguido de dois por E. coli; C), o primeiro episódio por Streptococcus spp, seguido de um outro sem isolamento bacteriano e, no último, o agente isolado foi E. coli).



Figura 1: Comparação entre as curvas de lactação de vacas sem mastite clínica a vacas com episódios da doença.

Na figura 1, é possível observar que as três vacas com mastite apresentaram redução da produção de leite. Na situação A, a vaca infectada por E. coli, apresentou redução da produção de leite similar nos três casos e, em alguns momentos, é observado que sua produção foi a mesma da vaca sem mastite. Na situação B, a vaca infectada apresentou diminuição da produção de leite parecida nos casos de E. coli e, após o último caso, a produção de leite continuou a reduzir. Em C, foi observada redução abrupta da produção, após o terceiro episódio de mastite, causado por E. coli.

Na Figura 2, foram feitas comparações entre as curvas de lactação de vacas sadias e vacas com episódios de mastite clínica causados por Klebsiella spp. Na situação A, as vacas infectadas apresentaram um episódio da doença. Observa-se que a produção de leite destas vacas não voltou aos valores que apresentava antes da infecção, entretanto, algumas semanas após a manifestação clínica, apresentou valores semelhantes aos das vacas não infectadas. Já as vacas da imagem B (dois episódios de mastite clínica) e da C (três episódios), após a infecção, apresentaram valores de produção inferiores aos dos animais não infectados, por toda a lactação.



Figura 2: Figura 1: Comparação entre as curvas de lactação de vacas sem mastite clínica a vacas com episódios da doença causados por Klebsiella spp.


Portanto, com base nos resultados apresentados, pode-se dizer que diferentes agentes causadores podem levar a diferentes efeitos na produção de leite, de acordo com a ordem de parto da vaca e também com o episódio de mastite clinica. Assim, identificar o agente causador da mastite clínica é importante para estimar os efeitos sobre a produção e as consequentes perdas financeiras; além de ser uma importante ferramenta para tomada de decisões, como o tipo de protocolo de tratamento e descarte.


Referência: Gröhn et al., 2014. Pathogen-specific effects on milk yield in repeated clinical mastitis episodes in Holstein dairy cows. Journal of Dairy Science. 97:1465-1480.

* Mestranda do Departamento de Nutrição e Produção Animal (VNP), FMVZ – USP.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 20/05/2015

Prezada Isabella, sugiro consultar o site www.qualileite.org, no qual disponibilizamos os artigos que publicamos nas revistas.

Atenciosamente, Marcos Veiga
ISABELLA PIMENTA

CURITIBA - PARANÁ - ESTUDANTE

EM 20/05/2015

Bom dia Marcos. Sou graduanda de Zootecnia e estou fazendo minha revisão bibliográfica na área de mastite e a influencia da realização do pré e pos dipping no produto final. Voce poderia me disponibilizar seus materiais? Meu email é bellapimentaa@gmail.com

Desde já agradeço.

Att

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