Marcos Veiga dos Santos
A mastite clínica pode atingir 3 a 4% no rebanho da grande maioria dos produtores, sendo facilmente identificada mesmo pelos menos experientes pela alteração do leite (pûs, grumos, sangue, leite aquoso) ou mesmo do úbere (inchaço, pele avermelhada, endurecimento e alta sensibilidade do animal). Nestes casos, recomenda-se o tratamento imediato com antibiótico intramamário visando o restabelecimento do quarto afetado e, desta forma, há a necessidade de descarte do leite com resíduo de antibiótico pelo prazo mínimo de carência de cada medicamento.
Um ponto ainda controverso e que não apresenta consenso entre os especialistas é quanto a possibilidade de uso do leite de descarte de vacas com mastite para a alimentação de bezerros durante a fase de aleitamento.
Em termos de saúde animal, pode-se especular que a ingestão de leite com agentes causadores de mastite pode ser uma possível fonte de novas infecções da glândula mamária em animais jovens, especialmente em novilhas. Este é um risco potencialmente alto quando as bezerras são criadas em alojamentos coletivos durante o período de amamentação. É comum nestes sistemas o hábito da mamada entre os animais logo após o fornecimento do leite e se o leite fornecido contiver agentes patogênicos como o Streptococcus agalactiae ou estafilococos ambientais pode ocorrer uma nova infecção, a qual geralmente só se manifesta depois do primeiro parto do animal, comprometendo assim a futura produção leiteira das novilhas.
Por outro lado, diversos trabalhos de pesquisa realizados na década de 70 e 80 demonstraram que em termos de desempenho o uso de leite de descarte no aleitamento de bezerras apresenta resultados de ganho de peso semelhantes aos dos animais recebendo a mesma quantidade de leite normal. Isto pode ser explicado pelo fato do leite de descarte ter uma composição semelhante ao leite normal, com exceção dos resíduos de antibióticos.
De maneira pratica, podemos destacar que o leite de descarte, principalmente de vacas em tratamento com antibiótico pode ser utilizado para o aleitamento de bezerros depois das primeiras semanas, devendo-se porém evitar o fornecimento para animais que estão alojados em bezerreiro coletivos. Caso haja aumento da ocorrência de diarréia nos bezerros que estejam recebendo o leite de descarte, deve-se cortar imediatamente o seu uso.
É importante destacar que esta é uma situação bastante comum, principalmente em fazendas que têm excesso de leite descartado e que uma das formas de minimizar os prejuízos do descarte do leite seria o seu uso para os bezerros. No entanto, a implantação de um bom programa de controle de mastite é de fundamental importância para reduzir o aparecimento de casos clínicos e, conseqüentemente, reduzir os gastos com antibióticos e o descarte do leite.
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fonte: MilkPoint