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O aumento da frequência de ordenhas e seu efeito sobre os casos de mastite clínica

POR MARCOS VEIGA SANTOS

E TIAGO TOMAZI

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 29/11/2011

3 MIN DE LEITURA

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O aumento da frequência de ordenhas e seu efeito sobre os casos de mastite clínica

Tiago Tomazi * e Marcos Veiga dos Santos

O aumento da frequência de ordenhas é uma medida terapêutica recomendada por muitos Médicos Veterinários em casos de mastite clínica. Esta prática é supostamente realizada para auxiliar na retirada da secreção anormal, agentes patogênicos, toxinas e mediadores inflamatórios contidos no leite de quartos infectados. Embora alguns artigos demonstrem efeitos positivos do aumento da freqüência de ordenhas diárias, são poucas evidências científicas que suportam a eficácia de tal procedimento em condições de campo. Estudos sugerem que tal prática possa ser inclusive prejudicial à glândula mamária, com possibilidades de agravar o quadro clínico da vaca e predispor a infecções por outros agentes.

Um estudo realizado na Alemanha teve por objetivo determinar o efeito do aumento do número de ordenhas sobre a taxa de cura da mastite clínica em quartos mamários tratados com antibióticos. O experimento teve duração de seis meses e foi realizado em uma fazenda com 2000 vacas em lactação. Durante o período experimental, as vacas que apresentaram mastite clínica de graus leve e moderado no exame visual pré-ordenha foram tratadas com antibiótico (cefquinome) por via intramamária. Para os casos severos (sinais sistêmicos e temperatura corporal > 39,5°C), além do antibiótico intramamário, foi administrada enrofloxacina por via subcutânea e 1,1 mg/kg de flunixin-meglumine por via intravenosa.

Novos casos de mastite eram diagnosticados quando não observada presença de grumos no leite, em ao menos, cinco dias antecedentes ao novo episódio. Após determinar o protocolo terapêutico a ser realizado, as vacas foram aleatoriamente distribuídas em dois grupos: tratamento (realização de quatro ordenhas diárias); e controle (duas ordenhas diárias).

Os animais foram monitorados diariamente durante um período mínimo de seis dias. Os exames realizados compreendiam comportamento geral, aferição da temperatura corporal, tipo e impurezas encontradas na secreção, e condição inflamatória dos quartos infectados. Antes da aplicação dos medicamentos e no 14° e 21° dia após o término do período de carência, duas amostras de leite foram coletadas dos quartos infectados para análises de identificação microbiológica e contagem de células somáticas (CCS).

As vacas foram consideradas curadas por meio da avaliação das seguintes variáveis: cura clínica (CC), quando apresentassem comportamento normal e nenhuma anormalidade no úbere e leite; cura microbiológica (CM), definida quando o agente causador da mastite não fosse isolado das amostras coletadas após o período de carência dos medicamentos; e cura total (CT), quando observada secreção normal do leite (CCS < 100.000 células/mL e ausência de agentes patogênicos) nas duas coletas de amostras posteriores ao período de carência dos fármacos utilizados no tratamento da mastite (14° e 21° dia).

Cento e sete casos de mastite clínica foram diagnosticados em 93 vacas. Oitenta e duas apresentaram um episódio de mastite, oito apresentaram dois, e três vacas apresentaram três episódios de mastite clínica. Dentre todos os casos de mastite, 11% (dose animais) foram classificados como graves e com presença de febre.

Não foi observado efeito do aumento da freqüência de ordenhas (quatro vezes) sobre as taxas de níveis de cura (CC, CM e CT) em oposição a duas ordenhas diárias (Tabela 1). Além destes, outros parâmetros não apresentaram diferença em relação à frequência de ordenha: a) intervalos mais curtos entre ordenhas sobre a duração da febre e retorno da secreção normal de leite; b) casos severos de mastite avaliados separadamente; c) produção de leite diária.



Tais resultados suportam os encontrados em uma série de estudos recentes que também não conseguiram demonstrar qualquer influência positiva do aumento da freqüência de ordenhas sobre as taxas de cura de mastite clínica. Neste contexto, o aumento da freqüência de ordenhas como terapia de suporte para a cura da mastite clínica não é uma prática que deva ser recomendada.

O monitoramento dos registros de sanidade do rebanho auxilia na tomada de decisões frente a casos de mastite clínica. A escolha de antibióticos adequados, associados se necessário, a administração de fluidos e antiinflamatórios, é a melhor forma de se combater esta doença. A disponibilidade de ambientes limpos e confortáveis, bem como um bom manejo nutricional e de ordenha são formas de prevenir a mastite clínica no rebanho.

Fonte: KRÖMKER et al.; J. Dairy Sci. (2010) 77 :90:94.

*Tiago Tomazi é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal da FMVZ-USP (https://www2.fmvz.usp.br/nutricaoanimal/)

 

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

TIAGO TOMAZI

Médico Veterinário e Doutor em Nutrição e Produção Animal
Pesquisador do Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP

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MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 11/01/2012

Prezada Kamila, a minha recomendação seria manter as três ordenhas, pois, como você disse, estes as vacas podem ter alta produção e voltariam a um esquema de três ordenhas após o tratamento.

Sem dúvida, que dependendo da produção da vaca, pode haver redução da produção.

Atenciosamente, Marcos Veiga
KAMILA AMARAL RODRIGUES DA CUNHA

PASSOS - MINAS GERAIS - MÉDICO VETERINÁRIO

EM 11/01/2012

Olá professor, parabéns pelo artigo.
Minha dúvida é a seguinte: Tenho visto muito no campo veterinários adotando em fazendas de três ordenhas o manejo de duas ordenhas para o lote de mastite. Qual sua posição sobre isso diante da recuperação do animal? Ressaltando que animais de três ordenhas possuem uma media alta!!!! Essa medida traz prezuizo a recuperação da glândula mamária??
Obrigada
Kamila
EDMUNDO PEREIRA FURTADO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/12/2011

Prof.Veiga, parabens pelo artigo.Já fui orientado por Veterinario a esgotar até 6 v
EDMUNDO PEREIRA FURTADO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/12/2011

Prof.Veiga, parabens pelo artigo.Já fui orientado por M.Veterinário a esgotar até 6 vzs ao dia.Sem resutado positivo.,com perda do teto.Abs Edmundo
RODRIGO LUIS SECHI

IJUÍ - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/12/2011

Ola Prof., sou médico veterinário e trabalho com clinica de bovinos, gostaria de parabenizar pelo artigo, foi de muita valia para mim, uma vez que atuo no campo.... Se puder lhe fazer 2 perguntas:
- por que a associação destes dois antibióticos (cefquinome e enrofloxacina)?
- e saber sua opinião da associação de gentamicina intra-mamaria e tilosina intra-muscular?
JUAREZ CABRAL FERNANDES

QUIRINÓPOLIS - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/12/2011

Boa noite, temos algumas propridades nas quais faço a parte de consultoria e manejo de ordenha cujo os resultados de ccs são menores que 200.000 Cel/Ml, seja com duas ou tres ordenhas o que esta prevalecendo nestas fazendas e um exelete manejo com as vacas, uma rotina de ordenha bem feita, produtos de Pré e Pos-dip de exelente qualidade e rotina de limpesa bem feita com o CBT na faixa de 4 a 5, então concordo plenamente com o que a pesquisa nos diz.

Juarez Cabral
Consultor Técnico em Ordenhadeiras
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 01/12/2011

Obrigado pela participação, Roberto.
ROBETO AMARAL RODRIGUES ALVES

BOA VISTA - DISTRITO FEDERAL

EM 01/12/2011

Muito oportuno o tema do prof. Marcos Veiga notadamente porque (no geral) a tendencia do produtor é se valer de várias ordenhas para o total "esgotamento da teta comprometida" e segundo seu estudo estatistico não é o mais indicado. Eu mesmo já utilizei desse procedimento com o intuito de retirar todos os residuduso do quarto mamario e por vezes até sangrava. Felizmente tal pratica já vai longe. Parabens ao prof. Veiga e a esse site com excelentes matérias. Abraços Roberto Rodrigues Alves - Brasilia-DF

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