Alguns estudos preliminares apontaram para os efeitos negativos da mastite clínica sobre a função ovariana, o que poderia levar a alterações no intervalo entre cios e redução da duração da fase luteínica do ciclo estral, o que resulta em luteólise prematura. Quando uma vaca apresenta um caso clínico de mastite entre a primeira inseminação artificial e a confirmação da prenhez, ocorre aumento do período de serviço e do número de serviços por concepção em relação a vacas que não apresentam mastite clínica neste período. Pode-se argumentar, por outro lado, que as vacas que apresentam mastite clínica, em especial no início da lactação, também podem ser acometidas de outras doenças simultaneamente, o que poderia confundir o efeito da mastite e das demais doenças sobre a reprodução. Entre as principais doenças associadas ao início da lactação, podem ser citadas a retenção de placenta, cistos ovarianos, e alterações metabólicas como acidose e cetose.
Um estudo recente buscou avaliar se a mastite clínica isoladamente ou em associação com outras doenças afeta o desempenho reprodutivo. Foram avaliados dados de uma fazenda leiteira americana do estado de Idaho, com 967 vacas em lactação, as quais foram divididas em 4 grupos: mastite clínica juntamente com outras doenças (n=54), somente mastite clínica (n=154), outras doenças isoladamente (n=187) e vacas sem registro de doenças (n=572). As doenças monitoradas foram: ovário cístico, retenção de placenta, deslocamento de abomaso, cetose, febre do leite, metrite e piometra. Os dados individuais das vacas foram avaliados em relação aos dias para o 1º serviço, coberturas por concepção, período de serviço e a taxa pela qual as vacas se tornaram prenhes em função do tempo.
As vacas dos grupos mastite e mastite+outras doenças apresentaram maior período de serviço e maior número de coberturas por concepção, em relação às vacas sadias (tabela 1), o que demonstra o efeito negativo sobre a reprodução. A taxa pela qual as vacas se tornaram prenhes ao longo do tempo foi menor para as vacas do grupo mastite e mastite+outras doenças.
Tabela 1. Médias de desempenho reprodutivo de vacas com mastite e/ou outras doenças associadas.
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O grupo de vacas que apresentaram mastite foi dividido em três classes em função do dia de ocorrência do primeiro caso de mastite: a) antes de 56 dias pós-parto; b) entre 56 e 105 dias pós-parto; c) após 105 dias pós-parto. Independentemente do dia de ocorrência do caso de mastite, as vacas sadias apresentaram menor período de serviço que as vacas com mastite. O desempenho reprodutivo foi afetado negativamente pela ocorrência de mastite de forma isolada, pois uma maior proporção de vacas com mastite manteve-se vazia ao longo do período estudado. Além disso, quando associada com outras doenças os efeitos negativos da mastite clínica sobre a reprodução foram ainda maiores.
Fonte: Ahmadzadeh, et al, Animal Reproduction Science, vol.112, p.273-282, 2009.