Na ausência de um programa de prevenção de mastite e medidas eficazes de controle durante o período seco, há uma maior ocorrência de quartos infectados no momento do parto em relação à secagem. Do ponto de vista do controle de mastite, a maioria dos casos novos de IIM pode ocorrer durante o período seco. Vacas com histórico de mastite na lactação anterior são duas vezes mais predispostas a desenvolver mastite na lactação seguinte. A maioria destes novos casos desenvolve-se no final da lactação, durante as três primeiras semanas após a secagem e durante os estágios finais do período seco.
Quanto à saúde do úbere, o objetivo da secagem das vacas é ter o menor número possível de quartos mamários infectados na lactação seguinte, e desta forma, garantir uma boa produção com baixa contagem de células somáticas (CCS). A administração de antibióticos para vaca seca no final da lactação é uma forma eficaz de alcançar este objetivo. Entretanto, é necessário ter o conhecimento da epidemiologia da mastite bovina e dos fatores que afetam a susceptibilidade da vaca e do úbere frente aos agentes causadores desta doença. A terapia da vaca seca, juntamente com os fatores ligados a imunidade e saúde da vaca, ambiente, e manejo nutricional são fatores fundamentais para o controle da mastite.
Um estudo comparou a eficácia de diferentes produtos antimicrobianos para cura e prevenção de novas IIMs durante o período seco. Tal experimento foi conduzido em uma propriedade com boas práticas de manejo e com 340 vacas da raça holandesa em lactação.
No total, 162 vacas (648 quartos mamários) passaram pelos critérios de seleção do experimento. Destas, 89 (55%) estavam no final de sua primeira lactação. Os resultados microbiológicos das amostras dos quartos, prevalência de IIM na secagem e após o parto, taxa de cura, e novas infecções durante o período seco estão apresentados na Tabela 1.
A prevalência total de quartos infectados no momento da secagem e logo após o parto foi de 29,78% e 22,22%, respectivamente. A maioria (74,47%) das IIM presentes logo após o parto foi contraída durante o período seco. O agente etiológico mais isolado no momento da secagem (21,14%) e após a secagem (16,98%) foi o estafilococo coagulase-negativa (ECN), enquanto que a prevalência de agentes contagiosos e ambientais foi baixa.
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Fonte: Adaptado de Petzer et al., 2009.
A taxa total de cura dos quartos durante o período seco foi de 83,94% (98% para os agentes primários e 78,9% para os agentes secundários). Para os agentes primários, a taxa de cura variou de 94,4% para o Staphylococcus aureus (STA) a 100% para o Streptococcus agalactiae (SAG) e Streptococcus dysgalactiae (SDY).
Para os agentes secundários, houve uma variação entre 78,1% para o ECN e 100% para outros agentes secundários. A razão pela alta taxa de cura dos agentes primários neste estudo pode ser explicada, em parte, pela baixa prevalência destes microorganismos no rebanho e pela alta porcentagem de vacas de primeira cria.
Quanto aos produtos antimicrobianos utilizados neste estudo, a percentagem média de cura foi de 83,9%, com uma variação entre 72,3% e 93,9%. Analisando-se a taxa de novas infecções por quarto após o tratamento intramamário para vaca seca, houve uma variação de novas infecções entre 13,4% e 24,1% para os diferentes produtos, com uma taxa média de novas infecções de 17,4% (Tabela 2).
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É possível observar que existe uma diferença na eficácia entre antimicrobianos para vaca seca quanto ao seu potencial em curar e prevenir novas IIM durante o período seco. No entanto, os melhores resultados foram observados nos animais que receberam na secagem medicamentos a base de Cefalônio (93,9%) e Cloxacilina (91,5%) quando comparados com os demais produtos.
As três propriedades farmacodinâmicas dos antibióticos que melhor descrevem o potencial de inibir um microorganismo na glândula mamária são o tempo de ação, a concentração e a persistência do produto. Assim um produto para secagem das vacas deve ter um tempo prolongado de ação, com boa difusão da droga no úbere. Adicionalmente, deve apresentar concentração suficiente para eliminar e prevenir a ação do agente, com liberação lenta e que persista durante todo o período seco, sem causar irritações ou reações de hipersensibilidade ao tecido mamário.
O período seco é uma necessidade fisiológica para a vaca leiteira e apresenta relação direta com a saúde da glândula mamária, produção de leite e prevenção de doenças em geral. Técnicas adequadas de secagem com aquisição de produtos de empresas idôneas, somado a um ambiente limpo e confortável à vaca seca, são ferramentas indispensáveis no combate e prevenção da mastite. Práticas simples como estas garantem a sanidade do rebanho e promovem incrementos na produção e melhoria na qualidade do leite.
Fonte: PETZER et al.; Jl S.Afr.vet.Ass. (2009) 80(1): 23-30