Marcos Veiga dos Santos
Portanto, o procedimento de coleta de amostras de leite para a identificação do patógeno causador da mastite é de extrema importância, pois os resultados auxiliam na identificação da origem do problema (se os patógenos são de origem ambiental ou contagiosa), o que é fundamental para traçar metas de um plano de controle efetivo.
A correta identificação do patógeno causador da mastite (clínica ou sub clínica) possibilita identificar a possível fonte de contaminação das vacas, no entanto erros de coleta podem ocultar o agente causador principal, o que resulta em um resultado de pouca utilidade. Para que uma amostra chegue em ótimas condições no laboratório precisam ser seguidos alguns passos que se feitos corretamente garantem a qualidade e representatividade da amostra:
Os primeiros procedimentos são praticamente idênticos a uma rotina de preparação das vacas para ordenha.
Preparação para coleta
Primeiramente é necessário fazer a assepsia da extremidade do teto. Esse procedimento pode ser realizado com algodão ou gaze embebido em álcool (70%) ou uma mistura de álcool e iodo. Recomenda-se usar um algodão ou gaze por teto. É recomendável também realizar uma sequência de coleta para evitar o contato do braço em algum teto ainda não coletado, por isso recomenda-se a assepsia primeiro nos tetos mais distantes e depois nos mais próximos, para evitar uma possível contaminação do teto com bactérias da nossa pele ou ambiente.
Coleta
Para coletar a amostra é recomendável utilizar fracos estéreis. Existem vários modelos no mercado, mas os frascos com diâmetro pequeno são melhores (evitar frascos para coleta de urina) e que venham em embalagens individuais. A necessidade do diâmetro pequeno do frasco se deve pelo fato de diminuir a chance de contaminação da amostra durante a coleta e facilidade no transporte. A coleta deve começar pelos tetos próximos e depois os distantes (justamente o contrário da limpeza). Colete a mesma quantidade de leite de cada quarto, pois isso aumenta a representatividade da amostra. Outra dica de coleta e a seguinte: durante a coleta incline o tubo isso também vai dificultar a contaminação.
Quando houver necessidade de amostrar um lote ou um grupo grande de vacas, a identificação dos frascos deve ser otimizada. Uma maneira prática de executar esse procedimento é utilizar uma planilha com uma sequência dos números dos frascos e vincular ao número do animal corresponde após a coleta. Os frascos numerados podem então ser armazenados na caixa de coleta (com gelo reciclável). Com esse procedimento é possível economizar tempo e evitar erros em anotações.
Envio de amostras para o laboratório
Esse passo é fundamental para que as amostras cheguem congeladas (se enviadas pelo correio ou transportadora onde ficam em trânsito alguns dias). Coloque gelo no fundo, ao lado e no meio das amostras e em cima de uma maneira que a maioria das amostras fique em contato com o gelo. Se ocorrer dúvida na quantidade de gelo para colocar na caixa prefira sempre colocar um pouco a mais, amostras que chegam descongeladas podem estragar durante o caminho, não sendo possível analisá-las. Coloque as amostras em sacos plásticos.
Recomenda-se enviar junto com as amostras uma planilha com a relação e número total de amostras (se são amostras de quarto, composta (4 quartos) ou tanque). ( Essa planilha é fornecida pelo laboratório).
Fechar a caixa com as amostras com uma fita resistente (fita crepe ou durex largas). Colocar etiqueta na tampa da caixa com o endereço do laboratório e ao lado o endereço do remetente. Também é indicado colocar uma etiqueta indicando que o material é frágil .
Obs: Se as amostras chegarem visivelmente sujas e descongeladas, dependendo da situação não serão analisadas,pois o resultado obtido será da contaminação proveniente do ambiente e do tempo descongeladas (estragadas). Quando seguidos esses passos com atenção e cuidado as amostras chegarão em boas condições ao laboratório, possibilitando a análise e o resultado será útil para a melhoria da qualidade do leite da fazenda.
Referências: Guia de coleta para análise microbiológica. Qualileite “Laboratório de Pesquisa em Qualileite do leite”, 2013 (www.qualileite.org)