A manutenção da integridade e funcionalidade dos tetos, especialmente do canal e orifício, é extremamente importante na proteção do úbere contra a entrada de bactérias que podem causar mastite. No momento da ordenha, os tetos representam a barreira entre a glândula mamária e o equipamento de ordenha, em particular a teteira. É certo, portanto, que a anatomia e características funcionais dos tetos estão diretamente ligadas com o desempenho da vaca durante a ordenha. Para o estudo das características anatômicas dos tetos, podem ser usados atualmente equipamentos de ultrassonografia, os quais podem determinar as diversas dimensões dos tetos no animal vivo, conforme exemplo da figura abaixo.
Figura 1 - Visualização da seção transversal de um teto por ultrassom (Fonte: Weiss, et al., 2004).
Em um recente trabalho de pesquisa realizada na Alemanha, foram avaliadas as características anatômicas dos tetos (tamanho, diâmetro, tamanho e diâmetro do canal do teto espessura da parede dos tetos) e desempenho de ordenha de 38 vacas em lactação, objetivando estabelecer as correlações entre estes parâmetros e a determinação de características funcionais pelo uso de ultrasonografia. Foi observado que os tetos anteriores são maiores que os posteriores e que o diâmetro dos tetos anteriores é menor que o dos posteriores. Não foi identificada diferença no diâmetro da parede do teto e do canal do teto, conforme tabela abaixo:
Tabela 1 - Características anatômicas do tetos, distribuídas por quarto mamário.
As características de desempenho durante a ordenha (fluxo, pico, duração) podem ser observadas na figura 2. A produção total de leite foi de 13,10 kg/dia e o leite residual (stripping milking) foi de 250 g/dia (depois que o fluxo foi menor que 0,3 kg/min). Conforme esperado, a produção de leite, o pico de fluxo de leite e o tempo de ordenha foram maiores para os tetos posteriores, sendo que a duração da fase de ordenha dependeu da disponibilidade de leite no quarto mamário com menor produção de leite. Tanto a média de fluxo quanto a pico do fluxo de leite foram maiores para os quartos posteriores.
Figura 2 - Exemplo de curva de fluxo de leite nos quartos mamários durante a ordenha.
Foram observadas algumas correlações entre a anatomia dos tetos e a facilidade de ordenha das vacas. O tamanho do teto tem correlação negativa com a produção de leite e o fluxo médio de leite, mas apresenta correlação positiva com a quantidade de leite residual (stripping milking). O tamanho do canal do teto tem correlação negativa com o pico e fluxo médio de leite durante a ordenha.
Em conclusão, de acordo com os autores, o tamanho do canal do teto e o vácuo necessário para abrir o canal do teto durante a ordenha estão correlacionados negativamente com o pico de fluxo e fluxo médio de leite em cada quarto. A facilidade de ordenha do úbere é uma característica bastante complexa e é determinada pela distribuição da produção de leite entre os quartos mamários.
Fonte: Weiss, et al., 2004. J. Dairy Sci. 87:3280-3289, 2004.