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Braquiárias: vilãs ou vítimas dos problemas nos animais?

POR MARCO AURÉLIO FACTORI

E ELCIO RICARDO JOSÉ DE SOUSA VICENTE

MARCO AURÉLIO FACTORI

EM 22/05/2017

5 MIN DE LEITURA

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As tão famosas e conhecidas braquiárias (Urochloas), são em sua maioria, originárias do continente africano. Por meio das mais diversas espécies existentes, por volta da década de 90, as braquiárias espalharam-se por todo o mundo, graças às suas características próprias e individuais como resistência à seca, alagamentos, doenças e pragas, além de serem de fácil multiplicação e adaptabilidade.

No Brasil não foi diferente e, graças a elas, conseguimos “colonizar” com o gado praticamente todo o interior do Brasil - de norte a sul. Sendo assim, as pastagens brasileiras, em seus quase 180 milhões de hectares, são em grande parte, formadas com pastagens de gramíneas do gênero Brachiaria.

No entanto, atualmente, os capins do gênero Brachiaria, passaram a ter outra nomenclatura, chamada de Urochloa (taxonomicamente), mas tal mudança do nome não altera as características individuais de cada espécie ou variedade já conhecidas por nós, as quais podemos citar:

- O chamado Braquiarão (Brachiaria brizanta) e seus diversos cultivares como: MG-4, MG-5 (ou Xaráes) Vitória, Marandu, Piatã, entre outros. São muito utilizados para rotacionar as vacas de leite, pois possuem de média a alta produtividade e são relativamente menos exigentes em fertilidade do solo quando comparados às do gênero Panicum, como o Tanzânia e o Mombaça;

- A Brachiaria arrecta, conhecida pelo capim braquiária do brejo. Suporta o alagamento nas áreas de baixadas que são alagadas temporariamente ou com umidade moderada;

- A Brachiaria mutica (no Brasil chamada de capim angola). Ela vegeta áreas de várzeas ou também, sujeitas às inundações;

- A Brachiaria ruziziensis (cv. Ruziziensis) é a mais indicada e utilizada na integração lavoura pecuária. Não é usada nos sistemas leiteiros por falta de aquisição cultural;

- A Dictyoneura é a Brachiaria humidicol. O seu cultivar, o Llanero, é utilizado também na formação de pastagens para equinos;

- A Brachiaria decumbens (cv. Balisk) e a Brachiaria humidicola são chamadas popularmente de braquiarinhas. Elas são famosas por causar intoxicação nos cavalos (“doença da cara inchada”). Para as vacas leiteiras, elas são totalmente possíveis de serem utilizadas mas produzem pouco por área e por isso, suportam baixas lotações. Ainda, são acometidas pelas cigarrinhas das pastagens, fato preocupante para os diversos sistemas que as utilizam.

Dentre as mais diversas espécies naturais existentes, além das que vêm sendo criadas ao longo dos anos pelas empresas, pode-se dizer que existem braquiárias para todos os gostos e tipos de solos, podendo ser elas mais ou menos exigentes em nutrientes. Elas podem se adaptar nas mais diversas regiões do país, como já mencionado, sejam elas amparadas por solos ricos em matéria orgânica, ou pobres, de baixo pH, podendo até conter alumínio, ou até mesmo serem solos alagados.

Como podemos perceber, as Urochloas passaram por diversas evoluções e adaptações ao longo de milhares de anos. Sabe-se que algumas braquiárias como a humidicola e a decumbens, são ricas em oxalatos, assim como outras gramíneas, entre elas a Kikuio (Pennisetum clandestinum), a Setaria asceps cv. Kazungula, a Digitaria decumbens cv. Transvala e entre os Panicum, o Panicum maximum cv. Colonião, entre outras.

Problemas relacionados ao consumo das braquiárias

Para os bovinos, a fotossensibilização é o problema mais comum de acontecer. Mas o que é a fotossensibilização? É um distúrbio que acomete principalmente os ruminantes, sendo os jovens os mais susceptíveis. Os aspectos patogênicos da fotossensibilização estão diretamente relacionados à ação da esporodesmina, que é uma toxina presente nos esporos do fungo Pithomyces chartarum encontrado normalmente na massa vegetal morta (no caso da Brachiaria em função do seu hábito de crescimento decumbente) especialmente das pastagens cultivadas.

A toxina provoca lesões nos ductos biliares do animal, prejudicando o fluxo da bile (indispensável no processo digestivo), impedindo que ocorra a eliminação da filoeritrina (liberada com a bile) pelo organismo (processo normalmente efetuado nos animais sadios).

Com a impossibilidade de ser eliminado junto com a bile, a filoeritrina, resultante do metabolismo normal da clorofila presente na planta forrageira, se acumula na circulação periférica e, com a incidência dos raios solares, induz às lesões cutâneas (feridas com aspectos de cicatrizes na pele). O tratamento consiste no uso correto de manejo, mudando o animal de pastagem, utilizando outra espécie ou cultivar de forrageira, promovendo sombra e ainda, administrando algumas medicações. Todas essas medidas são importantes, mas o manejo adequado é a melhor saída.

Além disso, as braquiárias também ‘levam a fama’ de intoxicar os equinos. E por que isso acontece? Será que as braquiárias humidicolas ou decumbens são mesmo as vilãs? Elas são tão ruins que acabam matando os cavalos por intoxicação ou também são vítimas como os cavalos já que a maioria dos problemas ocorre devido ao manejo errado? Vale lembrar que a doença que acomete os cavalos relacionado ao consumo de braquiária deixa-os com a cara inchada e se chama hiperparatireoidismo nutricional secundário ou osteodistrofia fibrosa.

Como as braquiárias produzem uma boa quantidade de massa seca e são poucos exigentes em fertilidade do solo, além de fácil formação e manutenção, são também utilizadas na alimentação dos equinos como já mencionamos. Porém, muitos cavalos acabam se intoxicando pelo fato de não terem outras opções de consumo além da B. humidicola, fato que potencializa o surgimento do problema. O animal precisa ter outras opções de capins na hora do consumo. Mas o que acontece com a B. humidicola

Assim como em outras braquiárias e outros capins citados acima, ela produz uma substância chamada oxalato e que, ao ser ingerida, gera uma dificuldade na absorção de cálcio pelo organismo dos animais (principalmente equinos). E como isso acontece? O oxalato se une ao cálcio e forma um quelato, que é eliminado pelas fezes, impedindo que o cálcio realize as suas funções vitais. Consequentemente, o cálcio é retirado dos ossos dos animais a fim de suprir a deficiência causada no organismo.

Além disso, é muito comum estar aliada a isso uma dieta desequilibrada, com o uso de um sal inapropriado para equinos, fornecimento de grandes quantidades de grãos de milho ou farelo de trigo (que com o tempo, podem contribuir com o excesso de fósforo na dieta), entre outros.

Por mais que os níveis de cálcio estejam certos, o excesso de fósforo, após alguns meses, causa um desequilíbrio na relação Ca:P. Por isso, o consumo de braquiárias (oxalato) dia após dia, bem como, o excesso de fósforo na dieta sem os devidos e mínimos cuidados, podem resultar em um cavalo doente e com risco de morte se o diagnóstico não for rápido, correto e preciso.

Em suma, a utilização do capim braquiária hoje é realidade. Com certeza, para os produtores, se a utilização da braquiária é ruim, pior seria sem ela, já que é um capim mais rústico e que tolera desaforos pela falta de manejo ou até mesmo adubação. O que falta é entendimento já que, como todos os capins, as braquiárias requerem particularidades e, se elas forem atendidas, com certeza a produção animal irá ganhar muito com o seu bom uso nos sistemas de produção.

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MARCO AURÉLIO FACTORI

Consultor, Factori Treinamentos e Assessoria Zootécnica.

ELCIO RICARDO JOSÉ DE SOUSA VICENTE

Professor na UNOESTE Presidente Prudente/SP. Zootecnista, Me em Agronomia pela UNOESTE - Presidente Prudente/SP. Produção Vegetal.

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IZALTINO VENANCIO

MACHADINHO D'OESTE - RONDÔNIA - PESQUISA/ENSINO

EM 25/07/2018

Boa noite, comprei uma égua e ela está em pasto de braquiarão, após uma semana no pasto apareceu pequenos caroços pelo corpo umas pequenas feridas, o que pode ser.
MARCO AURÉLIO FACTORI

PRESIDENTE PRUDENTE - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 25/07/2018

Izaltino boa noite

neste caso o correto é procurar um veterinário mas de imediato devo salientar que este animal irá ficar desnutrido pois o equino não se alimenta de braquiarão e sim come apenas as inflorescências. Sendo assim o animal poderá já estar debilitado e por isso pode começar a apresentar indícios de machucados ou caroços em função da desnutrição ou por não se alimentar bem e estar comendo outro alimento que pode estar causando estes problemas. Att. Marco Aurélio Factori
JEAN MARCELO MAUL

EM 19/04/2018

Muito esclarecedora a matéria ...parabéns
MARCO AURÉLIO FACTORI

PRESIDENTE PRUDENTE - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/05/2017

Prezado Gabriel



Tudo depende das condições da sua região e do sistema utilziado. Neste caso, quase que todas as leguminosas podem ser utilizadas, mas para esta informação preciso de mais informações sobre sua região. Att. Marco Aurélio Factori
MARCO AURÉLIO FACTORI

PRESIDENTE PRUDENTE - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/05/2017

Prezado Ramon



Não sei lhe dizer esta informação, mas se houver possibilidade me mande uma foto que desta forma poderei te ajudar. Com este nome, desconheço esta informação. Envie um e-mail para mim: mafactori@yahoo.com.br. Att. Marco Aurélio Factori
LEONIDAS ALELUIA

ALAGOINHAS - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/05/2017

Parabens pelos artigos/considerações e opiniões.
GABRIEL MATOS DALTRO

CÍCERO DANTAS - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/05/2017

Que capim pode ser plantado consorciado ao  brachiaria decumbens, em um terreno de baixa fertilidade?

Obrigado.
RAMON FRANCO CALLOU SAMPAIO NEVES

JARDIM - CEARÁ - ESTUDANTE

EM 24/05/2017

Boa noite

O capim conhecido popularmente, como "capim de planta" é o mesmo  brachiaria mutica?


MARCO AURÉLIO FACTORI

PRESIDENTE PRUDENTE - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/05/2017

Prezada Dalva



Segundo alguns trabalhos, mesmo o animal recebendo grandes quantidades de minerais ricos em cálcio, o animal, mesmo assim irá ter o problema da cara inchada. Sendo assim recomendamos que o animal permaneça em pastagem exclusiva de B. humidicola, de no máximo 15 dias para que não hajam problemas, mesmo com a suplementação. Att. Marco Aurélio Factori.
CLAUDIO MARTINS REAL

CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/05/2017

Com todo o respeito.

O problema não é propriamente o oxalato mas o teor de acido oxálico das plantas    .

Este gênero de plantas produz em seu ciclo vegetativo  o acido oxálico que quela o cálcio absorvido pela planta formando o oxalato de cálcio que torna este elemento (Ca) inabsorvível  gerando desequilíbrio na relação Ca/P.Esse desequilíbrio foi o responsável na década de 80

pela grande mortandade de vacas que ocorreu  no Centro-Oeste,considerada por muitos, sem comprovação como "Botulismo"

Em 1991, publicamos na "Hora Veterinária" trabalho sobre o assunto  "Etiologia da Mortandade de Vacas no Mato Grosso do Sul.
DALVA ALMEIDA TAMAROZZI

EM 23/05/2017

Como fazer para repor o cálcio nos equinos, já que ocorre esse problema com a braquiária? Além do sal mineral , qual é outra alternativa?

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