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Preços mais altos de leite podem mudar nossos conceitos sobre sistemas de produção competitivos

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 05/09/2007

5 MIN DE LEITURA

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Vários fatores estruturais remetem à constatação de que estamos diante de um novo patamar de preços de lácteos no mundo. Entre esses fatores estão a demanda crescente em países emergentes, muitos deles em processo de ocidentalização de hábitos; o aumento dos preços de fatores de produção, como grãos, terra e mão-de-obra; as mudanças climáticas, tornando pouco competitivos países tradicionalmente eficientes, como é o caso da Austrália, terceiro maior exportador de lácteos; e a alteração gradativa na estratégia da União Européia, reduzindo subsídios à exportação e descobrindo em seu quintal um mercado muito mais atrativo do que a venda de commodities: o abastecimento com queijos e lácteos frescos, principalmente, os mercados do leste europeu, fomentados a partir da inclusão de novos estados-membros.

É prematuro afirmar, no entanto, qual será este patamar. Afinal, estamos diante de um momento inédito e sobre o qual inexistiram previsões. Além disso, há, sem dúvida, causas conjunturais influenciando em algum grau o cenário atual. O que não se sabe é o quanto da sabida de preços foi influência momentânea e o quanto é estrutural.

Esse início de artigo soa repetitivo, pois esse tema já foi discutido aqui antes e muito bem abordado por outros colunistas do site. Porém, serve agora ao propósito de introduzir uma outra mensagem pouco discutida, não só aqui mas, arrisco dizer, em boa parte do mundo.

Hoje, como apresentado pelo agrônomo Alejandro Galetto, da cooperativa SanCor, da Argentina, no último Interleite, cerca de 65% do leite exportado é produzido e concebido sob a premissa de preços externos na casa de US$ 0,20 a US$ 0,25/kg de leite. Em outras palavras, foi alicerçado em sistemas de produção viáveis a esse preço. A Nova Zelândia é o exemplo acabado desse princípio. A suplementação é mínima, os animais parem respeitando os ciclos da natureza, de forma a concidir o pico de produção de leite (época da máxima exigência das vacas) ao pico de produção de forragem e há maximização da produção de sólidos por área, uma vez que o leite é voltado à exportação. Na área industrial, as fábricas são as maiores do planeta, visando acolher grande quantidade de leite em um período concentrado, reduzindo também os custos por unidade produzida.

Assim como a Nova Zelândia, a Argentina, a Austrália e o Uruguai, em maior ou menor grau, tem seu sistema de produção estruturado a partir do conceito do mínimo custo. Cabe discutir, porém, - e é aí que a discussão fica interessante - é até que ponto esse sistema consegue responder com eficiência econômica a preços estruturalmente mais elevados. Explicando melhor: se um produtor da Nova Zelândia quiser elevar a produção de leite para surfar na onda dos preços mais altos, qual é o custo de cada litro adicional produzido, considerando que seu sistema de produção está otimizado? O que está em jogo é o custo marginal - o custo de cada litro adicional, à medida que se intensifica a unidade produtiva.

A reflexão em torno dessa pergunta nos leva a conclusões distintas daquilo que temos como fato líquido e certo. A resposta de sistemas baseados em pastejo (no exemplo em questão, de clima temperado) gera potencialmente custos marginais elevados - talvez mais elevados do que os valores de custos marginais de, por exemplo, sistemas confinados. O dado foi apresentado pelo próprio Galetto, mostrando que, para a Argentina, o aumento da produção em uma mesma propriedade é obtido a custos crescentes por unidade produzida, gerando ao final um custo médio bastante superior ao custo inicial. A figura 1 abaixo ilustra o estudo feito no país vizinho.

Parte desse fenômeno decorre das respostas decrescentes ao nível de suplementação, isto é, o primeiro kg de concentrado gera uma resposta superior em leite quando comparado ao segundo, e assim por diante. Também, em sistemas baseados em forragens de clima temperado e, portanto, de elevada digestibilidade, o efeito de substituição é mais pronunciado, isto é, cada kg de ração faz com que o animal deixe de comer uma quantidade maior de forragem quando comparado ao efeito do mesmo kg de ração em sistemas baseados em forragens tropicais.

Voltemos ao custo marginal e ao exemplo argentino. A figura 2 mostra o custo de alimentação suplementar por 100 kg de leite, de acordo com os dados do International Farm Comparison Group, dado apresentado por outro palestrante do Interleite: Glauco Carvalho, pesquisador da Embrapa Gado de Leite. A Argentina, assim como o Brasil, está no grupo dos países com menor custo de suplementação, ou seja, apresenta nessa variável um ponto positivo quando se pensa em suplementação visando intensificação. E a Austrália e Nova Zelândia, países que, juntos compõem quase 40% das exportações mundiais? Ao contrário, possuem alto custo de suplementação, que nos permite supor que o custo marginal será elevado - talvez elevado demais para estimular grandes saltos na produção. Logicamente, é possível que haja conversão de propriedades hoje destinadas a outras atividades, como ovinocultura, para a produção de leite, contribuindo para o crescimento da oferta em algum grau e de forma lenta e gradual. Porém, o que se quer dizer aqui é que a capacidade de aumento dos produtores que produzem hoje os mais de 14 bilhões de quilos de leite exportados pela Nova Zelândia talvez esbarre em custos marginais altos, incapazes de competir com os custos marginais de outros países.

Figura 1. Função dos custos em sistemas de produção argentinos. Adaptado de Galetto (2007).


Galetto pondera que, talvez a preços de leite abaixo de US$ 0,20/kg, sistemas pastoris sejam os únicos viáveis, e que acima dos US$ 0,30/kg, os sistemas que ele denomina mais intensivos (confinados) tendem a ser cada vez mais atrativos. No meio, uma zona cinzenta, onde talvez ambos possam co-existir, determinados por características regionais.

É uma análise não só interessante, mas oportuna e necessária. Afinal, como sintetizou o palestrante, o que interessa para especularmos aonde o leite vai crescer não é o custo do leite atualmente produzido, mas sim o custo do leite a se produzir. E, nesse aspecto, o Brasil surge como forte candidato a ocupar espaço crescente no mercado internacional. Além de área para crescer horizontalmente e de produtividades ainda muito baixas (coisa que os Estados Unidos, por exemplo, que têm possibilidade de competir no novo cenário, não têm), temos um dos mais baixos custos de suplementação em todo o mundo.

Figura 2. Preços de suplementação por 100 kg de leite. Adaptado de Rafin (2007).


Clique no mapa para ampliá-lo.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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LINCOLN SANTIAGO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/11/2007

O leite você entrega durante todo o mês e não sabe quanto vai receber. Não existe nenhum outro produto que você vende, entrega e não sabe quanto vai receber.

Os laticínios e as cooperativas têm que ser mais transparentes e honestos com o produtor.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/11/2007

Prezado André Barbosa: Você se esquece que estamos em um país de clima tropical, com períodos bem definidos de seca e águas. Neste ano, tivemos sete meses de seca na Zona da Mata/Sul de Minas Gerais. Os pastos acabaram ou tiveram que ser irrigados para sobreviver (processo caro e de elite, não acessível ao pequeno produtor). No confinamento, não temos este problema: é como se chovesse todo dia, já que a alimentação é constante. A silagem de milho não é cara se comparada ao suplemento que os adeptos do leite a pasto têm que destinar a seus animais, para que eles possam produzir seus 12 litros/dia, durante a estiagem. E, não quero alimentar a caldeira dizendo que isto não é leite a pasto, mas, sim, semi-confinamento. Enquanto colegas produtores viram suas vacas cairem a produção de doze para seis litros/dia, em meu confinamento, elas mantiveram a média de 46,5 litros/dia, meu padrão anual de produção. A silagem é cara? Sim, pode até ser que seja, mas, me aponte alimento mais eficiente para vacas leiteiras que ela. Agora, quando se coloca na ponta do lápis o que a vaca responde com a utilização da silagem de milho, o preço final passa a ser irrisório. Vamos exagerar a conta, só para você entender: uma vaca consome o equivalente a vinte litros de leite/dia de silagem. Ora, mas produz quarenta e seis litros. Estão a sobrar vinte e seis litro, ou seja, mais do dobro que as criadas a pasto. O que é mais viável?

Um grande abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
FRANCO OTTAVIO VIRONDA GAMBIN

JAMBEIRO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/10/2007

Em maio e junho de 2007 a ração concentrada 24% na região produtora de leite do Val d´ Aosta Italia estava só 30% mais cara em relação ao vendido no Vale do Paraiba - SP. Porém, o valor recebido pelos produtores de lá é mais do dobro. Como fazer se quando recebemos um pouco mais tudo tem seu preço disparado?

Nós temos a inflação chamada "achata produtor". É certo que devemos repensar sempre qual o melhor para diminuir nossos custos e, portanto, nossos sistemas de produção, porém, resta sempre a sensação que acompanhamos modismos e que somos sempre manipulados se o preço do leite em pó no mercado mundial dobrou. Por que para nós só sobraram centavos que os aumento de insumos já levaram embora?
JOABE JOBSON DE OLIVEIRA PIMENTEL

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 10/10/2007

Prezado Fernando Antonio,

Recomendo a leitura da tese de mestrado do Sr Adilson Ferreira (2002). Entre no site da UFV e faça download.

Abraços.
ANDRÉ LUIZ BARBOSA DA SILVA

MACAÉ - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/10/2007

Prezado Marcelo,

Antes de qualquer coisa, gostaria de parabenizá-lo pelo excelente artigo. Este provocou uma enorme e benéfica discussão, sobre: Qual sistema de produção adotar?

Agora quero me posicionar em acordo com alguns demais e com o Dr. Leo de Matos, pesquisador de suma importância para o setor e a quem também tive o prazer de conhecer na Embrapa - Cel. Pacheco-MG.
Por conseguinte, quero dizer que parto do princípio, que vacas têm que produzir leite durante 305 dias(duração da lactação), descansar 60 dias (pré-parto), parir em ótima condição corporal (EC-escore corporal - 3,5), fornecer uma cria/ano (intervalo entre partos - 12 meses), atingir o pico de lactação no segundo mês e finalizá-la com pelo menos 60-70% do pico (90-95% persistência de lactação). Faltou alguma coisa?! Caso tenha faltado, por favor adicionem.

Não me importa a cor, raça (força de expressão), se tem olho preto ou azul, se tem orelha grande ou pequena, se tem rabo ou não... Me importa se elas têm essas características supra citadas, ou seja, são vacas produtivas!

Aproveito também, para recomendar a leitura do artigo do Prof. Vidal Pedroso de Farias: "Vacas para produção de leite em pastagens" - MilkPoint, seção "dicas de sucesso", inclusive destaco um parágrafo do referido artigo:

<i>"Apesar de diferenças entre tamanho e produção, vacas leiteiras em sistemas de pastagens devem apresentar as mesmas características consideradas fundamentais também para confinamento: persistência de produção e reprodução regular, de maneira que seja possível obter um número elevado de vacas em lactação por hectare ano, tornando o modelo competitivo no agronegócio."</i>

Os rebanhos israelenses possuem vacas com lactações superiores a 8.000 kg de leite/ano e na Nova Zelândia com até 6.000 kg de leite/ano, ambos têm climas e topografias diferentes, nem por isso são sistemas ineficientes. Um país usa confinamento total e outro pastagens, respectivamente, e daí?!

Detalhe, Israel é quente pra daná e o rebanho é Holandês!!!

Os EUA, país em sua maior parte de clima frio, também possui rebanhos com características semelhantes a dos israelenses, composto exclusivamente de raças européias, com predominância da Holandesa. Entretanto, o setor leiteiro norte-americano tem migrado para as regiões mais quentes, para produzir leite a pasto, se propondo inclusive a receber valores inferiores/litro de leite produzido.

Pergunto: Que fenômeno é esse? Será Eficiência?!
Por outro lado, confinamentos prevêem investimentos altos em instalações, mão-de-obra, máquinas, animais caros, etc.

Ao contrário, os sistemas produção intensiva a pasto não priorizam estes investimentos vultuosos e se adequam perfeitamente a agricultura familiar, que é responsável por 70% da produção nacional.
Para finalizar, o produtor tem que ser um exímio profissional de produção de forragens, seja ele assentado ou empresário, o resto é consequência...

Vamos ao debate, ele abre horizontes!!!
Um forte abraço a todos!!!
FERNANDO ANTONIO DE AZEVEDO REIS

ITAJUBÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/10/2007

Novamente estão discutindo o sistema de produção e de uma forma superficial e simplista, gostaria de ver um trabalho amplo que leve em consideração as diferentes regiões deste Brasil (clima, relevo, topografia). Isto quando não falamos na questão gerencial, pois acredito que tenha muita gente ganhando mais ou menos independente do sistema. E o custo das instalações no confinamento ou o custo da terra no pastejo etc....

Eu me lembro de um veterinário de Itanhandu que diz que se o seu sistema de produção for pendurar a vaca na árvore e der boa margem de lucro, ótimo, faça. Aliás, me parece que na região de Itanhandu tem sistema de pastejo rotacionado, semi confinado, tie-stall e free-stall , sendo que é o segundo menor município em área de MG e produz 50.000 l/dia.

Gostaria realmente de saber o que é melhor.
JOABE JOBSON DE OLIVEIRA PIMENTEL

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 04/10/2007

Apesar de aqui não ser um fórum de discussão, achei que foram muito oportunas as colocações do Sr. André Luis.

E o preço do leite está caindo. Só o pasto permite produzir leite a baixo custo.

Abraços
ANDRÉ LUIZ BARBOSA DA SILVA

MACAÉ - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/10/2007

Respondendo ao Guilherme e demais,

O custo da adubação de pastagens gira em torno de 2 - 2,5 de leite/vaca/dia.

- considerando que uma vaca pode produzir, extraindo a pasto, em torno de 10 -12 litros de leite/dia;

- considerando ainda, que em pastagens de alta produção, já conseguimos lotação igual ou superior a 15 U.A./ha (vale lembrar que pasto se planta uma única vez, ao contrário da silagem de milho/sorgo);

Podemos afirmar que adubar e produzir leite a pasto é muito barato.

Por oportuno, recomendo a leitura do artigo "Ensilagem é um processo caro", do Prof. Vidal Pedroso de Faria, que está disponível na seção "Dicas de Sucesso", deste mesmo site.

Um forte abraço!!!
Sucesso a todos!!!
LUIZ MIGUEL SAAVEDRA DE OLIVEIRA

SANTO ÂNGELO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/09/2007

Olá, Sr. Marcelo!

Mais uma vez dispertastes a polêmica, fundamental para que que sempre olhemos os rumos possíveis para produção. Mas os ufanistas de plantão já devem saber dos novos preços a serem pagos, reduções de mais de R$ 0,15 no litro, quando já levaram toda a tua produção do mês!
ANTONIO PEROZIN

VALINHOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/09/2007

Caro Marcelo,

Sempre é bom ler artigos de sua autoria, bem feitos e claros, mas, veio tarde, o preço do leite despencou, e irá matar muitos produtores.

Vamos alimentar nossas crianças com pinga, quem sabe destas, no futuro teremos outro presidente.

Abraços,
Antonio Perozin
LEOVEGILDO LOPES DE MATOS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 26/09/2007

Prezado Marcelo,

Excelente discussão colocada de forma magistral, como sempre você consegue fazer. Esse comportamento exdruxulo do nosso mercado de leite não era previsto e tampouco temos visto explicação para tudo isso. O grande problema que poderá causar esse fogo passageiro é a euforia desastrosa para muitos que estão vendo a possível perpetuação dessa loucura, simplesmente porque a demanda está aquecida mundialmente e os estoques baixos.

Todo um trabalho de convencimento e treinamento para redução de custos de produção, produção de volumosos de qualidade com custos compatíveis com um mercado normal está sendo comprometido porque muitos agora pensam que o produtor está sendo valorizado, que o "preço-justo" chegou, que a justiça ao trabalho do produtor de leite tardou mas está aqui e agora, etc., etc....

Voltar a questionar a produção a pasto, que o mundo inteiro sabe e reconhece as vantagens, falar em vaca produzindo acima de 40 kg de leite por dia, sem problemas reprodutivos, com suplementação com grãos, com leite de US$ 0,40 a 0,55 o litro (parece que somos o país mais rico do mundo), falar novamente de vacas de R$ 4.000,00 e muito acima disto por cabeça. Loucura generalizada.

O grande problema é que minhas previsões de que esse mercado iria acordar com a terceira chuva no "cerrado brasileiro" está acontecendo ainda sem que um pingo d´água sequer tenha caído ainda. Os preços já começam a despencar e aqueles que fizeram a loucura para pagar com os preços futuros do leite, vão viver seus pesadelos.

A história se repete, as magnitudes e proporções mudaram um pouco.

Abraços de um defensor otimista do nosso agronegócio lácteo.

Leovegildo
MARIA REGINA FERRETTO FLORES

BENTO GONÇALVES - RIO GRANDE DO SUL - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 25/09/2007

Pessoalmente, acredito que a produção á pasto será cada vez menor. A produção de combustíveis menos poluentes é um processo irreversível; as mudanças climáticas vieram para ficar e o processo deve se intensificar. Isto, para mim, significa aproveitar ao máximo as áreas disponíveis para a produção de alimentos e fazer da irrigação uma norma na propriedade.

Parece-me positivo, afinal, para nós que somos produtores rurais: costumo dizer que neste país, apesar dos vistosos números de produção que são exibidos ao mundo, a norma é distribuir miséria no campo. Eliminando-se o excesso de terras através do plantio de matérias-primas para a produção de combustíveis, as terras agricultáveis deverão valer mais, assim como a produção delas extraída.
Neste contexto, vaca e boi a pasto se tornam um luxo.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/09/2007

Prezados Senhores,

Gostaria que os defensores aguerridos do leite a pasto informassem aos leitores, quanto custa uma pastagem de boa qualidade, levando-se em conta o tipo de capim, sua adaptação aos diferentes climas brasileiros, aos períodos de seca, aração, análise de solos, plantio, irrigação, prazos de descanso, entre outros apectos. E quanto uma vaca de elite pode produzir se levada a alimentar-se somente neste sistema?

Isto porque parece fácil dizer que o pasto é o sistema mais barato, mas, na realidade não é. Além do mais, a produtividade é muito baixa para viabilizar o sistema. Desafio a qualquer um comprovar que o pastejo, ainda que da melhor qualidade, como o tifton 85, por exemplo, é mais produtivo que o confinamento, já que plantar milho - base da alimentação do gado de elite confinado - dá a mesma despesa que plantar capim, já que ambos envolvem análise e correção de solo, aração, plantio, combate à pragas, descanso de solo. E quanto custa uma vaca.

No confinamento, com poucas vacas (eu, vinte e oito) se produz muito leite (eu, 1302 litros/dia) e podemos chegar a grandes volumes de leite/dia. A pasto, precisaríamos de, pelo menos, oitenta e sete vacas, cada uma produzindo quinze litros, para atingir ao que produzo confinando. Ao preço de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) cada uma, temos um investimento, no confinamento, de R$ 140.000,00 (cento e quarenta mil reais), enquanto a pasto, R$ 430.000,00 (quatrocentos e trinta mil reais). O que é mais viável?

Um grande abraço a todos.

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
EDVALSON DE SOUSA MARTINS

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/09/2007

O que ocorre hoje na produção de leite é que os aventureiros que entram na produção de leite, não conseguem êxito, desestabilizam a bacia leiteira, não se profissionalizam e abandonam a atividade, ou ainda, os micro produtores que não conseguem investir em tecnologia, talvez pela desmotivação e a encrenca volta a se perpetuar! Só tenho a lamentar.....
JOABE JOBSON DE OLIVEIRA PIMENTEL

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 24/09/2007

Felizmente percebemos que a miopia está diminuindo, parabéns pelos comentários, Sr. Marcelo Rezende.
MARCELO DE REZENDE

LONDRINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/09/2007

Caro Marcelo, sua abordagem sobre o assunto foi excelente, como sempre. Mas continuo acreditando que somente seremos competitivos no mercado internacional de lácteos com sistemas baseados no uso de pastagens, com ou sem uso de alimento concentrado, não importa.

Se trabalharmos com sistemas de produção baseados no uso intensivo de pastagens, buscando aliar quantidade com qualidade, utilizando animais com aptidão leiteira e com o mínimo de gerenciamento, penso que seremos realmente grandes.

Hoje já é razoavelmente bom o número de técnicos no campo que falam a mesma língua e que dominam conceitos básicos da atividade, talvez esse seja nosso maior diferencial quando analisamos o passado da atividade.
LAERTE PEREIRA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

EM 20/09/2007

Prezado Marceli,

Como sempre, seus comentários exigem atenção e despertam polêmicas.

Minha grande dúvida é quanto à preocupação latente manifestada pelos especialistas quanto à crise mundial, a partir da crise americana. Alguns dizem que a crise está instalada e só tende a crescer em 2008. Outros a minimizam.

Nossa produção leiteira deve aumentar no ano que vem. E aí? Somente o mercado interno dará conta do recado? Uma eventual super produção não vai derrubar os preços do leite pagos ao produtor?

Laerte
MOACYR FIORILLO BOGADO

NITERÓI - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/09/2007

Guilherme,

A dicotomia ou pasto ou suplemento não existe. Há uma corrente que preconiza: o melhor pasto possível (qualidade) no volume necessário (quantidade), pelo maior tempo possível durante o ano. Quanto à suplementação, toda que sua vaca necessitar e o preço do leite permitir! Qual o problema?

Parabéns pela estupenda média, 46,5 Kg de leite é leite pra danar em qualquer lugar do mundo, até mesmo em Juiz de Fora. Só não consegui acompanhar a sua conta, quando na hipótese de pasto sem suplementação, sua produção cairia 32,25% de 46,5 litros para 15 litros, mas tudo bem, eu nunca fui muito bom em conta.

Um abraço,
Moacyr Bogado
GEOVANE TEIXEIRA XAVIER

MUTUM - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/09/2007

Prezado Marcelo,

Parabéns pela brilhante abordagem. O comentário do colega pecuarista Guilherme Alves de Mello Franco mostrou na prática, a eficácia de sua abordagem.

Um abraço,

GEOVANE TEIXEIRA XAVIER
FERNANDO BECCON NERVA

PELOTAS - RIO GRANDE DO SUL - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 14/09/2007

Caro Marcelo, ótima análise global, o difícil é se realmente vamos ter um horizonte de médio prazo para realmente estruturar a produção. O Brasil, pela diversidade cabe diferentes formas de produção, manejo e genética, esta última coisa que não se faz em 5 ou 6 anos.

Portanto, para se obter altos rendimentos com uma participação maior de concentrado e maximização do consumo de matéria seca de alta digestibilidade, é fundamental a base genética. Concordo que sem suplementação (principalmente de volumosos) fica inviável a produção leiteira, aliás, qualquer produção pecuária, principalmente no clima instável e imprevisível do Rio Grande do Sul.

Estamos caminhando, sem dúvida para o retorno da rentabilidade nos campos, quem está estruturado vai arrancar na frente, e quem sabe provar que com profissionalismo, finalmente, o retorno é compensador.

Abraços,
Med. Vet Fernando Beccon Nerva.

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