ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Porque não devemos manter as taxas de crescimento da produção nos próximos anos

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 05/02/2013

11 MIN DE LEITURA

12
0

Em 2007, realizamos em parceria com a Embrapa Gado de Leite um trabalho pioneiro de elaboração de possíveis cenários para o leite brasileiro em 2020. A partir de um amplo questionário que teve a participação de mais de 100 pessoas do setor, construímos 4 possíveis cenários de como poderia se caracterizar a cadeia do leite em 2020. A tabela 1 retrata algumas das variáveis que caracterizaram cada um dos cenários e que serão objetos desse artigo:

Tabela 1. Cenários para o leite no Brasil em 2020

Fonte: Cenários para o Leite no Brasil em 2020

Pela tabela 1, percebe-se que um dos itens – as exportações – vem apresentando trajetória muito distinta daquela concebida quando o trabalho foi feito. Com efeito, a expectativa era que o país apresentasse superávit em todos os cenários, chegando a exportar 10 bilhões de quilos de leite ao ano nos cenários mais otimistas, algo que, pelo menos analisando a trajetória até agora, está longe de ocorrer.

O consumo per capita também tendeu a apresentar valores distintos do que de fato aconteceu, porém nesse caso o erro foi de subestimativa: o crescimento do consumo per capita foi muito maior do que o previsto. Em um dos cenários, o terceiro, chegaríamos a 2020 com apenas 150 kg de leite (importante dizer que os dados básicos para as estimativas partiram de 2005, com consumo de 138 kg/pessoa/ano), valor bastante inferior daquele verificado já em 2011, quando o consumo per capita praticamente atingiu 170 kg.

Por definição, um exercício desta natureza – traçar cenários futuros – embute certa dose de erro. Aliás, o objetivo de tal trabalho não é prever o futuro, mas sim melhorar o processo decisório acerca do futuro por parte dos agentes envolvidos. Nesse sentido, ao elaborar diversos cenários – ou possibilidades de futuro – os agentes poderão refletir a respeito de aspectos sobre os quais não haviam refletido antes e para os quais, muito provavelmente, não estivessem preparados.

Apesar dos erros naturais do processo, esse trabalho contou com um inimigo importante e imprevisto: a época em que foi realizado. O questionário foi respondido no bojo da forte elevação dos preços internacionais de lácteos para patamares nunca vistos e até então impensados. Com os custos de produção em níveis mais baixos e com o câmbio do primeiro semestre de 2007 acima de R$ 2,00, as exportações rolaram soltas e as perspectivas futuras não poderiam ser melhores. O Brasil estava começando a se tornar um grande exportador de lácteos e seria natural que o otimismo do momento contaminasse as respostas. Muitas das variáveis futuras, no entanto, como câmbio e preços dos lácteos, eram de difícil prognóstico naquela época (e, de certa forma, ainda o são).

Por tudo isso, é perfeitamente natural que o setor em 2007 acreditasse no forte crescimento das exportações. O que ocorreu de diferente de lá para cá, em algumas linhas, foi:

1. Os altos preços dos lácteos estimularam a produção em várias partes do mundo e desestimularam o consumo; a crise de 2008 veio em seguida e colocou os preços dos lácteos em um patamar muito abaixo do verificado no pico de 2007;

2. O dólar se desvalorizou frente a várias moedas de países emergentes, com o Real, tornando as exportações brasileiras cada vez menos competitivas e fazendo com que as importações reassumissem sua posição histórica;

3. O crescimento do PIB e da renda per capita alavancou o consumo em países como o Brasil, permitindo que a produção continuasse a crescer (inclusive dentro das projeções dos cenários 1, 2 e 4) e substituindo via consumo interno o fiasco das exportações;

4. Houve forte aumento dos custos de produção fruto da elevação dos custos de fertilizantes, energia e alimentos, mas também da mão-de-obra, cuja produtividade é baixa;

5. Outros países, seja por terem uma cadeia produtiva mais organizada (como é o caso da Nova Zelândia), seja por terem condições de produção vantajosa (como o Cone Sul e a própria NZ), seja por terem suas moedas desvalorizadas (como os EUA, que também são eficientes dentro do sistema a que se propõem produzir), ocuparam espaços crescentes no mercado internacional.

Ainda estamos no meio do caminho até 2020, mas cabe o seguinte questionamento: o modelo atual de crescimento da produção sob a ótica da existência de um mercado consumidor para nosso leite, é afinal sustentável?

É uma boa pergunta. Não se discute que temos enorme potencial para aumentar nossa produção, mas o viés produtivista não resolve se não houver mercado. Um ótimo artigo sobre o tema foi publicado recentemente no MilkPoint, retratando o declínio da indústria de leite fluido dos Estados Unidos, ainda que a produção tenha aumentado significativamente (leia clicando aqui ).

Para começar a responder, vamos analisar alguns dados históricos recentes. Na década de 90, percebe-se pelo gráfico 1 que o crescimento do mercado foi muito próximo do crescimento da produção de leite: 3,12% ao ano x 3,18%, o que sugere poucas mudanças no comércio exterior dos lácteos nesse período, ao menos em termos médios. Com efeito, o Brasil sempre fora grande importador ao longo da década de 90, chegando a importar 2,4 bilhões de litros em equivalente-leite (quase o dobro dos valores de 2012), quando nossa produção era de apenas 16,5 bilhões (a metade do que é hoje). Ainda analisando a década de 90, nota-se que o crescimento do mercado se deu tanto pelo aumento vegetativo (crescimento da população), como pelo maior consumo por habitante (crescimento per capita).

Gráfico 1. Dinâmica do crescimento do mercado brasileiro em 3 épocas recentes

Fonte: MilkPoint

Nos 5 anos seguintes (2001 a 2006), as barras verdes, temos o período que antecede 2007, ano em que realizamos o referido trabalho de cenários. Nesse período, a produção cresceu a taxas bem mais altas do que o mercado interno – 4,27% x 3,13% ao ano. Como explicar esse comportamento? Nesse período, o Brasil diminuiu as importações e elevou as exportações de lácteos. Em 2001, por exemplo, havíamos importado 1,48 bilhão de litros, contra 70 milhões exportados. Já em 2006, apenas 5 anos depois, as importações haviam caído para 434 milhões e as exportações subido para 421 milhões. Foi essa auto-suficiência conquistada que permitiu (ou foi o motor do) o crescimento da produção nesse período, em taxas acima do crescimento do consumo. Ainda nas barras verdes, percebe-se que o consumo per capita passou a ser levemente mais importante como vetor do crescimento quando comparado ao aumento populacional. Por fim, nesse período nota-se o forte crescimento do leite sob inspeção, que passou a crescer ao dobro da taxa do período anterior.

Chegamos, então, às barras vermelhas: o período mais recente, que vai de 2007 a 2012. Nesse período, o leite inspecionado manteve forte crescimento, porém agora acompanhado do mercado total, que passou a crescer significativos 5% ao ano (lembrando que os dados de 2012 são estimados por não termos os valores finais). O consumo per capita definitivamente puxou o crescimento, sendo responsável por 80% do aumento do volume. Como aconteceu com vários setores da economia, com a crise de 2008 acentuou-se um processo já em curso: o crescimento seria garantido pela via interna, já que a economia internacional se deteriorava.

A receita funcionou e a produção quase acompanhou o mercado, crescendo mais de 4,4% ao ano, porém sugerindo que a balança comercial de lácteos nos últimos 5 anos mudava novamente de rumo, já que a produção cresceu menos do que o mercado.

Chegamos, então, ao questionamento central do artigo. O cenário verificado nos últimos 5 anos – forte crescimento do consumo interno e forte crescimento da produção – se manterá para frente?

Não há dúvida que há espaço para o aumento do consumo interno. Afinal, estamos próximos a 173 kg/habitante/ano e países vizinhos como a Argentina e Uruguai possuem 200 ou mais kg/pessoa/ano em consumo médio. Porém, nosso consumo, se não é extremamente alto como o dos EUA e Europa, está longe de ser baixo. Como exemplo, um país de renda per capita equivalente a nossa, a África do Sul, o “s” do BRICS, tem a metade do consumo per capita do verificado no Brasil.

Também, em vários segmentos da economia há dúvidas sobre a sustentabilidade indefinida de um modelo baseado no aumento da renda interna – principalmente em um país que gasta muito e investe mal, como é o caso do Brasil, e que portanto não tem um prognóstico de forte crescimento como os outros BRICS. Dessa forma, faz sentido supor que o crescimento do consumo per capita não ficará na casa dos 4% ao ano por muito tempo – se é que já não está na descendente, crescendo a níveis mais modestos.

Façamos, então, o seguinte exercício. Considerando as previsões de crescimento populacional até 2020, e projetando o aumento do consumo per capita de 2,5% ao ano, que nos parece sensato, temos como resultado o aumento do mercado exposto na quarta coluna da tabela 2. Esse valor está longe de ser modesto: de fato, é bem superior ao verificado entre 1989 e 2001. Com ele, pularíamos de um mercado de 34 bilhões em 2012 para 43,66 bilhões em 2020. O consumo per capita subiria de 173 kg para 210 kg – também algo factível se considerarmos que o país continuará “emergindo”.

Levando em conta que é possível manter o crescimento da produção em taxas equivalentes às atuais – exatamente 4,41% ao ano – teremos uma respeitável produção de 46,4 bilhões de litros em 2020. Para fechar o quadro, há que se considerar ainda as importações e as exportações. Supondo que nos últimos 5 anos as importações aumentaram 195 milhões de litros ao ano e que as exportações estão ficando estacionadas na casa dos 100 milhões de litros anuais, finalmente foi possível compor o quadro do mercado em 2020. É evidente que nada indica que as importações continuarão subindo nesse ritmo, ou que as exportações ficarão estagnadas em níveis reduzidos, mas de qualquer forma é a melhor estimativa que se pode fazer levando em conta a nossa defasagem de custos em relação ao mercado externo.

O resultado, exposto na útlima coluna (“Sobra/Falta”), indica um resultado previsível: no modelo considerado, chegaríamos em 2020 com o excedente de 5.480 bilhões de litros anuais. Em outras palavras, o cenário resultante não permite uma produção que cresça a taxas de mais de 4% ao ano. Na realidade, o máximo crescimento que mantém o equilíbrio do modelo é 2,8% ao ano – valor que, nos últimos 12 anos, só ocorreu em 2003 – em todos os demais, foi acima deste.

Tabela 2. Projeções para o desenvolvimento do mercado de lácteos no Brasil.

Clique na imagem para ampliá-la.

Se quisermos manter as saudáveis taxas de crescimento da produção apontadas nos cenários otimistas do trabalho de 2007, há as seguintes possibilidades:

a) O consumo per capita cresce a taxas próximas a 4% continuamente e o aumento das importações permanece controlado, de forma que a produção interna equilibra o mercado.

b) O Brasil volta a aumentar as exportações, o que depende ou de um patamar distinto de preços no mercado internacional (difícil de se assumir nesse espaço de tempo como uma forte tendência), ou de uma contínua desvalorização da moeda brasileira, ou de uma mudança na estrutura produtiva, permitindo, de alguma forma, produzir (com lucro), com custos abaixo de US$ 0,35/litro mais ou menos. Ainda, para que isso ocorra a agenda internacional precisa ser reconsiderada: identificação de mercados, acordos comerciais, qualidade do leite, inovação, etc.

Notem que, mesmo que as importações fossem zeradas, não conseguiríamos produzir às taxas dos últimos 10 anos e manter o equilíbrio, já que a sobra no modelo é muito maior do que os 2,8 bilhões projetados para as importações em 2020. Claro que ajudaria, mas não resolveria o problema se o intuito é manter o mesmo crescimento dos últimos 5 anos.

É evidente que trata-se de um mero exercício e que mesmo o crescimento interno depende de outros fatores, como concorrência com outras atividades, mudanças estruturais no setor, e assim por diante. Em outras palavras, mesmo que tenhamos mercado para escoar nosso leite, há outras questões que podem impedir alcançarmos os números desejados.

Porém, esse novo cenário deve ficar na mente das lideranças e demais agentes do setor. Não é porque podemos crescer, que iremos crescer. Não é porque nosso mercado interno se desenvolveu muito nos últimos anos, que continuará a fazê-lo ad eternum. O mundo precisará de cerca de 200 bilhões de kg de leite a mais por ano até 2025. Nada garante, no entanto, que o Brasil suprirá parte significativa desse montante, à exceção de seu consumo interno, que não é mais tão baixo como era quando, há não muito tempo atrás, 2 aviões se chocaram contra as Torres Gêmeas.

Se quisermos continuar a crescer nos níveis recentes, temos de voltar os olhos para o mercado externo, algo que foi gradativamente esquecido pelas empresas, lideranças e governo após a crise de 2008. Ainda há tempo!
 

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

12

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 08/02/2013

Guilherme, Paulo e Wagner: obrigado pelas contribuições. Concordo com as visões do Guilherme e Wagner.



Paulo, você tocou em um ponto oportuno e que eu não mencionei. De fato há a questão do leite informal, ainda que esses 30% sejam talvez exagerados, já que boa parte disso não chegaria ao mercado, sendo consumido nas fazendas. Mas que seja 15% - ainda é alto e de fato representa uma parcela do mercado que pode ser conquistada pela industrialização. É um processo lento, especialmente porque, como você colocou, não parece ser prioridade.
WAGNER BESKOW

CRUZ ALTA - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 08/02/2013

Marcelo, muito boas tuas ponderações e bastante pertinente teu alerta. Vivemos num país onde não se planeja nada, somos os reis do quebra-galho e do corre-corre de última hora. Estão aí as obras desportivas como mais recente exemplo.



Em 2011 tive a oportunidade de participar de uma reunião da Apex de planejamento estratégico para as exportações de lácteos e esta reunião não chegou a lugar algum por causa das calorosas discussões que acabaram sendo travadas em torno da "necessidade de se derrubar ou retardar as exigências da IN-51 em prazos e limites de UFC e CCS", na época. Veja só nossa visão de exportação! Sabes de alguém lá fora que quer 750 mil de UFC e de CCS? Eu não. Era a oportunidade de montar um plano sem a pressão da necessidade urgente de exportar, como deve ser feito. Mas não! Se discute o que está em cima da perna (mesmo não sendo o forum para isso) e se deixa "essa tal de exportação" para quando não der mais para esperar.

É assim.



A mesma falta de profissionalismo que é apontada, e com razão, ao produtor brasileiro de leite, tem que ser reconhecida por nossa indústria láctea nacional no que tange às exportações.



A Apex faz um ótimo trabalho, mas percebo que não é valorizada e não o é porque nos falta visão, preparo e querer. Preparo ela tem condições de oferecer, assim como apoio na execução, agora visão e querer, sinto muito: ou temos ou não temos e no momento não os temos.



Como em tudo, vamos antes tomar um choque, sentir na pele a falta de haver se organizado, para depois sim, sentar e fazer bem feito. A gente sabe fazer. Brasileiro não é brincadeira não. Eu respeito nosso povo: quando quer, faz mesmo e faz bem. O problema é se convencer que tem que fazer. É tudo para a última hora.



Acredito que, proximamente, vai haver outra onda de "oba oba o negócio agora é exportar!", vamos até exportar alguma coisinha de novo, mas para mercados de segunda e terceira categoria como tem sido até então. Vai passar a onda, perderemos de ganhar muito, e tudo tende a voltar a estaca zero novamente.



Totalmente diferente do que fazem os exportadores profissionais de lácteos. Eles: 1) enxergam oportunidades quando ninguém está vendo nada; 2) se organizam, juntando forças e superando diferenças internas; 3) saem de seus edifícios e vão nos países alvos prospectá-los e estudar a demanda, o perfil de consumo e potenciais produtos; 4) instalam escritórios ENXUTOS nos principais centros de interesse; 5) antes de sequer pensar em vender, semeiam a cultura de seu país e os valores que querem destacar porque sabem que não se vende leite: vende-se saúde, alegria, preservação da natureza, estilo de vida, coisas intangíveis que o consumidor compra sem saber; 6) ajustam seu sistema de produção e industrialização para obter EXATAMENTE o que o mercado prospectado requer; 7) finalmente lançam-se na praça.



Aqui se acha que exportação se faz por decreto: "o negócio agora é exportar" e pronto todo mundo exporta... Não é assim.



Muito bom e oportuno, Marcelo.
PAULO R. F. MÜHLBACH

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/02/2013

Num país onde o consumo de leite "informal" ainda representa cerca de 30% do total produzido, a conquista de mercado, tanto interno quanto externo, para a manutenção de taxas sustentáveis de crescimento, forçosamente, terá de passar por uma radical melhoria da qualidade da matéria prima  leite e de seus derivados.



E a solução para tal situação, anacrônica e calamitosa, em termos de saúde pública e de imagem de um país líder em produção de alimentos,  e que vem sendo banalizada e postergada, haja vista as sucessivas Instruções Normativas, depende do enrijecimento  e cumprimento das leis necessárias e de uma ampla campanha educativa.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/02/2013

Prezado Marcelo Pereira de Carvalho: Parabéns, como sempre, pela brilhante análise do setor. Entendo que a demanda pelo leite brasileiro - para nos situarmos no nosso veio produtivo - sofrerá uma ampliação cada vez maior, comandada pelo aumento da qualidade, pelo retorno do câmbio à sua naturalidade (a artificial valoração de nossa moeda não poderá ser mantida por muito tempo mais, sob pena de ingressarmos numa depressão econômica sem precedentes) e pela explosão demográfica (ainda que esta venha sendo freada, de tempos em tempos, com a diminuição do número de filhos e do envelhecimento das populações mundiais). Por isso, o futuro da produção de leite brasileira tem perspectiva agradável, sim, pelo menos a longo prazo. Mas, somente se manterá vivo na atividade aquele que adotar a escala de produção, a queda dos custos, a genética especializada para ao leite e o profissionalismo rigoroso no trato com as sua propriedade que terá, irremediavelmente, que ser encarada como uma empresa. Os que não se adaptarem ao novo cenário, fecharão as porteiras.

Um abraço,





GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG

=HÁ OITO ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 06/02/2013

Obrigado Hernan e Régis. É sempre bom saber que bons profissionais apreciaram o artigo!



Hernan, você tocou em um ponto relevante: margens na cadeia de insumos e impostos. São questão que vão muito além do leite; são problemas nacionais, mas precisamos, dentro das nossas possibilidades, levantar as informações e pleitear junto ao governo mudanças (como no caso de impostos).



Régis, mercado é cíclico, mas realmente a vida não foi fácil para o produtor especializado nesse ano, com preços estáveis (se corrigidos pela inflação) e com custos nas alturas. Acredito que em função do mercado de grãos, essa situação continua mais um tempo. Talvez haja espaço para correção dos preços do leite de março em diante...veremos.


MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 06/02/2013

Caros Francisco e Ednilson, obrigado!



Caro Marcello, obrigado pelo complemento, e concordo com a sua posição sobre a necessidade de um fórum permanente. A questão é que precisa ter massa crítica, gente preparada e disposta a participar.



Acho que o setor está passando por mudanças significativas. Acho que se quisermos brigar pelo mercado externo, será necessário uma mudança ainda maior. Se essa mudança será hard - com grande choque como você coloca - ou soft - com um planejamento maior, se é que é possível, vai depender de uma série de fatores.



Israel, o Brasil tem crescido mais do que a maior parte dos grandes produtores, a exceção da China, que cresceu muito na década passada, mas após uma forte crise de qualidade do leite, passou a crescer menos. Esse é outro ponto interessante: somos grandes produtores e estamos crescendo na média mais do que os demais países, ancorados no forte consumo interno, que tende a não manter o mesmo ritmo de crescimento.
REGIS JOSÉ DE CARVALHO

CARMO DO RIO CLARO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/02/2013

Olá Marcelo, como sempre belo artigo.

Fico me perguntando aqui se conseguiremos sustentar a produção nestes custos de hoje (se eles se sustentarem).

É notório a queda  nos ganhos do produtor com os custos e preços recebidos por ele. Não estou falando de lucro ou prejuízo da atividade. Em qualquer segmento temos que ter condições de nos manter e continuar crescendo, e no leite especificadamente estamos atravessando a meses situações bem complicadas. Nossa atividade é muito complexa e cada unidade de produção tem suas características, mas no geral o cenário não é animador.

Obrigado.
HERNAN CAMPERO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/02/2013

Prezado Marcelo,



Muito interessante o artigo. Como sempre foi, o custo da alimentação e demais custos operacionais são críticos para poder produzir, com lucro, a US$0,35 o kg. Na minha opinião é muito difícil poder chegar a esses números enquanto a cadeia como um todo não sofra uma "moralização".



Digo moralização pois simplesmente se vê que um oportunismos único de parte dos produtores de racao, que aumentam os preços da racao, sem justificativa, cada vez que o preço do leite aumenta um pouco e também aumentam o preço da racao quando os preços dos insumos aumentam. Ou seja aumentam sempre e nunca deixam o setor produtivo leiteiro ter um respiro.



O governo também contribui tendo altíssimos impostos de importação, IPI, etc. nos bens necessários para produzir. Só como um exemplo: uma teteira no Brasil custa quatro vezes mais cara do que a mesma teteira nos Estados Unidos. Isso impacta enormemente a competitividade.



Em resumo, como você diz, este é um interessante exercício, porém muito difícil de se prever os resultados pois no caso do Brasil, depende de muitos outros fatores alheios ao mercado e produção do leite.



Abs.





Hernan Campero
EDNILSON

SANTO ANDRÉ - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/02/2013

Dr.Marcelo,

Parabéns pela informação. Isso faz com que  nos produtores planejamos com muita  cautela  o desenvolvimento e o caminho a seguir no desenvolvimento  da propriedade.

obrigado.



Ednilson
ISRAEL ALVES LARA

PIRACEMA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 05/02/2013

E qual é a expectativa de crescimento dos países concorrentes?
MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/02/2013

Caro Marcelo



Parabens pela matéria, consistente e oportuna.



Os dados da tabela 2, "projeções do mercado de lácteos no Brasil" indica os seguintes crescimentos de 2012 para 2020:



população  + 5,4%



mercado + 28,4%



consumo por habitante + 21,4% ( de 173 l/hab./ano para 210 l/hab./ano )



produção + 41,3%



importação + 127,5%



exportação  0



O mercado e a produção interna se equilibram em 2015, e a partir daí passa haver sobra de leite, mesmo que as importações zerassem. Em 2020 a sobra de leite seria de cerca de 2,8 bilhões de litros com importação zero e de 5,6 bilhões de litros para o nivel de importação previsto na tabela.!!



Esse coaos será maior ainda se o cosumo per habitante crescer de forma  menos otimista que o considerado nas previsões, Se o consumo por habitante em 2020 crescer 10% com relação ao de 2012 ( o que é bastante factivel face as incertezad da economia ), passando de 173 l/hab./ano para190 l/hab./ano, o mercado interno será da ordem de  39,4 bilhões de litros e, para a produção prevista, a sobra seria de 7,7 bilhões de litros com importação zero e de 9,9 bilhões de litros!!!!!!!!



Não acredito que estes cenários de sobras catastróficas irá acontecer, pois muito antes de acontecer um grande número de produtores deixará de produzir por que os preços estarão tão baixos que não cobrirão os custos de produção.



Na minha opinião o mais provavel de acontecer é a produção nacional de leite cair e, conforme essa queda, para evitar desabastecimento, as importações aumentarem mais do que o previsto, prejudicando muito a geração de empregos e renda no País. O Governo e a cadeia produtiva deveriam discutir com mais profundidade essa questão se quizerem evitar essa situação.



Uma outra coisa que o Governo e a cadeia produtiva deveriam  discutir é como evitar a perspectiva de exportações zero até 2020, e que pasa por ações dentro da cadeia produtiva, como aumentar a produtividade e reduzir custos de produção para aumentar a competividade, como aumentar a qualidade do leite e dos lácteos, como introduzir novos produtos e melhorar os existente, e ações  for da cadeia, como evitar que as ações dentro da cadeia sejam solapadas por medidas fora da cadeia, como taxas de câmbio, subsidios e facilidades para importação que caracterizem concorrência desleal com a pecuária e a indústria nacional.



Tenho defendido há muito tempo a necessidade de um forum permanente para a a política e planejamento do setor leiteiro nacional. Essas previsões reforçam a minha crença nessa necessidade. Mas parece que o Governo e de forma geral as lideranças da cadeia produtiva não tem a mesma preocupação.



Grande abraço



Marcello de Moura Campos Filho

Presidente da Leite São Paulo


FRANCISCO JOSÉ LOMBARDI

ITAPETININGA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/02/2013

Prezado Dr. Marcelo,

Parabéns pelo artigo. Com certeza são informações que nós produtores devemos ter para relermos e acompanharmos os números sempre. Ultimamente é que tenho acompanhado o Milkpoint, e confesso a minha surpresa com tanta qualidade de informação relativa a nossa atividade. Com certeza fará a diferença no meu planejamento e desenvolvimento de minha propriedade. Mais uma vez PARABÉNS.... Muito obrigado.

Deus os abençoe.

Francisco

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures