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O mito da mão-de-obra barata

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

E GLAUCO RODRIGUES CARVALHO

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 14/09/2010

6 MIN DE LEITURA

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Ao se analisar a história, um dos principais fatores responsáveis pela nossa competitividade em vários setores da economia tem sido a mão-de-obra barata em comparação aos países mais desenvolvidos. A rigor, até hoje, o baixo custo relativo da mão-de-obra em atividades intensivas em mão-de-obra é um fator relevante e capaz de influenciar de forma definitiva a geografia da produção, industrialização e serviços, como nos mostram a China, a Índia e outros países do Sudeste Asiático, para ficar apenas em alguns exemplos.

Nesse contexto, a produtividade da mão-de-obra é secundária. Lembro-me de uma visita a uma fábrica de ar-condicionado em Guangzhou, no sul da China, em que o proprietário da empresa foi questionado se o baixo índice de automação da fábrica não seria um fator de redução da competitividade da empresa. Calmamente, o empresário respondeu que enquanto o custo de mão-de-obra por máquina produzida ficasse abaixo de US$ 1,00 como naquele momento era, esta não seria uma preocupação da empresa.

Em menor proporção, o Brasil também surfou na onda da mão-de-obra barata, uma vantagem comparativa que vem desde a época da escravidão.

No entanto, com os ganhos de renda verificados nos últimos anos, especialmente nas faixas de renda mais pobres, o jogo começa a mudar. O salário mínimo tem subido mais do que os produtos comercializados. A figura 1 traz os dados relativos ao leite. De 1991 para cá, enquanto o índice de preço real do leite caiu 33%, o salário mínimo mais do que dobrou de valor. Do ponto de vista de poder aquisitivo visando o consumo de lácteos, esses números são sem dúvidas interessantes, mas quando se volta a análise para a eficiência produtiva, a situação começa a preocupar.

Observando a evolução do poder de compra do leite em relação à mão de obra verificou-se que em 1991 eram necessários 202 litros de leite para pagar um salário mínimo. Em 2009, foram necessários 706 litros de leite. Em outras palavras, enquanto um determinado volume de leite contratava um funcionário em 1991, hoje esta mesma quantidade contrata apenas 1/3 deste funcionário. Nesta análise existem duas possibilidades: 1) ou o funcionário produz pelo menos três vezes mais leite do que ele produzia antes; 2) ou uma parte do lucro com a produção de leite desapareceu no salário do funcionário.



Figura 1 - Índice de preço real do leite e do salário mínimo (1991 = 100)

A questão é que, apesar dessa mudança verificada nos últimos 20 anos, mais especificamente na última década, a impressão que se tem é que ainda pensamos em custos de mão-de-obra como se fosse um fator secundário na composição da competitividade. Produtividade da mão-de-obra é um conceito pouco aplicado no setor.

Felizmente, a situação parece estar começando a mudar, até porque começam a surgir evidências de que a valorização da mão-de-obra, aliada a sua baixa produtividade, nos colocam em situação de desvantagem perante outros competidores, ainda que nosso custo absoluto da hora trabalhada esteja ainda bem abaixo do verificado na Europa, na América do Norte e na Oceania: o salário médio por horas trabalhadas nas fazendas brasileiras é 1/4 do verificado na Nova Zelândia e Austrália, 1/3 do pago nos Estados Unidos e menos de 1/5 do pago na Dinamarca.

As figuras 2 e 3 ilustram essa constatação. Na primeira figura, fica evidente que o salário médio nas fazendas brasileiras está abaixo do verificado nas principais regiões produtoras. No entanto, ao se computar o custo por litro produzido, nosso diferencial já não existe em relação a vários competidores. E, a continuar o aumento da renda média, a redução da desigualdade, a migração para os grandes centros e o aumento das oportunidades de trabalho, esse processo vai continuar.

Clique na imagem para ampliá-la.

Figura 2 - Custo da mão de obra: salário médio na fazenda (US$/hora)

Clique na imagem para ampliá-la.

Figura 3 - Custo da mão de obra: US$/100 kg leite

Começam a surgir trabalhos mostrando que a produtividade da mão-de-obra é um fator bastante relacionado à rentabilidade. Um destes trabalhos foi a tese de doutorado realizada na Universidade Federal de Lavras pelo pesquisador da Embrapa Gado de Leite, João Cesar Resende (sob orientação do Prof. Marcos Neves Pereira), que analisou 159 fazendas do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba participantes do projeto Educampo. Ele verificou que as fazendas com rentabilidade positiva apresentaram custo de mão-de-obra contratada de R$ 0,08/litro em média, ao passo que as com rentabilidade negativa tiveram custo médio de R$ 0,15/litro, quase o dobro. Interessante notar que a eficiência do uso de mão-de-obra contratada teve correlação maior com a rentabilidade do que a produção de leite por área, um parâmetro muito mais prevalente nos textos e palestras a respeito de rentabilidade do que a mão-de-obra, ainda relegada a um segundo plano.

Esses dados foram apresentados durante o Simpósio Interleite, realizado no mês de agosto em Uberlândia. Nesse mesmo encontro, o neozelandês Craig Bell, sócio da fazenda Leitíssimo, de produção a pasto irrigado no Oeste da Bahia, mostrou uma figura muito parecida com a figura 1 para explicar porque desenvolveram um sistema de produção com alta produtividade por homem.

Recentemente, no site MilkPoint, o produtor Roberto Jank Jr. escreveu que ficou surpreso ao ver regiões dos Estados Unidos antes em decadência, tendo agora projetos de até 500 mil litros/dia, com altíssima eficiência dos fatores de produção, cumprindo todos os rígidos requisitos ambientais e gastando US$ 0,28/litro (R$ 0,50/litro).

Pode-se argumentar, com alguma razão, que a atividade leiteira no Brasil é muito heterogênea e que uma análise única não se faz correta. O trabalho da Embrapa avaliou o parâmetro mão-de-obra contratada, não imputando valores para a mão-de-obra familiar, mais difícil de ser contabilizada. Desta forma, propriedades com alto índice de mão-de-obra familiar, de acordo com a metodologia adotada para a análise, têm vantagens.

Não é objetivo desse artigo discutir se o uso de mão-de-obra familiar é mais vantajoso, ainda que se reconheça que muitas das regiões que crescem em produção apresentam propriedades tipicamente familiares.

A questão de fundo, porém, permanece. Pode demorar mais tempo ou menos, pode prevalecer mais em uma região do que em outra, mas o fato é que o custo da mão-de-obra tem passado por uma apreciação nos últimos anos e isso já aparece quando analisamos nossa competitividade em comparação a outros países, e mesmo entre as propriedades de uma mesma região.

Nesse ponto, é válido lembrar que uma das relações econômicas mais antigas para a formação do preço de um bem, refere-se a lei da oferta e da demanda. Ou seja, o preço de um bem é mais baixo quanto mais abundante for a oferta daquele bem. Por outro lado, a escassez de um produto implica em preços mais elevados. É o caso da mão de obra no Brasil, que é relativamente mais barata que em outros países, pois existe em maior abundância. Isso ajuda a explicar porque nossa produtividade em litros por homem-hora de trabalho é baixa. Todavia, a pressão para melhoria de eficiência tende a aumentar, já que os fatores de produção são escassos e seus preços vão subir. No caso da mão de obra, isso já é percebido.

Ainda, no Brasil, é preciso considerar também questões ligadas à legislação trabalhista, que oneram significativamente os salários, dificultam a contratações e geram alto custo de contratações e demissões. Estudos do Banco Mundial sobre burocracia e custos na contratação de mão de obra colocam o Brasil em uma das piores posições entre os países em desenvolvimento, sendo uma importante restrição ao investimento no país.

Cada vez mais, portanto, o conceito de mão-de-obra barata impulsionando a competitividade será coisa do passado, sendo substituído pela necessidade de utilização mais eficiente desse recurso.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

GLAUCO RODRIGUES CARVALHO

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FABIANO BARBOZA

ARARAS - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/10/2010

Caro Roberto e Walter,

Realmente essa questão sobre impacto ambiental é extremamente importante, e não tenho dúvidas que isso é algo que devemos sim controlar.

Achei legal a idéia do Walter para limitar o tamanho do rebanho com a capacidade de produção do volumoso ou com a taxa de acumulação total anual do pasto, desde que os dejetos sejem tratados de maneira correta.

Ainda fica uma dúvida no caso das fazendas que operam com sistema a pasto ou semi-confinado. Vi diversos estudos comprovando que é possível atingir uma taxa de acumulação do tifton85 em torno de 65tonMS/ha/ano. Ou seja, com esse total produzido poderíamos ter uma taxa de ocupação em torno de 10 a 12 UA/ha.

Para conseguir atingir toda essa acumulação, além de irrigação, o pasto demandou uma alta carga de nitrogênio para oferecer um crescimento como esse. Será que é ambientalmente sustentável colocarmos no solo cerca de 500kg de nitrogênio/ha/ano para conseguirmos alcançar uma taxa de ocupação como essa?
Acredito que, numa visão ambientalista, deveria também ser limitada a quantidade de fertilizantes na terra.

Um abraços a todos,
Fabiano.
WALTER JARK FLHO

SANTO ANTÔNIO DA PLATINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/09/2010


Prezado Glauco e Marcelo ! Produção em escala cada vez maior parece ser um processo irreversivel. Entretanto até quanto ? Uma fazenda produzindo 500000 l dia ,embora em vários módulos imagino, deve ter um impacto ambiental enorme. Já temos ,no Brasil,determinadas regiões com criação de suinos com problemas ambientais . Este modelo que concentra uma quantidade enorme de dejetos até quanto é ambientalmente sustentável ? Pelo lado ambiental ,portanto , a escala deve ser menor para poder absorver esse impacto . O que seria um critério adequado ? Eu pessoalmente , num chute ambientalista , diria que o tamanho do rebanho deveria ser compativel com o volumoso possivel de ser produzido na área. A partir do momento que "importo " volumoso existe uma tendencia deste desequilibrio ambiental. É apenas um chute , mas precisamos começar a levar em consideração outros fatores que não sómente o econômico , para definirmos a escala de produção. Infelizmente num mundo globalizado esta definição não depende apenas de nós. Entretanto meu objetivo é contribuir para este tipo de discussão.

Um abraço Walter
PAULO ROBERTO VIANA FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/09/2010

Realmente mao de obra e um gargalo na atividade leiteira, mas normalmente os produtores nao investem em mao de obra, nao remuneram dignamente( salario minimo vai ter empregado produzindo o minimo). Pensar em treinar a mao de obra e remunerar por produtividade, exigindo participacao do produtor e do empregado, com comprometimento de ambos. Se atividade nao for lucrativa(viavel) o Empresario rural nao tem condicoes de remunerar bem seus colaboradores.
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/09/2010

Prezado Walter,

Você levantou um ponto importante.
Com o programa EPA, desde 1998 os EUA começaram a controlar sob a ótica ambiental as unidades de produção com mais de 1 mil unidades animais (700 vacas em lactação).
Há uma permissão de até 0,7 UA por acre, que pode ser aumentada com melhor tratamento tecnológico dos resíduos e efluentes gerados e obrigatoriamente dispersados na área.
Comparando os sistemas de produção de 1944 com os de 2010 houve redução de 24% na produção de esterco, de 43% na produção de metano e de 56% na produção de óxido nitroso para cada 500 milhões de litros de leite produzidos.
A atual pegada de carbono por litro de leite corresponde a um terço do que era há 65 anos, comprovando o menor impacto ambiental por unidade produzida.
Desde que com as regras de dispersão dos efluentes cumpridas, não resta dúvida que tanto o ganho de escala como o ganho de produtividade (por área) reduzem o impacto ambiental por litro produzido, principalmente no que se refere ao uso dos atuais recursos mais importantes para a humanidade, a água e a terra.
No Brasil isto tem uma importância maior, por conta de nossa baixíssima produtividade de leite por ha; resolver esse tema certamente nos levaria a inibir processos de desmatamento na amazônia legal e na fronteira agrícola e nos permitiria reduzir expressivamente os 26 milhões de hectares que utilizamos para produzir nossos 28 bi de litros de leite.
Concordo com você sobre a produção de forragens local limitando a produção de leite e acrescento a necessidade de que os alimentos concentrados transportados sejam primariamente de produtos que não se prestam á alimentação humana ou de animais monogásrtricos, como é o caso da polpa cítrica, casca de soja, resíduos de cervejaria e vários outros subprodutos da indústria alimentícia.


CLEMENTE DA SILVA

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 24/09/2010

Certa ocasião eu descia de um vôo no aeroporto de Maldonado, Uruguai e um menino de uns 9 anos chegou e disse: Señor, dáme un real! Eu respondi: No lo tengo., peró te doi cinco pesos. Olhem a resposta do garoto: eso, no lo quiero, no sirve pa nada. No entanto, o Uruguai vive bem apesar de seu dinheiro não ter valor nenhum, perante outras moedas. E o que dizer do Japão, cujo Ien, orbita sempre na casa dos 100 a 110 por um Dolar? O Japão não é uma das melhores economias do mundo? Que conversa é essa do ex presidente do BC Gustavo Franco em dizer que não há oque fazer com o câmbio? Não há porque não há interesse político. Manter essa farsa, é muito mais lucrativo para especuladores safados que fazem deste país o seu cassino de ganho certo, já que somente aqui, eles conseguem juros da ordem dos 10 a 12% ao mes, sem fazer nenhum esforço. Lembram do final da década de 90 quando o Pedro Malan-dro dizia a mesma coisa e de repente o dolar deu aquela arrancada? Como bem manisfesta o Glauco, a bomba vai estourar e tenham certaza, que mais uma vez, quem vai sair perdendo é o produtor, é a agricultura e a pecuária.
Está rodando na Internet um vídeo de uma palestra do presidente do Banco Santander que vale a pena perder alguns minutos para ver . Ele chama a atenção para: Como podemos dizer que estamos bem num país que vai mal?https://www.youtube.com/watch?v=SrONJfa9lZU Muito bom para reflexão e ação.
Abraços,
Clemente.
CLEMENTE DA SILVA

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 24/09/2010

Desculpem, Marcelo Glauco e demais acompanhantes deste assunto. Quando mencionei o Vídeo no texto acima ficou faltando algo. Então, entrem no youtube vídeo e chamem por; TEDx SP 2009 Fábio Barbosa. É muito atual, apesar de ter sido lançado em novembro de 2009. Creio que boa parte entre os Srs. já viram mas, vale a pena ver de novo.
Abraços,
Clemente.
GLAUCO RODRIGUES CARVALHO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 22/09/2010

Prezados Marcelo, Marcello e Roberto,

A questão cambial realmente não é consenso, nem mesmo entre os economistas, conforme colocado pelo Marcelo. Existem os que defendem uma maior intervenção, tributação de capital estrangeiro, limite de ingresso, etc. Por outro lado, também existem os adeptos do free market.
De todo modo, ao que me parece, isso é uma bomba que está para estourar. Infelizmente até acontecer mudanças muita gente quebra. Estamos vendo isso na agricultura, têxtil, calçados, etc. A poucos dias vi uma entrevista com dirigentes da Associação de eletroeletrônicos (Abinee) dizendo que está ocorrendo desindustrialização na área de bens de capital, o que é preocupante. E alguns economistas já estavam mencionando os riscos da doença holandesa (desindustrialização devido à valorização do câmbio) a mais de cinco anos.
Aproveitando que o Marcelo citou o Estadão, no domingo dia 19 de setembro, o economista José Roberto Mendonça de Barros disse o seguinte "Ao mesmo tempo, a expansão muito acelerada da demanda agregada associada à valorização do real vem resultando num crescente déficit em conta corrente, que deve somar algo como US$ 400 bilhões entre 2010 e 2014. Essa trajetória não é sustentável, como a história do Brasil mostra de forma recorrente".
Abraços
GLAUCO RODRIGUES CARVALHO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 22/09/2010

Prezados Mário Sérgio e Fabiano,
Como o próprio Marcelo colocou estamos ficando caros. Realmente o Custo Brasil está nos asfixiando. O pior é que sem as reformas e os investimentos em infra-estrutura está situação só tende a piorar. Além disso, não está claro o contorno desse problema na agenda do próximo presidente, o que preocupa mais.
Por fim, o efeito câmbio mencionado muito bem pelo Marcello ao falar do leite, está deixando outros países mais baratos que o nosso, mesmo em serviços.
Fabiano, diante do mencionado por vc, por enquanto, sugiro que fique por aí ainda algum tempo (rsrs).
Abraço
JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 21/09/2010

Marcelo e Glauco,

Mais uma vez um assunto relevante e importante sendo levantado de modo pioneiro. Diversos temas são costumeiramente mencionados em publicações nos mais diferentes canais midiáticos, no entanto, pouca atenção tem sido dada a questão do quadro evolutivo do perfil da mão-de-obra em nosso País.

O assunto é bastante complexo e exige critério na interpretação dos dados. Atualmente, o setor de produção de leite não foge da regra e tendência mundial de produção em escala para otimização de resultados. Em termos práticos, a infra-estrutura necessária para se produzir 1500L a 2000L/dia pode, em muitos casos, ser a mesma para se dobrar a produção (4000l/dia). Os gastos com insumos aumentam proporcionalmente mas isso, certamente não ocorre com a mão de obra. Tal aspecto foi bem ilustrado por vocês ao citarem a pesquisa/levantamento realizada pela Embrapa. Verificamos que quando analisamos, separadamente a mão-de-obra, de acordo com a eficiência do sistema (produtividade e rentabilidade) os custos podem variar muito e dependem da eficiência de cada sistema de produção.

Muitos colegas fizeram diferentes colocações importantes e interessantes, motivo pelo qual não iremos nos estender sobre o tema abordado. O que precisamos é aumentar cada vez mais o fórum de discussão sobre este importante assunto que, como os autores colocaram, merece ser melhor estudado. Cabe aqui um alerta de que o fato de sermos "ermergentes" ou mais elegantemente, pertencermos ao "BRIC" não podemos achar ou nos dar o luxo de achar que mão-de-obra cara é problema daqueles que Hemisfério Norte (cuja razão paira sobre o fato da mesma ser melhor qualificada).

A questão novamente recai para o fator produtividade. Sendo eficientes e produtivos é possível alcançarmos bons resultados (vide dados dos USA citado pelo Roberto Jank Jr.) em qualquer localização do globo.

Abraço!
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 21/09/2010

Mário Sérgio e Fabiano,

Obrigado pelas participações, que sempre melhoram o que queremos passar nos artigos.

Fabiano, o Brasil é realmente um país caro hoje. Aliás, é algo estranho quando você vai por exemplo para os EUA e acha tudo barato. Taxi, comida, etc, sem falar em eletrônicos. Fiquei em abril em um hotel bem top no melhor bairro de San Francisco (Union Square, onde estão as lojas de grife, etc), pagando US$ 117/diária. Dependendo da época, você paga isso em um hotel mais ou menos em Piracicaba...

Abraço,

Marcelo
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 21/09/2010

Marcello e Roberto,

Obrigado pela participação e comentários. Concordo com os argumentos colocados.

Só uma ressalva: no Estadão de domingo, Gustavo Franco, ex-BC, disse em entrevista que não há o que fazer com o câmbio. Essa situação é fruto de um país em crescimento, que atrai investimentos, e que não há mágica que se possa fazer. Não sei se procede porque não sou economista (e acho que mesmo eles podem divergir na questão), mas se proceder, complica.

Abraços

Marcelo
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/09/2010

Marcelo e Glauco,

O tema é muito pertinente e perigoso para o nosso futuro; vale a pena investirmos mais tempo nisso.
A estratificação da produção americana diz tudo:
Eles tem 65 mil fazendas com vacas de leite mas 32 mil delas (49%) tem menos de 50 vacas e são responsáveis por apenas 5 % da produção, ou seja, nada.
Portanto 33 mil fazendas norteamericanas produzem 95 % do leite ou 83 bilhões de litros de leite, quase 7 mil litros por dia, em media, por fazenda.
Destas, as fazendas com mais de 500 vacas são 3.350 (5% do total), responsáveis por 60% da produção.
Já as fazendas com mais de 2 mil vacas são apenas 740 (1%), responsáveis por 31% da produção, volume parecido com a produção total Brasileira. Notem que 740 fazendas nos EUA produzem o mesmo que um milhão de fazendas Brasileiras.
A mão de obra trabalha bastante (10 horas/dia) mas é bem remunerada; mesmo assim o custo dessa mão de obra por litro de leite é inferior ao nosso, como vocês demonstraram no artigo.
Impossível não relacionar isso com a escala de produção.
Aqui no Brasil, diferente do resto do mundo, estamos aumentado o numero de produtores e a produção total mas crescendo a escala individual muito lentamente; a tecnologia básica (sem sofisticação nenhuma), como exemplo as borrachas de ordenha, tão necessárias para cumprirmos a IN 51, custa o dobro.
Aqui, alguns sistemas de produção, mesmo teóricos, precisam remunerar muito mal a mão de obra para conseguir fechar a conta no azul; e precisamos reconhecer que hoje certamente isso não ocorre por conta dos preços do leite.
Não tenho dúvidas que esse quadro somado ao real sobrevalorizado está no pior rumo possível se quisermos ao menos pensar em competitividade sistêmica internacional com vistas à exportação.
Falta mobilização da classe e falta direcionamento na política de crédito, além da tradicional e infeliz carga tributária que atua contra os interesses do consumidor.
Glauco: a própria Embrapa poderia levantar essa bandeira.
abraços,
Roberto

MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/09/2010

Prezados Marcelo e Glauco,

Parabens pelo artigo, muito oportuno.

No artigo é citado que o produtor Roberto Jank Jr. fico surpreso ao ver nos USA fazendas com produção de 500.000 litros/dia com custo de US$ 0,28,litro, que corresponderia a R$ 0,50/litro.

Essa informação precisa ser vista com um certo cuidado, tanto sob o aspecto do custo para o produtor americano, como sob o aspecto da conversão desse custo para reais.

Na revista Infortambo de agosto de 2010, vi um artigo do engo. Agr. José Quintana, que analisa perspectivas de preço a longo prazo, onde afirma que, de acordo com os dados da Universidade de Wiscosin o custo operativo atual nos USA é de US$ 0,33/litro, e se forem incluidos os custos de oportunidade, esse custo sobe a US$ 0,44/litro.

O custo de produção de leite de US$0,28/litro, representaria 85% do custo operativo e 64% do custo considerando o custo de oportunidade do informado pela Universidade de Wiscosin, segundo o artigo da Infortambo.

Pela informação que tenho, nos USA existem hoje 60.000 produtores para produzir 87 bilhões de litros de leite/ano.

O Roberto Jank Jr diz que nos USA apenas 700 fazendas produzem 28 bilhões de litros de leite, que representa uma média de 109.800 litros/dia por propriedade , donde concluo que tem 59.300 produtores produzindo 61 bilhões de litros de leite, o que representa uma média de 2.818 litros/dia por produtor.

Essas 700 megafazendas, com produção média de 109.800 litros/dia por fazenda, representam apenas 1,2% das propriedades leiteiras dos USA.

O Roberto diz que o preço do leite de US$ 0,28/litro seria viável, no atual custo dos grãos, para fazendas com mais de 150.000 litros dias, o que representaria apenas uma parte das 700 megafazendas, e isso indica que várias dessa megafazendas teriam um custo de US$ 0,28/litro.

De qualquer forma 98.8% dos produtores de leite tem o custo a cima de US$ 0,28/litro, e o custo médio de US$ 0,33 apontado pela Universidade de Wiscosin parece que deva ser para nós a referência para analisar a competitividade dos produtores nos USA, e que é mais do que suficiente paramostra a competitividade do produtor nos USA.

Com relação a conversãos dos custos dos USA para reais, com uma taxa de câmbio de R$ 1,75/US$ ( real sobrevalorizado em 30% com relaçãpo à moeda americana), os custo de US$ 28/litro representa R$ 0,49 por litro, mas se corrigida essa distorção for corrigida, representaria, R$ 0,64, e custo de US$ 0,33/litro, que é o custo apontado pela Universidade de Wiscosin como o custo médio operacional nos USA, representa R$ 0,58/litro para o real atual sobrevalorizado em 30% mas representaria R$ 0,75/litro.

Como se produz leite no Brasil em Reais, é preciso um certo cuidado nessas conversões, pois não se poderá exigir do produtor nacional uma competitividade que o iguale ao produtor norte americano e ainda compense a absurda valorização de 30% do real com relação ao dolar americano.

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho
MÁRIO SÉRGIO FERREIRA ZONI

PONTA GROSSA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/09/2010

Esta situação acaba gerando um anacronismo pois propriedades com menor tecnificação e menor escala de produção, que são a grande maioria dos produtores de Leite no Brasil acabam obtendo números relativos muito piores, o que vem a encarecer seus custos de produção.

A mesma situação deve ser levada em conta ao se arbitrar valores para "pro labore" de propriedades familiares visto que deve ser considerado valores de mercado vigentes na região, ou seja se trabalham pai e filho na atividade um tem valor relativo de administrador ou capataz e o segundo valor de ordenhador, e não valores hipotéticos de R$ 500,00 por mes.

Um complicador para tudo acima é a crescente industrialização de várias áreas produtoras de Leite no Brasil que acabam atraindo jovens trabalhadores rurais, que preferem trabalhar em uma industria mesmo com salários menores do que trabalhar em atividades pecuárias. De maneira geral temos procurado contratar jovens técnicos agricolas para trabalhar como ordenhadores ou oeradores da mixer, pois os salários totais na região de Castro tem se mostrado competitivos e atrativos para os mesmos.

Guardadas as enormes diferenças entre realidades de diferentes países citados nos comentários, a dificuldade na contratação e manutenção de bons funcionários tem se mostrado identica para todos que trabalham com Leite onde quer que seja, haja visto a grande utilização de latinos por propriedades americanas, de asiáticos por propriedades na Oceânia, e por aí vai.

Abraços a todos

Mário Sérgio Zoni
MÁRIO SÉRGIO FERREIRA ZONI

PONTA GROSSA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/09/2010

Boa Tarde a todos

O que o artigo brilhantemente relata é a enorme dificuldade com que um produtor rural atualmente trabalha no que tange a gestão da mão de obra. As peculiaridades e particularidades das Leis trabalhistas no Brasil tem de certa forma encarecido os custos de produção e ao mesmo tempo emprobecido produtores e trabalhadores.

O primeiro ponto a ser considerado é a impossibilidade determinada por Lei trabalhista de um funcionário cumprir os dois turnos de ordenha já que a legislação exige descanso noturno mínimo de 11 horas, ou seja o funcionário que trabalha até as 19:00 H só pode retornar ao trabalho as 6:00 da manhã. Este foi um dos fatores que determinaram a adoção de manejo de tres ordenhas com utilização de dois turnos de funcionários.

O segundo ponto a ser considerado é o teto máximo de duas horas extras diárias o que somado ao turno diário de 7 horas e 20 minutos ( 44 horas semanais ) implica em um turno máximo de trabalho de 9:20 de trabalho por dia.

Na prática estas duas situações somadas implicam na impossibilidade descrita acima com relação ao turno único de trabalho, pois um funcionário que inicia a ordenha da manhã ás 5:00 H e trabalha até ás 10:30 H retornará do intervalo de almoço as 13:00 H e poderá trabalhar até 16:50 H ou seja muito antes de terminar a ordenha da tarde a não ser que se mude a mesma para 4 horas antes do normal. Mesmo com extensão do intervalo de almoço para 3:40 H de intervalo o que é permitido na atividade pecuária com caracterização de turnos de serviço o funcionário teria o teto máximo de trabalho até ás 18:00 H já que tem que obedecer o descanso noturno mínimo de 11 horas

Este mesmo descanso citado acima tem que ser observado quando do DSR ou da folga semanal que deve ser de no mínimo 35 Horas, ou seja 24 Horas do DSR somadas as 11 Horas de Descanso noturno.

Estas situações impostas pela legislação levaram ao incremento nos custos funcionais totais porém com diminuição dos valores individuais de pagamento aos funcionários quando comparados a X Salários mínimos vigentes, pois ao se contratar mais pessoas para as mesmas atividades porem com menos horas trabalhadas e consequentemente menos pagamento de horas extras faz com que apesar do custo total da folha ser inflacionado, o pagamento individual dos funcionários se deflacione pelo menor número de horas extras trabalhadas.

Como trabalho com gestão de propriedades de alta produção esta tem sido uma das maiores senão a maior preocupação dos empresários rurais que tem na atividade Leite seu objetivo de trabalho e perspectiva de Lucro.

Atualmente trabalho nas propriedades com um objetivo funcional de 100 litros de leite por hora homem trabalhada, o que tem sido possível apenas em propriedades muito eficientes no que tange a produtividade e escala de produção.

Segue abaixo...
FABIANO BARBOZA

ARARAS - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/09/2010

Caro Glauco, Antônio e demais;

Obrigado por sua resposta.

Concordo totalmente com o último comentário do nosso amigo Antônio, que nada adianta se o próprio produtor não tiver conhecimento/qualificação necessária para produzir leite. Pois, além de não operar eficientemente, não conseguirá atingir o potencial da MDO, e, consequentemente, a produtividade da fazenda não será boa. Muito bem comentado.

Voltando na resposta que o Glauco me passou (isso até sai um pouco fora do debate, mas...). Você me disse que talvez eu não conseguisse um salário igual ao que tenho aqui, mas talvez com um poder de compra parecido. O problema é que, em muitos casos, o poder de compra no Brasil acaba sendo ainda menor. Por exemplo, se ganho NZ$1.000,00/mês na NZ e se ganho R$1.000,00/mês no Brasil, não há dúvida que o salário da NZ teria um poder de compra maior que no Brasil.
Aqui, 01 litro de gasolina custa NZ$1,73 (pura), enquanto no Brasil custa cerca de R$2,50 (misturada com álcool); Aqui, tenho um gasto em torno de NZ$150/semana com supermercado (para 02 pessoas). Para manter o mesmo padrão no Brasil, acredito que gastaria cerca de R$200,00/semana pelo menos. Se preciso fazer uma ligação para o Brasil, pago nz$0,05/minuto (fixo) e nz$0,22/min (celular); no Brasil, não preciso nem comentar (rsrsrs). Automóveis são absurdamente mais baratos aqui que no Brasil; os impostos também são mais baixos; e por aí vai... A única coisa que no Brasil acaba sendo mais barato que aqui, são legumes e vegetais.
Mas com certeza voltarei ao Brasil para trabalhar na área do leite, só não sei quando rsrsrs.

Pois é, uma solução para esse problema da MDO, e outros como, qualidade, produtividade, custos, etc, com certeza seria qualificar o produtor/trabalhador e aumentar a escala das fazendas, pois se as coisas continuarem como estão, sempre veremos produtores reclamando do preço do leite, da MDO, do prejuízo, das vacas que não engravidam, etc, etc, etc...

Abraços,
Fabiano.
ANTÔNIO ELIAS SILVA

CAMPO ALEGRE DE GOIÁS - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/09/2010

Colegas,

A situação é complicada, pois para ter escala temos de fazer investimentos vultosos. Tome o exemplo do Fabiano, em que um funcionário responda pela produção diária de 2 mil litros/dia. Só em vacas, é necessário imobilizar em torno de R$ 400 mil para atingir produção de dois mil litros/dia. Se for sob regime de pasto, são necessárias cerca 60 ha de terra, e ainda considerando altíssima eficiência da propriedade. Daí, são necessários mais R$ 500 mil. Com a adição de máquinas, equipamentos, ordenhadeira, tanque de expansão, pick up, instalações diversas, passaremos de R$ um milhão de investimento. Portanto, não são muitos que podem ter essa escala.

Outro aspecto de que temos nos esquecido nos comentários até agora é qto à qualificação do produtor. Um produtor qualificado pode continuamente qualificar seus funcionários. No entanto, a qualificação do produtor passa pela qualidade da assistência técnica governamental, que geralmente é baixíssima. Esse é o maior desafio... Só consegui dirimir dúvidas básicas depois de começar a debater com técnicos e produtores aqui no Milkpoint... POr mais que eu lesse, especulasse, não descobriria certas técnicas imprescindíveis jamais... Então, para o produtor investir fortemente na atividade e atingir escala, o primeiro passo é se qualificar.. Ele não pode confiar na assistência técnica, pois ela não está capacitada a fornecer-lhe informações capazes de profissionalizá-lo. Uma vez estando profissionalizado, daí ele pode investir, se tiver capital para tanto, ter rentabilidade e ser capaz de pagar salários altos e tb exigir alta produtividade dos funcionários. Faço uma mea culpa aqui, pois os produtores geralmente tentam imputar a seus funcionários os custos da pouca rentabilidade da atividade. Daí, não são capazes de remunerá-los adequadamente,etc... TAlvez, se as fazendas conseguissem ser altamente rentáveis, pudessem atrair profissionais mais qualificados. Então, toda a questão passa pela qualificação inicial do produtor, seguida de alto investimento para se atingir escala, e finalmente pela qualificação dos funcionários, o pagamento de bons salários e o conseqüente aumento de produtividade. No entanto, todos esses pontos são gargalos quase que intransponíveis. É mto difícil qualificar o produtor, pois estes geralmente tem baixa escolaridade, os técnicos das Ematers não tem a qualificação necessária, é difícil atrair mão-de-obra qualificada para o campo mesmo com salários altos...

Abraço,
A Elias
GLAUCO RODRIGUES CARVALHO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 16/09/2010

Prezados Srs. Clemente, Walter e Fabiano, obrigado pelos comentários.

O Clemente mencionou a questão das leis muito bem, mostrando nossa particularidade. Em um levantamento do Banco Mundial sobre leis trabalhistas e clima de investimento o Brasil perde de longe para outros países. Somos o pior avaliado neste aspecto. As reformas que poderia colaborar com isso não são implementadas. Para quem tiver curiosidade, veja a incidência de impostos sobre a folha de pagamento. Mas enfim, o esforço que precisa ser feito frente ao custo Brasil você identificou em sua carta, é aumento de produtividade.

O Walter comentou sobre esse mesmo tema. Inclusive você está correto Walter, com 706 litros não se paga um funcionário. A conta que fizemos foi simplesmente dividir o preço do leite pelo salário mínimo (sem encargos e outros adicionais) e mostrar quantos litros são necessários para 1 SM. Isso foi feito para possibilitar a avaliação no tempo. Nossa idéia foi mostrar como o leite perdeu para a mão de obra em termos de preços relativos, o que também ocorreu frente a outros insumos, como fertilizantes, sementes, ração, combustíveis, etc.

Por fim, Fabiano, seu comentário foi muito oportuno. Na realidade o leite no Brasil é muito diferente das outras atividades agrícolas. Nossa escala de produção é pequena e como sabe, metade das nossas fazendas possuem menos de 20 vacas. Com uma escala de produção tão pequena a contratação de MDO qualificada e os investimentos em automação, necessários para incrementar a produtividade da mão de obra, ficam mais comprometidos. Sobre seu último comentário, sua experiência e vivência certamente irá possibilitar seu ingresso em fazendas aqui. Não sei se pelo mesmo salário, mas pelo menos por um poder de compra do salário parecido. Espero que isso aconteça, pois precisamos de pessoas como você.
GLAUCO RODRIGUES CARVALHO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 16/09/2010

Agradecemos os comentários, que foram todos muito pertinentes e agregadores ao artigo. O objetivo do artigo está sendo atingido, de refletir e discutir sobre esse tema.

Prezados Antônio Elias e Ivo, a questão da escassez e baixa qualificação da MDO está cada vez mais aparente. E como sabem, não é apenas no leite. Temos visto isso em outros setores também (construção civil, por exemplo). Lembro de ler uma notícia sobre a importação de MDO. Vale registrar que a produção de leite tem uma característica muito própria e que a torna diferente da grande maioria das atividades agrícolas. Produzir leite significa acompanhamento contínuo/diário do que ocorre no processo produtivo, pois a produção de leite é intensiva em administração, com decisões sendo tomadas continuamente. Uma forma de melhorar isso é contar com funcionário com nível educacional que permita absorver conhecimento e discernir sobre a melhor condução diante dos problemas da propriedade. Contudo o nível educacional da mão-de-obra usada na atividade é muito baixo em termos de educação formal e treinamento. Muito se discute sobre a baixa qualidade do ensino fundamental nas cidades.. Imaginem como está no campo.
WALTER JARK FLHO

SANTO ANTÔNIO DA PLATINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/09/2010


Marcelo ! Seria possivel passar o valor dos salários relativos a pesquisa da Embrapa? Outra questão : Acho que é impossivel pagar um salário minimo com 706 litros de leite. Isto porque o funcionário na atividade leiteira trabalha sábado , domingos,feriados . Alem disso há os encargos sociais, férias ,13 salario, horas extras. Assim mesmo que em carteira ele receba 1 salário mínimo , na prática ,obrigatóriamente ,recebe mais .
Walter

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