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O capital descobriu o leite

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 22/04/2008

9 MIN DE LEITURA

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A compra dos Laticínios Morrinhos, dona da marca LeitBom, pela GP investimentos, não deixa mais dúvidas: o capital finalmente descobriu o leite. Em meio a uma onda de aquisições protagonizadas pela Laep (Parmalat), Perdigão, Bom Gosto e Líder, nada mais emblemático para representar a "corrida ao leite" do que a investida de um grupo conhecido pela sua habilidade de multiplicar o capital dos negócios em que investe.

Se a tradição e o currículo valerem, a GP tem todas as credenciais possíveis para, junto com Perdigão e, vale apostar, Parmalat, transformar o setor lácteo. Inspirado nas práticas gerenciais do Goldman Sachs, Wal-Mart (Jorge Paulo Lemann, o big boss do GP, era amigo do Sam Walton, o lendário fundador do Wal-Mart) e General Eletric, a GP acabou desenvolvendo uma maneira própria e muito bem sucedida de gerir negócios. A jóia da coroa foi a AmBev, fusão entre a Brahma, comandada pela GP, e a arqui-rival Antarctica. Pouco tempo após a fusão, a AmBev fundiu-se com a cervejaria Belga Interbrew, criando a InBev, maior cervejaria do mundo em volume e que cujo CEO, Carlos Brito, veio da GP, apesar desta ser minoritária na sociedade.

A cultura vencedora da GP vem sempre acompanhada de consolidação nos setores em que atua. Foi assim no setor cervejeiro, foi assim na fusão entre o Submarino e as Americanas.com, resultando na empresa B2W, também comandada pelo grupo. Será assim no leite? É muito provável que sim, daí o fato de que os impactos da aquisição da LeitBom podem ir muito além do que simplesmente a mudança de mãos desse tradicional laticínio goiano, em transação que envolveu R$ 308 milhões. Vale registrar aqui parte da entrevista de Lemman na revista HSM Management de janeiro-fevereiro/2008, comentando a criação da InBev. Lemman diz: "Nós eramos um sapo grande [comentando sobre a AmBev] num mercado bom, mas corríamos o risco de sobrar dentro da consolidação toda que continua a acontecer (...). Nós nos antecipamos apenas, porque entendemos que vivemos num mundo globalizado e que o empresário tem de pensar em termos globais daqui por diante. Sermos jogadores globais importantes aumenta nossa proobabilidade de estar entre os sobreviventes(....). Agora somos obrigados a pensar em China, Índia, coisas com que não nos ocupávamos antes." Não surpreenderá, portanto, se a GP utilizar a LeitBom como ponto de partida para um processo de consolidação no setor, mudando o jogo de forças que, há muitos anos, tem suas cartas marcadas.

A onda de aquisições no setor de lácteos talvez esteja só começando e é resultado de uma série de fatores, entre eles a elevada fragmentação (são mais de 1.600 laticínios com SIF no Brasil), consumo crescente no país e no exterior, fruto do aumento da renda, e disponibilidade de capital para investimento em países emergentes. Em outras palavras, há dinheiro disponível, o mercado é promissor e ainda há muito espaço para ganhos em eficiência administrativa, estratégia financeira e crescimento via fusões e aquisições. O capital farejou essa realidade e o resultado é o que estamos começando a ver.

Para o setor, é logicamente saudável que sejam feitos investimentos, que novas cabeças comecem a pensar sobre os lácteos e novas formas de fazer negócios surjam. Há, no entanto, ameaças para os atuais participantes, talvez confortáveis em suas posições de mercado. Em o Dilema da Inovação, o professor de Harvard Clayton Christensen coloca que raramente líderes de mercado criam uma inovação que tem o poder de tranformar a maneira de fazer negócios. É muito arriscado e o incentivo para fazê-lo é baixo, uma vez que o líder já ocupa posição de destaque; para que mudar um time que está ganhando?

Nesse contexto, surge um concorrente com uma nova proposta de valor, inicialmente incompleta e arriscada, mas que, caso bem sucedida, oferece ganhos reais de eficiência. Quando o líder percebe, já é tarde; aquele concorrente improvável muda para sempre o mercado. A história está cheia de exemplos assim: nenhum empresa que atuava produzindo máquinas de escrever se tornou líder em microcomputadores, por exemplo, e assim por diante.

A onda de investimentos no setor, proveniente de empresas que vieram de outros segmentos, com profissionais que tiveram outras experiências e que, portanto, olham o setor com outros olhos, pode gerar rupturas e ameaçar a posição dos líderes. O que a Perdigão poderá trazer de inovação para o setor de lácteos? A gestão de marcas em queijos, como sabe fazer muito bem com os embutidos? A presença global? Ou o sistema de integração, engrenagem fundamental para a competividade da avicultura e da suinocultura brasileira?

Falando em integração, é impossível não mencionar o projeto da Integralat, vinculada a Laep investimentos, outro fundo que por sinal controla a Parmalat. Discorrer detalhadamente sobre o projeto da Integralat é assunto para um outro artigo, mas vale dizer que, se bem sucedido, a Integralat poderá mudar a gestão da rede de suprimentos de leite no país. Resumidamente, a empresa pretende atuar com pequenos produtores de leite (até 500 litros/dia inicialmente), fornecendo todos os suprimentos exceto a mão-de-obra, que fica por conta do agricultor. A empresa está nesse momento "fazendo" os animais, utilizando transferência de embriões e fertilização in vitro para produzir matrizes de qualidade, que serão repassadas aos produtores. Comprando em grandes volumes, negociará com vantagens medicamentos, rações, sêmen, suprimentos de ordenha, etc., certamente ganhando competitividade. Trabalhando pacotes tecnológicos definidos por região, padronizará a tecnologia e reduzirá a variabilidade de custos de produção, constância de fornecimento e qualidade; ficará mais fácil rastrear o leite. Por esse trabalho, esse pequeno agricultor, que por sinal tem acesso a financiamentos a juros atrativos, representando mais uma fonte de competitividade desse leite, terá, segundo a empresa, uma renda bastante superior ao que possui hoje. Será, enfim, uma espécie de franquia de produção de leite baseada em um produtor que tem sido esquecido pelos laticínios, partindo do princípio de que há muito a se ganhar em eficiência na produção e que a gestão da rede de suprimentos é uma área que vem sendo abordada de forma tímida pelas empresas que atuam no setor. A Laep percebeu que, se conseguir se envolver nesse elo e aplicar seus princípios de gestão às propriedades rurais, poderá capturar uma parcela significativa do valor que, hoje, é perdido. E ainda repassar uma parte ao produtor.

O projeto, portanto, representa na teoria um ganha-ganha: ganha o produtor, que terá sua propriedade valorizada e, principalmente, uma renda bastante superior a que consegue hoje; ganha a empresa, que descobriu, ao menos no papel, uma maneira de reinventar a captação de leite; ganha a sociedade, que fixa o agricultor no campo.

Os desafios? Enormes, sem dúvida. Há a questão cultural e de preparação desses produtores para tocar o projeto da forma que a empresa deseja. Há também a questão biológica: ao envolver agricultura, a variabilidade de solos, de topografia e climática coloca uma incerteza que a avicultura e a suinocultura industriais não conhecem. Por fim, há a questão da padronização: não há, ainda, sistemas de produção definidos para cada região, isto é, um modelo tido como vencedor. A empresa terá de trocar o pneu com o carro andando: ir descobrindo esses modelos à medida que o projeto vai sendo implantado, o que naturalmente embute riscos.

Como colocado antes, não é objetivo desse artigo explorar a fundo todas as questões envolvendo a iniciativa da Integralat, como se é vantajoso para o produtor, no longo prazo, que esse seja o modelo dominante, como ocorre com aves e suínos. O ponto é que se trata de uma inovação considerável, feita por quem chega de fora, olha para o setor sem os vieses criados por quem já está nele há tempos e faz perguntas que os participantes tradicionais, com suas posições de liderança, não precisam fazer. Se vai dar certo ou não, são outros quinhentos. Mas que a Integralat traz novos ares e estimula a pensarmos em novas possibilidades, isso sem dúvida.

Voltando ao início do artigo, tudo isso é resultado do capital ter descoberto o leite. E, essa descoberta traz ameaças ainda maiores para as cooperativas. É sabido que a abertura de mercado realizada em 1991 gerou transformações no cooperativismo brasileiro, com muitas centrais deixando de existir ou perdendo importância. Porém, em linhas gerais, as cooperativas sobreviveram, muitas delas progrediram, outras se recriaram e, no final das contas, mantêm uma participação ainda relevante na captação. Acredito que as mudanças atuais têm o poder de ruptura ainda maior do que aquelas verificadas no início da década de 90. Afinal, a velocidade é maior hoje do que naquela época, o volume de capital investido também e, como diz Lemann, a competição é global. E essa suspeita começa a se materializar: CCL e Coaperiodoce já se foram como indústrias. Outras as seguirão?

"As mudanças atuais têm o poder de ruptura ainda maior do que aquelas verificadas no início da década de 90"

Nesse contexto, é fundamental que as cooperativas comecem a trabalhar juntas e que procurem rapidamente se profissionalizar, pois, como colocou Jacques Gontijo em sua posse como presidente da Itambé, o desafio é muito grande nesse novo ambiente marcado pela competição global e pela investida de grandes grupos, muitos deles de fora do setor lácteo, com bala na agulha, sinergias não presentes no setor e novas maneiras de fazer negócios.

Ainda é tempo de agir. Lembro agora de uma palestra de um consultor que assisti na Inglaterra no ano passado. Em determinado momento, ele disse que cooperativas só se juntam quando estão com sérios problemas, ou seja, postergam ao máximo, até quando não dá mais, qualquer iniciativa que resulte em perda de poder. Muitas vezes, a descisão é tomada quando não dá mais para reverter a situação. Convido o leitor a reler a citação inicial do Jorge Paulo Lemman, da GP, e contraste com o conceito passado pelo consultor.

Analisando o cooperativismo lácteo mundial, parece que essa realidade está mudando. Friesland e Campina, as duas gigantes da Holanda, vão bem e mesmo assim - tudo indica - vão se juntar. Perceberam que a briga será para cachorro grande e, nessa comparação, não são individualmente tão grandes assim.

Há outras formas de trabalhar em união que não a fusão, que sempre soa forte aos ouvidos dos líderes cooperativistas. Uma primeira maneira é não competir e não destruir mutuamente o valor do negócio. Nesse intuito, aprendi uma lição no Congresso Panamericano do Leite, realizado na Costa Rica. Jantando um dia com Don Schriver, ex-CEO da DFA, maior cooperativa de lácteos dos EUA, com Kevin Bellamy, da Global Dairy Platform, e com meu amigo Fábio Chaddad, da Universidade de Missouri, perguntei ao Don se era verdade que a DFA estava exportando a maior parte do seu leite através da Fonterra. Ele disse que sim e eu questionei se não seria arriscado colocar todo esse poder nas mãos da Fonterra, que é a maior exportadora de lácteos do mundo. Ele, calmamente, retrucou: porque temos de competir com eles se podemos trabalhar juntos?

Essa breve conversa sugere que o cooperativismo de lácteos mundial, ou ao menos as empresas líderes, está se preparando para esse novo momento de consolidação e investimentos por que passa o setor. Resta saber se as cooperativas brasileiras também se alinharão a essa realidade. O tempo, suspeito, é curto.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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CLAUDIO ANTONIO CESÁRIO

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SÃO PAULO - DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS (CARNES, LÁCTEOS, CAFÉ)

EM 28/06/2008

Para quem olhar para traz num passado próximo verá que estamos vivendo uma revolução nunca imaginada nesse cenário. Realmente aos grandes só resta investir, pois está mais que comprovado a eficiencia da máquina de produzir leite que é o Brasil. Aos pequenos e regionais grupos familiares e cooperativas que sobrevivweram a anos e a muitos interperes da nossa economia só resta esperar uma proposta que os agrade.
CLAUDEMIR BENTO

ALBUQUERQUE - MATO GROSSO DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/05/2008

A integração pode até atingir a liderança nos lácteos, mas para o produtor em nada resolve. Pois hoje o integrado nada mais faz que comprar um emprego para ser pago a perder de vista com financiamentos do Banco do Brasil via Governo Federal, uma vez que o mesmo fica preso e dependendo do Laticínios para o resto da vida.

A exigências que se faz ao Integrado a exemplo do que acontece com os produtores de frango e porco é tremenda, a remuneração é péssima. Não há transparência na formação do preço ao produtor por parte da Integradora. Nunca é considerado na formação da remuneração a depreciação dos equipamentos e instalações.
CARLOS AUGUSTO BONILLA DE ARAUJO

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/05/2008

Marcelo,

Como no frango e no suíno, a integração é o caminho para atingirmos liderança em lácteos. O mercado americano deu um passo na direção do milho etanol - mais amilo pectina e mais amilose - para maior sacarificação uma vez processado para etanol, não permite que o DDG tenha o mesmo valor nutritivo que o milho original. Para retornar ao valor original esse DDG precisa ser reconstituído. Isso simplesmente torna a conversão protéica de vegetal para animal muito mais cara lá. No suíno saiu de US$ 0,35 para US$ 0,65 por libra peso.

Temos sim uma oportunidade de ouro. Naturalmente já somos mais competitivos, assim se utilizarmos a mesma tecnologia, genética e manejo seremos logo logo o maior <i>player</i> deste jogo. Teu editorial é síntese completa do momento e do futuro.
OZIMAR MIRANDA RÊGO

SÃO LUÍS - MARANHÃO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/05/2008

Amigo José C. Vieira,

Seu comentário foi excelente e competente. Vale ressaltar, que as políticas para o setor ainda estão longe do ideal, os governantes, com raras exceções, não se preocupam em instruir ou ensinar ao pequeno produtor, pelo menos o básico sobre gestão, os integrantes do sistema integrado têm que aprender por conta própria, e às vezes ficando à mercê dos mais sabidos. Mas um dia chegaremos lá, não se sabe quando. Ao amigo Nestor Luiz Breda. Com relação ao esterco produzido, este pode ser aproveitado em biodigestores e ou depois de trabalhado voltar aos pastos em forma de adubação.

Grato pelas informações e até breve.
GUILHERME AUGUSTO VIEIRA

SALVADOR - BAHIA - PESQUISA/ENSINO

EM 03/05/2008

Marcelo,

Fantástico e bem analítico o seu artigo. Sempre defendi em minhas aulas um sistema de produção envolvendo a integração agropecuária na produção leiteira. Os laticínios que conheço que implantaram tal modelo apresentam um grau de fidelidade excelente entre seus produtores e agroindústria. Também foi oportuna sua análise a respeito da ´ letargia´ em que vivem as empresas líderes de mercado não investindo em inovação. Por fim a questão do cooperativismo, no qual o brasileiro tem que adquirir a mentalidade associativista, senão não sobreviverá nos mercados competitivos, haja visto os exemplos citados pelo autor onde os grandes se juntam para competir. Parabéns.
NESTOR LUIZ BREDA

SÃO MIGUEL DO OESTE - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 01/05/2008

Caro Marcelo,

Parabéns pelo artigo. Um excelente assunto para debate no meio acadêmico e de muitos seminários com produtores, técnicos, indústria e lideranças políticas. Um artigo que faz surgir inúmeras perguntas e com possibilidades de muitas respostas. O artigo coloca uma inovação organizacional na coordenação dos negócios do leite. Em Santa Catarina é bem conhecido o sistema de integração de suínos e aves. Tem lá as suas vantagens e desvantagens que não foi objetivo do artigo.

Apenas desejo fazer alguns questionamentos a respeito da forma de organização dos negócios por meio da coordenação do capital financeiro principalmente quando vem de fora. O interesse dos Fundos de Investimentos (capital financeiro) é obter lucros. Será que o capital financeiro tem interesse no desenvolvimento harmonioso de uma bacia leiteira inserida em uma determinada região? Quem vai pagar a conta pela exclusão dos agricultores familiares que produzem leite em escala menor devido a limitação de recursos naturais (terra) para ampliar a produção. O estado de Santa Catarina é o sexto produtor de leite e a maioria do leite é produzido em volume de até 100 litros diários. Um sistema integrado, como proposto poderá maximizar o uso da terra com a aquisição de alimentos volumosos fora da propriedade produtora de leite, gerando assim grande volume de dejetos (urina e esterco) com conseqüências ambientais já conhecidas. Será que vamos seguir a mesma trajetória da produção de suínos?

Salienta-se que Santa Catarina, já teve mais de 65.000 suinocultores que forneciam suínos para a indústria. Atualmente, com o sistema integrado são em torno de 10.000 suinocultores que fornecem suínos á industria. Os que ficaram no sistema integrado estão sendo mais eficientes. Com certeza sim. Mas a pergunta fica: Quem ficou com o resultado da eficiência? Quem está pagando o passivo ambiental? As conseqüências sociais? Quem paga a conta do capital fixo abandonado? São perguntas que necessitam respostas.

Quanto ao jogo do ganha-ganha no sistema integrado necessita de respostas se ele realmente se reflete na prática. Para se ter o ganha-ganha, se torna necessário dividir os resultados obtidos pela eficiência da coordenação e da tecnologia. No momento que o capital capta uma "parcela significativa" dos ganhos significa que há diferenças nos ganhos entre os atores. No mundo real dos negócios, ganha mais quem tem mais informações tecnológicas e das técnicas organizacionais. No caso do agricultor produtor de leite integrado quem vai ter mais informações? As informações serão de interesse de quem? Ao produtor ou de quem investiu no negócio?

Outras perguntas podem ser feitas.
JOSE C.VIEIRA

IÇARA - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/04/2008

Caro Marcelo,

A matéria é fantástica. Abre comentários para vários caminhos, alguns já conhecidos (sistemas atuais de produção de leite) e outros não percorridos (sistema integrado de produção de leite). Parece que o novo sistema apresentado neste artigo foi visto como a salvação dos pequenos e médios produtores, pelo fato de estarem se servindo de beneficios que somente os grandes tem acesso (tecnologias, concentrados, matrizes de alto padrão com custos menores).

Se os investidores vão "trocar os pneus do carro andando" para implantar o sistemas,advinha quem será a "chave de rodas e o macaco", os produtores. Escrevo isto porque todos nós produtores sabemos que "nem tudo que brilha é ouro". Conheço alguns avicultores e suinocultores, e quem pensa que eles são eternamente felizes por ser integrado a uma empresa, está completamente enganado .

Sugiro que visitem e procurem saber mais sobre a integração de aves e suínos com quem produz, para ver de perto os pontos negativos deste sistema. As empresas que integram, pintam o quadro mais lindo como pano de fundo do espetáculo para impressionar quem olha. Penso que se o caminho para ganhar é a integração, que seja analisado muito antes de assinar os contratos que regulamentaram isso.

Porque poderemos estar dando a empresa integradora todos os direitos legais para agir sobre nossas ações, ou seja, não teremos mais o domínio sobre nossos rebanhos e nas demais ações concernente a cadeia produtiva . Seria interessante saber das instituições como Embrapa e outras que apóiam o setor lácteo a opinarem sobre este assunto.
EDUARDO LUIZ ALVES RAMOS

UNAÍ - MINAS GERAIS

EM 29/04/2008

Marcelo, parabéns pelo artigo.

Acredito que a formação de uma rede de cooperativas integradas e devidamente articuladas, possuindo objetivos e metas comuns seja a saída para o cooperativismo brasileiro no setor lácteo, uma vez que a entrada de novos "jogadores" nesse mercado representa diretamente uma grande ameaça às cooperativas desse setor.

Acredito também que isso só será possível, quando as cooperativas estiverem a "beira de um colapso mercadológico" para aí sim, sentirem a necessidade de trabalharem juntas, sendo assim mais competitivas.
ANTONIO ARINILO MACENA MAIA

FORTALEZA - CEARÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 28/04/2008

Caro Marcelo,

Parabéns pelo artigo. Temos que entender esta integração nos Estados do Nordeste considerando a sazonalidade, custos da produção, diversidade de alimento volumoso?
OSMAR U. CARVALHO

TEÓFILO OTONI - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/04/2008

Dr. Marcelo Pereira de Carvalho,

Dei para o seu artigo a nota máxima, pela objetividade em apresentar algo novo para a classe "leiteira", a descoberta do nosso valor pelo capital. Empresários de outras áreas querem atuar no segmento leiteiro desde produção, industrialização, comercialização do leite. Nós produtores não estávamos despertados para essa realidade. O seu artigo claro e abrangente deve ser conhecido e estudado pelos empresários deste setor, propiciando o conhecimento desta realidade, para tomadas de posições e atitudes futuras.

Osmar Urbano de Carvalho
RENATO CALIXTO SALIBA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/04/2008

Excelente o artigo, onde as grandes empresas estão mudando a sua maneira de encarar o mercado, uma vez que estejão pensando muito além desse momento favorável que o agronegócio brasileiro vem passando, em especial o setor leiteiro.

Primeiro estão respeitando os pequenos produtores e investindo neles para que possam em pouco tempo, seja através de financiamento a juros baratos pelo governo ou fornecendo matrizes muito melhores, seja através de transferência de tecnologia, fazendo com que os pequenos produtores bem treinados e com animais mais eficientes e pastagens que não sejam degradadas preservem o meio ambiente, e com isso produzindo leite de excelente qualidade, pagando um preço justo aos pequenos produtores, fidelizando-os e no futuro, fazendo com que os mesmos se tornem médios e quem sabe grandes produtores de leite.

Acredito que essas empresas que nunca investiram em leite e/ou no agronegócio, estão vendo uma oportunidade fantástica, uma vez que a partir de 2013 existe a possibilidade de terminar ou diminiur significativamente os subsidios dos paises europeus e como o nosso país tem condições verdadeiras de crescer, porque temos água em abundância, terras férteis, sol, tecnologia (seja através da emater, embrapa, universidades e demais instituições que existe no nosso país), temos que estar muito bem preparados e acho que é isso que esses grandes empresários estão fazendo, investindo onde sabem que num futuro bem próximo o agronegócio brasileiro trará um excelente resultado, uma vez que o lucro é o obejtivo de qualquer negócio.
MARIUS CORNÉLIS BRONKHORST

ARAPOTI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/04/2008

Marcelo Parabéns,

Quanto a integração do setor leite, muito se fala e discute, mas continuo ressaltando que o maior entrave será e é a produção de volumoso. Quanto as cooperativas e fusões isto é complicado, já presenciei tentativas de fusões e frustrações a respeito. Mas antes de fusões terá que haver a profissionalização.
ADILSON DA MATTA ANDRADE

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 27/04/2008

Marcelo,

Parabéns ao colega pelo excelente artigo, nós do campo estamos sentindo na carne a mudança que já chegou, mas os produtores relutam em aceitá-la.

Trabalho já a uma década com compra conjunta com os produtores que assisto e sabemos muito bem a grande vantagem que isto significa para a sobrevivência na atividade, principalmente com uma compra técnica (produtos sérios e realmente necessários) e não uma compra do que esta na "moda".

A integração será de agora para frente muito debatida, mas o caminho do aprendizado é duro, poucos sabem como trilha-lo, a começar pelo modelo de produção a ser multiplicado. Tenho para mim que o melhor modelo é o "eficiente", pois temos exemplos de casos de sucesso em pecuária leiteira como; Agrindus S.A. com confinamento total de gado leiteiro holandês puro, com silagem de milho como volumoso, Antonio Carlos Pereira que tem uma grande base volumosa em silagem de capim e gado holandês em confinamento não total, Maurício Coelho com rebanho girolando e grande parte da base volumosa baseada em cana e rotacional, e outros milhares casos de sucesso que com certeza absoluta o que há em comum entre eles é a "eficeência".

Se tivermos na mão um capital e copiarmos qualquer um dos modelos comentados e formos eficientes teremos sucesso, mas o grande desafio é ter conhecimento para pegarmos fazendas descapitalizadas com rebanhos sucateados e mão-de-obra viciada devido a década de desestímulo e torná-la viável, aí sim, vejo o quadro de trocar pneu com o carro andando, talvez a integração os salve, ou os quebrem, mas qualquer uma das saídas seria bem vinda, pois significa saída do sufoco.

Abraços
Adilson da Matta Andrade
CRMV MG 2451- CRMV RJ 7550s
PRODUZA Ltda.

RONALDO LUÍS PAGLIARINI

TEUTÔNIA - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 26/04/2008

Essa descoberta do leite pelo capital contribui muito para aquecer o mercado e consequentemente trazer benefícios para nós produtores (sou filho de produtor) por forçar a profissionalização mais rápida de cooperativas e produtores, além de exigir a atualização dos profissionais envolvidos na cadeia produtiva.

Quanto aos produtores não dá mais para aceitar que se chegue nas propriedades e, em muitas delas, não se encontre uma maneira eficiente de controle de custos e uma busca constante por melhorias e informações atualizadas e confiáveis sobre novas descobertas e tendências do sistema produtivo como um todo.

É necessário dar condições aos produtores para que atinjam o nível de profissionalização dos setores de aves e suínos. Só através de assintência técnica qualificada e contínua se consegue isso. Isso é um alerta que está exposto há muito para técnicos, para cooperativas e empresas do setor e muitos ainda não compreenderam.
PAULO FERNANDO ANDRADE CORREA DA SILVA

VALENÇA - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/04/2008

Marcelo,

O artigo é longo e o assunto complexo e fascinante. Me detenho na ameaça aos atuais compradores de leite diretamente aos produtores: a mudança parece já ter chegado! Na análise atual do mercado, feita pelo Milkpoint, foi mencionada uma pressão de demanda além do que poderia sugerir o alto nível de oferta atual.

Parece, neste caso, que já existe uma nova ordem que, de alguma forma já está tumultuando, no bom sentido, o marasmo que a cadeia produtiva do leite sempre viveu.

Parabéns mais uma vez pelo brilhantismo da análise.

Paulo Fernando. APLISI.

CLEBER MEDEIROS BARRETO

UMIRIM - CEARÁ

EM 25/04/2008

Excelente artigo!

Estivemos em 2004 no Rio Grande do Sul, onde na oportunidade conhecemos a cooperativa Santa Clara em Carlos Barbosa no RS. Foi nessa ocasião que vimos de perto um exemplo de resistência de um mercado local ao grande capital (Elegê). Do ponto de vista macro-econômico é simples de entender as grandes fusões e aquisições. A questão é: Essa tendência traduzida para a cadeia produtiva do leite trará, quanto e quando, benefício direto para o segmento da produção?

Acreditamos que num breve espaço de tempo (20 anos aproximadamente), independente, dessas possíveis mudanças estruturais, teremos uma redução no número de produtores em nosso país. Não que esses produtores tenham sido obrigados pelo sistema a deixar o ramo e sim pelo que alguns pensam em relação ao eterno general Fidel e Cuba... "Somente uma catástrofe natural (a feliz morte por envelhecimento)".

Mais uma vez parabéns ao Marcelo e o nosso muito obrigado.
WOLBER GARRO

CONTAGEM - MINAS GERAIS - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 24/04/2008

Parabéns Marcelo Carvalho pela matéria, o mais interessante de tudo isto que está acontecendo é a forma como se descobriu o ganha ganha, ou seja, a parceria quando é sadia todos conseguem visualizar uma luz no fim do túnel, fica bom para o produtor, para as empresas e para os consumidores, que passam a disfrutar de produtos com mais qualidade e preço justo.

Um abraço.

Wolber Garro.
SAMUELSON OLIVEIRA CÔRTES

SALVADOR - BAHIA

EM 23/04/2008

Prezado Senhor Marcelo Pereira de Carvalho:

Parabéns pelo artigo "O capital descobriu o leite", ele é muito interessate. Entretanto tenho interesse em saber sua opinião sobre o assunto abordado no artigo, mais, com relação aos demais Estados do Norte e do Nordeste. Qual seu prognóstico para estas regiões?

Saudações cordiais,
Samuelson Oliveira Côrtes.
Bacharel em Administração com Agronegócios
Técnico em Agropecuária
RICARDO DANGELO ANDRADE REIS

SÃO JOÃO DEL REI - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 22/04/2008

É interessante o fato observado pelo articulista. Esperava-se que, após o baque sofrido no segundo semestre do ano passado com a denúncia do leite fraudado, o mercado fosse encolher. O que está acontecendo na verdade é o aquecimento dos negócios envolvendo indústrias de laticínios.

As pequenas/médias indústrias não estão dando conta da concorrência das grandes, que conseguem capitar o leite longe de sua origem, tirando destas mesmas indústrias pequenas e médias o seu sustento. Para isso, temos um ditado perfeito: se você não pode com o inimigo, una-se a ele.

Por outro lado, as empresas que adquiriram outras não têm brigas internas pelo poder, ao contrário das Cooperativas, onde a briga política as levou à bancarrota. Desta forma, a tendência é ela se estabelecerem cada vez mais neste nicho do mercado.
JOABE JOBSON DE OLIVEIRA PIMENTEL

TEIXEIRA DE FREITAS - BAHIA

EM 22/04/2008

Sr. Marcelo,

Parabéns pelo artigo esclarecedor. Estamos percebendo que grandes mudanças ocorrerão em breve. Só espero que o produtor de leite tenha uma melhor participação nos extraordinários ganhos que o setor vem tendo.

Atenciosamente,

Jóbson.

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